quinta-feira, 22 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
Dois pesos e duas medidas
Factos: A Câmara Municipal de Lisboa mandou retirar a faixa do Marquês de Pombal que informava os lisboetas que aquele espaço se encontra reservado para um evento; A mesma Câmara de Lisboa faz obras de recuperação e melhoramento no Terreiro do Paço para outro evento que deverá ocorrer uma ou duas semanas após o evento anterior. Conclusão: Isto são claramente dois pesos e duas medias para dois acontecimentos que visam receber milhares de fiéis e celebrar a sua fé. No Cais existirão velas, no Marquês teremos very lights, no Cais haverá orações a uma só voz, no Marquês haverá cânticos, no Cais haverá imagens do menino Jesus, no Marquês estará o mister, mas na essência é a mesma coisa. Considerações: Critico no entanto a faixa por ser irrealista. Era necessário incluir para além do Marquês, a Avenida da Liberdade, o Rossio, a Fontes Pereira de Melo, toda a área metropolitana de Lisboa e ainda Portugal Continental em geral, os Açores, a Madeira, os Palops e os portugueses da França.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
O senhor Mário do café
Há muitos anos atrás, no período de trevas hoteleiras que antecedeu a chegada da ASAE, tempos em que milhares e milhares de portugueses morriam diariamente por terem bebido uma ginginha em cálice de vidro ou comido um pastel de bacalhau cozinhado com uma colher de pau, o senhor Mário era um tasqueiro. Hoje é um empresário do ramo hoteleiro, tal com a contínua é auxiliar de acção educativa, os “almeidas” são técnicos de higiene urbana e a bica é Nespresso. O senhor Mário é o proprietário do café onde diariamente administro a minha dose individual de cafeína. O senhor Mário é benfiquista dos quatro costados.
Há três anos, quando me mudei para a rua do senhor Mário e comecei a frequentar o seu establecimento, ainda ensaiei a rábula que faço sempre com os taxistas: fingir que sou benfiquista. Entrava no café, sentava-me ao balcão e recebia com um sorriso o tradicional “bom dia amigo! Mais um diazinho, não é?”. Enquanto ele me trazia a bica, o Record, A Bola e o 24 Horas perguntava “então e o nosso Benfica!? Aquilo tá mal, hein?”. Depois era ficar ali e deleitar-me com o rol de queixumes e desculpas para a miséria quase sportinguista que então se vivia para as bandas da Luz. Ocorre é que, apesar de benfiquista, o senhor Mário não é parvo e começou a estranhar que eu abrisse o desportivo e fosse directo às páginas verdes. “O amigo anda a mangar comigo, não anda?”, perguntou-me um dia. Não neguei, ainda nos rimos com aquilo, continuámos amigos e mais importante ainda, o café continuou a €0,55. Também ainda não calhou andarmos à pedrada, apesar da pedrada que dá o bagacinho “lá da terra” que esconde com os cuidados de um espião britânico residente em Nuremberga em 1942.
O senhor Mário sofre com o Benfica. E quando digo “sofre” é porque sofre mesmo. Sofre de tal maneira que na semana passada sofreu um AVC minutos depois da sua equipa ser goleada pelo Liverpool para a “Ligórópa”. Felizmente a patroa acudiu-o a tempo e conseguiu-se evitar o pior. Foi internado em São José. A consternação lá na rua foi total. Nestes dias não se falou de outra coisa. Ninguém sabia ao certo como estava o senhor Mário, quais as consequências do AVC ou sequer quando teria alta.
Hoje de manhã, qual é o meu espanto quando vejo as portas do café abertas. Entro e eis o senhor Mário atrás do balcão, são como um pêro. Mal me vê, bica, Record, A Bola e o 24 Horas para cima do balcão, acompanhados do tradicional mantra “bom dia amigo! Mais um diazinho, não é?”, que de repente ganha todo um novo significado. Agora, “mais um diazinho” para o senhor Mário já não é um castigo a servir bicas, penaltes e aturar lagartos. É um bónus.
Por culpa de uma derrota do seu Benfica, o senhor Mário quase se finava. Ontem bastaram dois golos para arrancar os tubos, assinar o termo de responsabilidade e voltar a casa e ao trabalho.
O Benfica quase o matou. O Benfica o salvou. E hoje o café foi de borla.
A minha manhã foi menos má.
O que se passou foi isto
Ora vejamos se conseguimos aqui dissecar o que se passou ontem no estádio da luz: num jogo onde o Sporting não acertou uma única vez no rectângulo branco (vulgo, baliza) razão pela qual Quim foi obrigado a atirar-se para o chão para agarrar uma bola que ia bater no painel publicitário, só para dizer que fez uma defesa e no jogo onde todo o plantel leonino deverá ter dito ao intervalo a Carvalhal “Mister posso sair mais cedo? É que está muito frio e para além disso está quase a começar o 11º episódio do Lost na Fox!” ao qual ele respondeu “Eh pá! Esqueci-me de deixar a gravar isso... ó Costinha, no fim vais tu à Conferência de Imprensa, está bem?”, o que justifica não ter existido adversário em campo no segundo tempo... neste mesmo jogo o que o Sporting Clube de Portugal tem a dizer é “fomos roubados”!!!! É isto?
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Dieta
A imprensa é lixada. Desde a final da Figueira da Foz que sou um adepto desassossegado por causa da tinta que corre nos jornais desportivos. Não só, tive que deitar várias vezes a mão, durante o jogo, à bomba da asma da minha sogra como no dia seguinte decidi cortar as carnes vermelhas, os enchidos e os fritos da minha alimentação quando li as declarações de Jesus a propósito da semana europeia “estou preocupado com o cansaço da minha equipa”. Ora se o homem que em confiança é capaz de fazer corar José Mourinho afirma que a equipa está cansada, é porque os jogadores estão de rastos e consequentemente eu estou à beira de ver umas quantas veias entupirem. Como se o cenário não estivesse já negro o suficiente, outro desportivo anuncia hoje na sua capa as palavras do capitão “temos que saber sofrer”. Mais? Eu já ando com o 112 pré marcado no meu telemóvel há dois dias e ainda me falam em sofrer. Felizmente, um outro jornal apresenta-me as palavras apaziguadoras “vamos ganhar”. Quem o diz é Elena Gomez e uma coisa é certa: ela sabe mais do balneário que qualquer um de nós. Mas pelo sim, pelo não, hoje só bebo descafeinados.