domingo, 31 de agosto de 2008

O estrangulador de Benfica

Isto de estar de férias tem as suas vantagens. Para além das óbvias, uma delas é a maior disponibilidade para nos inteirarmos do que se passa à nossa volta. É que trabalhar, parecendo que não, ainda nos rouba bastante tempo, impossibilitando-nos de jogar sueca, dormir até ao meio-dia, embriagarmo-nos a meio da tarde, ler convenientemente a imprensa diária e seguir os noticiários televisivos. Por isso, aproveitei estes primeiros dias para me actualizar. E para me embriagar a meio da tarde, obviamente.
Junto-me agora à maioria da população portuguesa no sentimento de insegurança generalizada, consequência desta recente vaga de criminalidade violenta. Sucedem-se os assaltos a dependencias bancárias, os roubos de caixas Multibanco, os casos de carjacking, os tiroteios em bairos problemáticos, a violência doméstica (a que não são alheios os resultados do Benfica...), emboscadas a viaturas de transporte de valores, penalties contra o Sporting e roubos de pastilhas Gorila nos supermercados. Esta vaga tem pertubado de tal forma a população que motivou uma intervenção do Presidente da República, que motivou uma intervenção do Procurador Geral da República, que motivou uma intervenção do Ministro da Administração Interna, que no seu conjunto motivaram grandes gargalhadas por parte dos bandidos a operar em território nacional.
Quando pensávamos que se descessemos mais baixo Lisboa se passaria a chamar Nova São Paulo, eis que a televisão volta a desempenhar um papel decisivo, levando em directo às casas de milhões de portugueses imagens de extrema violência. Depois de há semanas termos visto em directo a actuação da dupla de cantores sertanejos assaltantes de bancos Wellington e Nilson, ontem o país ficou chocado com a brutal actuação daquele a que já chamam “O estrangulador de Benfica”, perigoso assassino cujo modus operandi consiste em abordar as suas vítimas por trás e apertar-lhes o pescoço até à consumação da morte por estrangulamento. Por mero acaso desta vez a vítima escapou incólume. E digo mero acaso porque mais uma vez ficou provada a total incapacidade das autoridades para lidar com este novo tipo de meliantes, armados com a mais recente tecnologia e muito bem organizados. Este homem é um perigo público e continua a monte. Quando foi visto pela última vez apresentava farta pilosidade facial, vestes andrajosas e um barrete com chifres diabólicos. O seu ar tresloucado e o facto de gritar constantemente “O Benfica vai ser campeão!” deixa antever graves problemas do foro psiquiátrico. Está armado com o jornal “A Bola” e seis crónicas do Rui Cartaxana. Aparentemente, não actua sozinho: a polícia tem informações que indicam ter seis milhões de cúmplices. Se o vir, refugie-se em lugar seguro e informe com urgência as autoridades.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Balde 1

Com pompa, circunstância e uma apresentadora de fino recorte técnico, teve lugar no Mónaco o sorteio da fase de grupos da Champions League. A bolinha do Sporting estava no Pote 2, e quis a sorte e as mãozinhas do Cristiano Ronaldo (já fala melhor inglês que português) que calhasse no seu grupo o Barcelona, o Basileia e uma rapaziada de leste cujo nome agora não me ocorre e da qual não me lembro de qualquer feito desportivo digno de registo.
Com o Barcelona parece-me que o jogo fora poderá ser ligeiramente renhido. Em Alvalade, o Pedro Silva mete o Messi no bolso. Já no que diz respeito ao Basileia e à malta que vem do frio, aplica-se-lhes na íntegra a já mítica Teoria do Cliente Habitual ™®©, devidamente apresentada ao mundo num post anterior, que aqui podem reler.
Entretanto, amanhã terá lugar o sorteio da Taça UEFA. É verdade, ainda existe e o Impróprio faz aqui uma antevisão detalhada do acontecimento:

Mónaco, 12h00
28ºC. Nas ruas não se vê vivalma. Porque neste Principado ninguém precisa de trabalhar e porque a festa do sorteio da Champions durou até de madrugada.
Na sala “Rainier” do Hotel du Cap Ferrat, as luzes estão praticamente apagadas. Apenas se ouve como música de fundo o som de três ou quatro aspiradores Hoover. D. Alzira Costa, portuguesa natural de Moimenta da Beira e emigrada no Mónaco desde 1972 aspira tão bem quanto sabe o chão que Ronaldo, Sir Bobby Charlton, Terry, Lampard e Pedro Barbosa pisaram na noite anterior.
“Alzira! Ó Alzira! Vien ici ver o que descobri!”
Quem gritava alarmada era a Natalina, mulher de fartas carnes brancas e rosadas, cunhada de Alzira e sua colega na firma de limpezas, propriedade de outro português (de Vinhais): o Neto, sobrinho do padrinho de Natalina. Naqueles parcos segundos que levou a chegar ao lugar do achado, passou-lhe tudo pela cabeça:
“Será um diamante do brinco do Ronaldo? Será o Vacheron Constantin do Lampard? Será o Sonotone do Bobby Charlton?”
Afinal era apenas um balde. Sim, um balde de PVC como todos os baldes que se compram nos chineses, com uma ligeira diferença: alguém lhe tinha pincelado o número 1.
Dentro do balde nem brilhantes nem relógios. Apenas e só um punhado de bolinhas de plástico, daquelas que se abrem ao meio como os ovinhos Kinder Surpresa. Por isso, não foi de estranhar a reacção das limpadeiras quando abriram a primeira bola e de lá tiraram um papelito onde se podia ler: SL Benfica.
“Benfica!? Mas que raio c’est çá Natalina?”
“Não sei...”, respondeu-lhe a cunhada.

“Abre mais umas a ver se sai um chocolate e bota esse papelinho ali naquela taça”

E assim fizeram. Nas bolinhas seguintes nem doces, nem carrinhos para montar. Apenas papelinhos com nomes sem sentido: Nordsjælland, Zilina e Kiryat Shmona FC.
“C’oa breca! Parecem nomes de doenças “das partes”, grasnou Alzira.
“Cruz-credo! Tu larga mas é isso e acaba de limpar, que daqui a bocado começam as Tardes da Júlia na parabólica. E dá cá esse balde, que ainda vai dar jeito para dar o comer aos cães.”

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Banqueiro de Sevilha

Tudo começou com um tipo chamado Calado. Foi durante a fase negra de Vale e Azevedo no qual o Clube da Águia foi contaminado com o temível vírus “Língua Azul”. Para quem não tem TVI aos berros no café do bairro, eu explico que este vírus consiste em transformar uma instituição de bem, numa instituição muito semelhante ao FCP. As consequências desta doença foram tão graves que o tal Calado chegou a capitão do Benfica, e infelizmente não me estou a referir ao Benfica de Castelo Branco mas sim ao Maior Clube do Mundo. Já não me lembro exactamente a quantia que terão pago pelo Calado mas desde que tenha dado para fazer cantar o olheiro do Purovic pode-se considerar um excelente negócio. Porém, a mais valia financeira é neste caso relegada para segundo plano. O grande benefício que a venda do Calado trouxe ao Benfica relaciona-se com os benefícios desportivos, já que após a sua saída o então plantel do Benfica ficou bastante mais forte e unido. Assim que o Calado saíu, nunca mais voltou a cair um só sabonete no balneário do Benfica.
A seguir levaram-nos o João Tomás. Deste avançado as recordações já são melhores sobretudo as relacionadas com o SCP. O João Tomás foi apelidado às 06h47 de uma festa da Queima das Fitas de “Jardel de Coimbra” mas nunca fez jus ao nome. Apenas numa tarde de um derby lisboeta em que o Benfica com uma equipa muito fraquinha goleou o SCP com os normais 3-0. O João Tomás marcou o segundo e o terceiro golo da partida e fez o então treinador do Benfica correr e festejar o golo de joelhos, num estilo que mais tarde veio a ensinar a Drogba. O treinador encarnado era José Mourinho e o tal festejo fez com que os adeptos do SCP impedissem que o Special One viesse mais tarde a treinar o clube. Foi única vez na história do clube que os adeptos leoninos sabotaram a entrada de um treinador no clube e também foi a única vez que um dos melhores treinadores do mundo esteve perto de Alvalade.
Pois é, o nosso “Cliente do Costume” voltou esta semana e acaba de nos levar mais uma pérola comprada na Loja de Chineses. Não, não é tão bom como vender o Yu Dabao mas é quase. O Benfica oficializou ontem a venda de 80% do passe de Nélson por a módica quantia de 5 milhões de euros. Não caro leitor, não me estou a referir ao Campeão Olímpico do Benfica o Nelson Évora, mas sim ao lateral direito “Michael” Nelsón.
Para mim, e seguramente para todos os meus gloriosos familiares, o Bétis de Sevilha é o nosso cliente preferido. Apesar de nos ter levado um dos grandes obreiros do nosso último título de campeão - Ricardo ou o Frangueiro de Sevilha como é agora conhecido na Andaluzia - o Bétis é um dos grandes responsáveis pela limpeza do balneário do Benfica. Para a próxima vez em que os dirigentes voltarem para virem comprar o Moretto, o Benfica vai embrulhar o atleta e dizer o que lhes dizemos sempre: “Ó amigos, o cliente tem sempre razão!”

