sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Carvalhal: o Drake explica-te

A 28 de Maio de 1588 zarpou de Lisboa uma frota com 130 barcos, 8 mil marinheiros e 18 mil soldados. Tão temível e atemorizadora força foi apelidada na altura de La Grande y Felicissima Armada, conhecida hoje como A Invencível Armada. Objectivo? Destruír a frota britânica que guardava o Canal da Mancha, acabar com a actividade saqueadora de Sir Francis Drake, escoltar a Londres o exército do Duque de Parma e assistir ao vivo ao Arsenal x West Ham a contar para a Premiership 1587-1588. Se sobrasse tempo, bebiam-se uns pints e violavam-se umas bifas.
Cegos e transbordantes de confiança, em boa parte devido a meses e meses de boa imprensa e odes cantadas pelos menestreis, trovadores, bardos e Goberns do reino, os espanhois pensaram que aquilo ia ser uma brincadeira de crianças (não confundir com as brincadeiras de Chalana com crianças).
Puro engano.
O astuto Drake aguardou pacientemente e à aproximação dos ibéricos, lançou-lhes quatro velhas naus em chamas, que rapidamente causaram o afundamento de metade do plantel castelhano e a dispersão do restante grupo de trabalho. Reza a lenda que depois deste triunfo foi beber uns canecos com a rapaziada tendo acabado a noite mergulhado nas carnes da Rainha. A fuga dos espanhois teve de ser feita contornando as costas da Irlanda e Escócia onde tempestades e whisky martelado trataram de acabar com a pouca moral restante.
Convém fazer aqui um compasso de espera e alertar o leitor incauto que aqui veio parar através de um motor de busca, que isto não é o blogue do Professor Hermano Saraiva, mas antes uma casa de má fama onde se discute o fenómeno futebolístico (e o fenómeno do Entroncamento quando é caso disso).
Toda esta conversa de encher chouriços a propósito do derby de amanhã. Quem leia a imprensa desportiva destes últimos dias, já sabe que um Sporting débil, fraco, baixo, sem automatismos, sem fio de jogo e de rastos espera pacientemente a hora da degola às mãos de um triunfante, brilhante, maravilhante, exultante e excitante Benfica, actualmente a praticar o melhor futebol de Paio Pires à Galáxia de Andrómeda e onde jogam os maiores artistas que jamais pisaram relvados em Portugal. A frota remediada de Carvalhal espera pela Grande y Felicissima Armada de Jesus.
Talvez sim. Ou talvez não.
Se a coisa ficar complicada, recomendo ao nóvel treinador do meu clube que regue com gasolina o Abel, o Grimi, o Caicedo e o Polga, chegando-lhes lume e lançando-os de seguida para o meio da lampionagem. Se funcionou com o Drake pode funcionar connosco.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Calendário

Na antevisão do jogo com o Guimarães, o mister disse que Moreira ia ser o guarda-redes, mas avisou que se tratava apenas de um período que iria terminar. Confirma-se. Moreira não joga mais para a taça. Resta-nos dar os parabéns ao adversário e esperar que este resultado que ditou o afastamento da competição e consequentemente o primeiro objectivo da época por terra, não deixe marcas na nossa equipa. Felizmente, antes do grande derby vamos jogar com o 8º, com o 16º e com o 13º da liga, o que ajuda sempre para dar moral à equipa. É a “chamada” sorte no calendário.

Espinha na garganta

Ou, citando o seu Presidente Vieira, "a boca morre pelo peixe".


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Escutas no Visconde de Alvalade

Sábado, 14 de Novembro
Edifício Visconde de Alvalade 15h52

Sá Pinto sobe esbaforido as escadas que levam ao piso da Presidência (o elevador está parado até que haja arame para pagar a manutenção).
"Presidente, Presidente! O Villas-Boas roeu a corda!", grita o Sá
"Paciência...e a Mónica Sintra, o que é que disse?", pergunta José Eduardo Bettencourt sem tirar os olhos do FarmVille
"Q...quem?...ó Presidente, continuamos sem treinador...", insiste um atónito Sá Pinto
"...tchiii...raisparta...esqueci-me de colher as cenouras... Tens o telefone do Marco Horácio?", continua JEB
"Quem, o treinador do Jarandicirú, da 4ª divisão do Estado do Maranhão?"
"Não, pá. O comediante" insiste JEB
"Mas...mas...o Marco Horácio tem o Curso de 4º Nível de treinador!?"
"Não pôrra. Mas o Bento também não tinha. Liga-me mas é à Elsa Gervásio e à Isabel Figueira e pergunta se estão disponíveis", continua o alienado JEB.

