Eu tenho um ritual a cada época futebolística que se inicia: primeiro e mais importante que tudo, sentar-me no meu lugar no estádio e aguardar ansiosamente que chegue a família que se senta na fila de trás. Enquanto isso faço figas para que o patriarca tenha sucumbido às mãos do H1N1, de uma entrada do Javi Garcia ou até mesmo de uma congestão depois de uma almoçarada na Cova do Vapor (aka Cova do Pavor). Qualquer coisa, até um choque em cadeia na A1 serviria os meus infames propósitos. Desculpem-me, mas o tipo é realmente insuportável e a ideia de ter que aturá-lo por mais 15 anos é tão dolorosa e traumatizante como a ideia de aturar o Paulo Bento mais uma jornada.
Em segundo lugar, tenho que encontrar um ódio de estimação. Se estiverem de férias ou em greve de zelo em sinal de protesto por não estarem de férias, leiam aqui este velho post, onde vem tudo muito bem explicadinho acerca deste tema.
Ora, confiando que Bento não fica lá muito tempo (para tal já gastei cerca de 341€ em desejos na fonte do Rossio), há que escolher um jogador. Confesso que numa ou outra época a tarefa foi-me dificultada ao máximo, tendo que esperar até 8 ou 9 jornadas até encontrar o meu Tello de estimação.
Mas este ano a coisa está fácil demais. Anda para lá um rapaz ansioso por se mostrar e garantir a vaga. Quem? Abel, pois claro.
Abel provém de uma longa linhagem de defesas-direitos obtusos que durante épocas correram meia-parte ali mesmo em frente ao meu lugar. Assim de cabeça lembro-me do marroquino Saber (o tal que não ocupa lugar), que nunca na sua infeliz existência conseguiu centrar uma bola decentemente. Recordo-me sem saudade de César Prates, rapaz de sorriso franco, um atleta que corria desalmadamente e pouco mais. De Luís Filipe recuso-me falar, não vá o Jorge Jesus estar a ler isto. E aos tempos do João Luís I (ou seria o II?) nem vale a pena recuar, pois a maioria dos leitores desta casa nasceu no pós Mundial 82.
Abel tem a extraordinária capacidade de me fazer acreditar que poderia ter sido futebolista profissional. E atenção que fui dado como inapto na inspecção militar por ter nascido com o pé direito virado para trás. Abel fala bem, mas joga muito mal. Pensa mal, passa mal, centra mal, tabela mal, remata mal e defende mal. Abel é um def na verdadeira acepção da palavra. E não estou a falar de defesa. Este ano vai ter que me aturar.
Um Panegírico da Argentina
Há um ano
8 comentários:
Eu conheço o Sr.Patriarca da fila de trás (diarréia verbal).
"Enquanto isso faço figas para que o patriarca tenha sucumbido às mãos do H1N1, de uma entrada do Javi Garcia ou até mesmo de uma congestão depois de uma almoçarada na Cova do Vapor (aka Cova do Pavor). Qualquer coisa, até um choque em cadeia na A1 serviria os meus infames propósitos."
Ou isso ou despenhar-se na avioneta que alugou. Está na moda por estes dias.
Ai o que me ri a ler isto!
è verdade 7! O Abel é mau demais para ser verdade. Ainda hoje estou para saber como marcou um golo em Old Trafford!!
Também o Beto marcou ao ManUtd.
O Beto louro, claro.
Afinal temos dois def direitos. Abel e Pedro Silva.
É impressão minha ou o Abel não era "comido" como o Pedro Silva foi no 1º golo?
Impressão tua JNF, impressão tua.
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