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Bem-vindos ao Sistema

Depois de um ano orgulhosamente sós, quais bastiões da independência bloguistica nacional, não resistimos mais e juntámo-nos ao "sistema". Desde hoje que o Impróprio para Cardíacos faz parte da Federação de Blogues de Futebol, uma organização que tal como o nome indica, congrega tudo o que mexa e fale de bola. Do Grupo Desportivo de Alfarim ao União Recriativa das Mercês, sem esquecer o inigualável Freamunde Allez.
O objectivo desta nossa decisão é claro e inequívoco: onde há Federações há tachos e onde há tachos podem contar connosco, nem que seja para os rapar. Para lavar é que não, porque estraga as unhas...
Diz a Federação que no fim de cada ano há uns prémios. O Impróprio deixa isso para a arraia miúda e contenta-se com um cargozinho de Presidente ou em alternativa duas vice-presidências. Um Conselho de Justiça também serve bem. Vá, no mínimo um cabaz de frutinha para dormir, ok?
A partir de agora, meus amigos, vai ser sempre a descer.
Em baixo da página à direita poderão encontrar a lista dos colegas de Federação, perdão, tacho.
Agora desculpem-nos mas temos que saír. A drogaria fecha às 19h e ainda temos tinta capilar côr Madaíl para comprar.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O vidente de Alcochete

Mago Alexandrino, Padre Fontes, Professor Karamba e Maya. Por esta altura estes magos/videntes/astrólogos temem pelo seu futuro profissional. Tudo porque surgiu este fim-de-semana no mercado um concorrente de peso, que promete rapidamente ficar com o monopólio da adivinhação. O seu nome? Mister Paulo, vidente de curioso penteado, com escritório montado em Alcochete e que surpreendeu o país futebolístico com as suas premonições (e também com o facto de ter posto Romagnoli a jogar bem).
Mister Paulo foi capaz de prever aquilo que um fiscal de linha federado na ACAPO viria a decretar: uma falta cometida a quase dois metros da área afinal é penalty. Porque o jogo já estava mais do que resolvido, este "lapso" não passou de uma curiosidade e mais um momento de humor no panorama futebolístico nacional (outros momentos de humor teriam lugar 24 horas depois em Vila do Conde).
Se a incompetência das equipas de arbitragem (incompetência aqui é um claro eufemismo...) já não espanta ninguém, as capacidades trans-sensoriais de Paulo deixaram todos de boca aberta. Assim sendo, gostaria que Mister Paulo me respondesse a umas perguntinhas de somenos importância:

- Qual a chave vencedora do jackpot do Euromilhões desta semana?
- Quantas lesões mais fingirá o Carlos Martins?
- Obama ou McCain?
- Qual será a próxima bomba de gasolina a ser assaltada?
- Onde está a Maddie?
- Onde estão as pernas do Aimar?
- Onde está o Bin Laden?
- Onde está o Djaló que eu conheci?
- Será que vamos mesmo acabar 19 pontos à frente do Porto, 25 do Braga e 32 do Benfica?