O telefone de Sá Pinto toca. Segundos depois, Sá tapa o bucal e dirige-se a JEB.

"Presidente, tenho aqui o Carlos Carvalhal ao telefone. Pergunta se..."
"Diz-lhe que sim. Assina amanhã. E já agora pergunta-lhe lá se tem o telefone do Aldo Lima".


Este diálogo é ficção, mas podia bem ser realidade. Dá-me ideia que a direcção do meu clube anda demasiado entretida a organizar touradas e outras palhaçadas.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pega de Caras

Dizem os ganadeiros que pegar de caras consiste em dar vantagens ao touro. Desde que tomou posse, José Eduardo Bettencourt só deu vantagens. Deu vantagens ao Benfica, ao Porto e a metade das equipas da Liga Sagres. De tal maneira que Paulo Bento foi embora e Bettencourt viu-se sozinho na arena de frente para o touro e sem tábuas para se esconder. De mãos na cintura, parou, encarou o touro e anunciou que o perfil do novo treinador estava definido, que conhecia muito bem o Sporting e que ia surpreender toda agente. De seguida alegrou a arena com nomes que encheram as páginas dos jornais. E por fim consumou a pega ao anunciar Carlos Carvalhal. Mas estranhamente não se ouviu nenhum “olé” da afición. Parte dos adeptos preferiam Villas-Boas. O treinador que foi olheiro de Mourinho. Outros preferiam Cajuda, o treinador com quem Mourinho bebeu uma vez café. Sabe-se que na lista estava ainda o treinador que Mourinho viu ao longe na praia dos Tomates, o treinador pessoal da esposa de Mourinho e o treinador que Mourinho nunca ouviu falar. Com tanta escolha foi logo ficar o treinador que Mourinho indicou um dia por motivos que não sabe explicar muito bem até porque também já não se lembra.


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

André "tipo-Serra"

País historicamente pobre e de escassos recursos, excepção feita à época em que do Brasil trazíamos mais do que Givanildos, Portugal é uma nação que gosta de coisas boas mas que raramente tem como as pagar. Nascem assim os sucedâneos que nos dão aquela falsa sensação de auto-indulgência (e pronto...aqui os benfiquistas já desistiram de ler este post) e uma ligeira massagem no ego.
Descodifico: Portugal é o país do "tipo-qualquer coisa". Só nesta terra encontramos o queijo "tipo-Serra", uma pasta que nem tem qualidade para ser Serra nem pedigree para ser qualquer outra coisa qualquer. Na mesma linha encontramos também o presunto "tipo-Chaves" que pode bem ser produzido a partir de ossos de vaca moídos numa metalurgia do Barreiro. Não esquecer o pão "tipo-Mafra", que não vale um carrilhão, e por aí fora.
Hoje abro a imprensa desportiva e leio que o principal candidato a treinador do Sporting é um rapazola chamado André Villas-Boas. Não vou aqui tecer qualquer apreciação aos seus talentos como mister, até porque duas jornadas no curriculum não dão para grande coisa. Parece-me no entanto que o Presidente José Eduardo Bettencourt procura acima de tudo um treinador que encaixe no perfil que ele idealizou para o seu Sporting: um treinador cujo apelido tenha duas consoantes seguidas. Como Nelo Vingada não é Nello Vingada e Manuel Cajuda não é Manuel Cajudda, Villas-Boas serve bem. Adriaanse até podia ser, mas tem duas vogais, o que não é bem a mesma coisa.
Espero bem estar enganado, mas dá-me ideia que sem dinheiro para ir à loja gourmet buscar o Mourinho, o meu Sporting está a ir ao Lidl comprar "tipo-Mourinho".

