Não era necessária a jornada de ontem para eu ter uma certeza: o país não está a andar para trás. O que o país está é num velocíssimo sprint em marcha-atrás ao melhor estilo Obikweliano. Ora vejamos, o Benfica inicia o jogo com um golão à Eusébio. O Cebola fez-me vir as lágrimas aos olhos com aquele tiro, e chorar compulsivamente quando me apercebo que nem ele, nem o Léo vão renovar. Verdade seja feita a LFV, a decisão de não prolongar o contrato com estes dois atletas é de uma coerência invulgar. Não há dúvidas que o talento, o querer, a garra, a mística e a empatia destes dois jogadores com o público, é o oposto à recente política de contratações do SLB. Faz pois bem o Sr. LFV em não renovar com Rodriguez e Léo, são bons demais para um Benfica que, segundo o presidente, nos últimos anos fez um grande erro: “Foi mau termos sido campeões recentemente”. Reconheço que foi mau, muito mau. O meu fígado que o diga.
Para além do golo à Eusébio, registo para Cardozo que cumpriu a promessa de marcar 20 golos esta época. Homens de palavra estão cada vez mais em desuso no nosso país, em especial no futebol. Mas nem só de futebol se viveu ontem na Catedral. Depois de Amália, Maria João Pires e Mariza, o povo tem um novo herói nacional na música: o Maestro Rui Costa. Aos 36 anos este é um dos maiores talentos do baile-futebolístico, sendo que é já considerado o maior Maestro de todos os tempos, à frente de nomes como Herbert Von Karajan, Leonard Bernstein e Valery Gergiev. Infelizmente daqui a 3 meses, vamos todos ouvir a estreia do Requiem do Maestro, o que só de pensar já mete dó.
O SCP também voltou às vitórias fora de casa, algo que já não acontecia há muito, muito tempo. Liedson até marcou dois golos, algo que não acontecia há uns aninhos. Senti o mundo a recuar tanto que até o Veloso e Djaló facturaram. Não há registo dos dois amiguinhos marcarem golo desde o Mundialito de 1988 disputado em Albufeira. Para nos lembrarmos duma vitória tão expressiva (1ª vez na era P. Bento que o SCP marca 4 golos fora), não sintonize a RTP Memória. Como se sabe, nos tempos em que os Leões sabiam jogar à bola ainda não havia televisão. É por isso que a melhor equipa da sua história se chama 5 violinos e para os verem jogar, os adeptos tinham de sintonizar a Antena 2.
Também o FCP me fez recuar uns anos. Vi alguns foras-de-jogo tirados ao Belenenses que fizeram lembrar a saudosa família Calheiros que se notabilizou na arbitragem e a descascar fruta com as mãos. Depois de dois ou três “dragões de ouro”, os gémeos e o mano retiraram-se para se dedicarem em exclusivo ao negócio da família, as pinturas rupestres de Foz Côa. Aquele penalti ao cair do pano, fez-me lembrar a década de 90 onde isto acontecia praticamente todas as jornadas. O Sr. Apito da Costa como é velhote parece já se esqueceu, mas eu sou mais novinho e durante uns anos vai ser difícil mandar-me areia para os olhos. Sobretudo porque essa areia já andou nos olhos da maioria dos árbitros portugueses, e a minha memoria diz-me que essa gente é muito suja.
Os penaltis do Restelo e o da Luz fizeram-me lembrar tempos ainda mais remotos. Fizeram-me lembrar o Império Romano, quando os dirigentes corruptos ainda iam parar à prisão. Para quem não sabe, quando os romanos chegaram ao Porto disseram ao povo: “Nós também temos um clube muito parecido lá em Itália. O equipamento também é listado e os mafiosos dos dirigentes também compram árbitros, chama-se Juventus. Felizmente que não foi preciso uma alternadeira e uma juíza, para limparmos essa escumalha. É a vantagem de sermos um país de Homens. Já agora, o que é o jantar?”.
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