sábado, 7 de novembro de 2009

Novembro é o novo Agosto

Gosto muito da frase "os americanos dizem que...", que a malta usa como prefixo credibilizador de qualquer coisa. Pois os americanos dizem que o aquecimento global é um facto consumado. As calotes (sim aquilo que o Vale e Azevedo dava) polares derretem como cubinhos de gelo num whisky duplo e pelo sim, pelo não, a população das Maldivas vai perguntando a quanto é que está o metro quadrado de terreno na vizinha Índia. Os pinguins não tarda estarão tão extintos como dodos e para vermos ursos polares, só mesmo para as bandas de Sete Rios.
Enquanto isso aqui na Lusitânia, enquanto o Anthimio de Azevedo fala do El Niño e o Nuno Rogeiro de tudo e mais alguma coisa, ainda há escassos dias havia quem fosse a banhos como se em Agosto estivesse.
"Os americanos" vão avisando que a sociedade tem que se ir habituando a estas alterações climáticas, alterando hábitos e costumes. E se há sociedade que grama andar na linha da frente é a Sociedade Anónima Desportiva do meu Sporting.
Perspicazes, rapidamente adaptaram o modelo de gestão do futebol leonino à nova ordem climática mundial. Encararam Agosto, Setembro e Outubro como antes olhávamos para Maio, Junho e Julho: altura de nos fartarmos do treinador, de reparar nas carências do plantel e na inoperância do Director Desportivo. Felizmente Novembro, o novo Agosto, está já aí, e agora sim podem pensar em contratar um novo mister e reforços para a época que agora começa. Chegam agora as capas com nomes de técnicos e craques. Até Janeiro todos os jogos serão amigáveis e será uma verdadeira injustiça se não nos deixarem fazer 10 substituições ao intervalo.
No início de 2010, aí sim, começa a competição a doer. Pena é que as outras equipas não estejam tão à frente como o Sporting, não tendo ainda adoptado este novo calendário. Faremos uma entrada no Campeonato "à lá" Juventus, com 15 ou 20 pontos de atraso para o líder, mas nem isso nos impedirá de ir comemorar ao Marquês. Lá para Setembro, dizem os americanos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cantemos todos a uma só voz!

A serem verdade as notícias, Bento demitiu-se.
Obrigado por tudo, mas a decisão já vem com um ano e meio de atraso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

The Rumble in the Jungle

No verão de 1974, George Foreman combateu no Zire (agora República Democrática do Congo) contra Muhammad Ali, naquele que viria a ficar conhecido como “O Combate na Selva”. Assim que o sino tocou, George Foreman partiu para cima do adversário. Foram 7 assaltos, sempre ao ataque, mas sem conseguir qualquer resultado. Ao 8º assalto, Ali reparou que o seu adversário acusava algum cansaço e contra-atacou. Ali bateu com tudo o que tinha. Direita, esquerda, todos os golpes que vinham nos livros, massacrando a cabeça de Foreman de uma forma nunca vista. Mas não havia maneira de Foreman cair. O próprio viria a afirmar na sua biografia intitulada “The Fight” que naquele dia preferia morrer a cair às mãos de Ali.
Podia estar aqui a preparar-me para falar do túnel de Braga, mas na verdade estou a referir-me à forma heróica com Paulo Bento se vai aguentando de pé. O homem leva na cabeça de todos os lados. Leva dos adversários, dos adeptos, dos adeptos dos adversários, leva da “corte” e dos “terroristas”, leva dos comentadores e dos jornalistas e não há maneira de ir a baixo.
De tal forma que já se discute nos fóruns Sportinguistas (isto disseram-me que eu não vou lá) um possível golpe de estado leonino onde os adeptos planeiam tomar Alvalade à força ao sinal de Maria José Valério a tocar na Rádio Cidade. Resta apenas saber qual é a flor que irão utilizar no cano das espingardas. Eu tenho uma sugestão. Que tal... a... papoilas?

Meus amigos, poupem as vossas forças. Eu já vi no you tube como é que o Foreman acaba o combate.