Depois de ler as entranhas de duas galinhas e um Stojkovic, pode enviar as respostas aqui para o mail do Impróprio. Muito obrigado.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O jogo do título

Santa sexta-feira esta, em que todos os crentes no sagrado desporto futebolístico põem termo ao pascal jejum a que se convencionou chamar defeso. Aleluia! Glória a Liedson nas alturas, um palminho acima do Luisão!
E é já amanhã pelas 20h45, no Estádio José de Alvalade, que tem lugar aquilo a que a comunicação social chama vulgarmente o “Jogo do Título”.
Sim caros ciber-espectadores, porque se o Sporting ganhar ao Trofense, o campeonato não escapa. Será apenas uma mera questão de gerir a vantagem até à última jornada. Afinal, bem feitas as contas, ficamos a depender apenas de nós próprios.
E aos adversários que me querem ver cruxificado por tamanha heresia, apenas digo que tenho muita Fé. E a Fé, como todos aprenderam na catequese, move balizas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Tudo o que Luz é Ouro

Pela primeira vez nestes J.O. acompanhei do princípio ao fim uma prova em directo. (Agora que vejo o resultado penso que se calhar devia ter acompanhado mais...)
Foi uma prova extraordinária, emocionante, competitiva e com um final felicíssimo para todos nós. É claro que o feito do Nélson Évora é uma vitória de Portugal, de todos os portugueses mas que tem, obviamente, um sabor especial para todos os benfiquistas. É um dia muito feliz e bonito para o nosso desporto, por isso não vou corromper este texto com nenhuma menção a clubes com alguns adeptos que no fundo, no fundo, estão um bocadinho chateados com as proezas dos atletas do Glorioso Benfica. Não é um dia para ódios, é um dia para a Glória. Eu festejei a vitória de Carlos Lopes e de Rosa Mota como festejei a do Nélson Évora e sei que - pelo menos - mais 6 milhões de portugueses festejaram igual. Acreditem que se o lema do nosso clube é "Todos por Um", creio cada vez mais que o lema de outros deveria ser "Todos contra Um". Mas hoje os verdadeiros portugueses, os Homens e Mulheres com direito a maiúscula e os verdadeiros amantes do desporto estão pelo "Todos por Um", que se chama "Compadre" NÉLSON ÉVORA (Homem com direito a todas as letras em maiúscula).
Para celebrar o facto de que a elite do desporto português usa águia ao peito durante a semana (por exemplo, Venceslau Fernandes usa 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano) proponho que a Vanessa Fernandes e o Nélson Évora sejam medalhados com a Águia de Ouro (Hein 7, este também tinha dado um belo título não?!). A família benfiquista saberá como ninguém receber o Nélson Évora e a Vanessa Fernandes no final deste mês aquando do Benfica-Porto. Estaria uma Catedral Infernal para os receber e premiar com uma enorme e histórica ovação. As proezas Olímpicas de ambos os atletas do Benfica são a verdadeira Mística Benfiquista que tanto queremos ver que contagie a nossa equipa de futebol. Já agora, que chegue com a garra e determinação da Vanessa e ao estilo do nosso primeiro campeão Olímpico, em triplo salto. Se assim for, é só fazer as contas: Se no ano passado ficámos em 4º, este ano dávamos um saltinho para 1º. Pode-se dizer que seria um salto à Benfica, ou seja, um salto à Campeão Olímpico!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A Prata da Casa


Depois da última exibição da vida de “Ricardo Voz de Leão” com a camisola da selecção, a ausência de medalhas nos J.O. era a última desgraça do nosso fado desportivo. Felizmente a ATLETA DO BENFICA (fui claro, não fui?) Vanessa Fernandes acabou com a malapata que é o desporto português. Dou os parabéns à atleta nacional e do Benfica, e também à sua Gloriosa família, aqui tão felizes e bem vestidos na fotografia - especialmente o Lendário Pai Venceslau. Se a Vanessa Fernandes foi o melhor que Portugal fez, obviamente o Impróprio não poderia deixar passar em claro o pior que Portugal fez. E aí meus amigos, merecemos seguramente a medalha de ouro e o direito ao hino. A medalha vai inteiramente para o menino Mário Fortes, um rapazinho que diz que é Lançador do Peso, mas que segundo ele próprio a única coisa que consegue lançar é um sono pesadíssimo. Entrevistado pouco depois de ter sido eliminado disse:
“Epá de manhã, onde eu sou mesmo bom é na caminha!” Obviamente que os altos interesses nacionais tornam escusado mencionar que clube este atleta representa. Porém, como é o Sporting vou ter de dizer: O Mário Fortes é atleta do Sporting!
Em relação ao espírito desportivo e olímpico que as suas palavaras denotam, apraz-me fazer apenas um comentário: Há Leão!

No entanto, para demonstrar o meu apreço por toda a comitiva nacional, incluindo todos os atletas do SCP que esta hora ainda devem estar a dormir (alguns até de pé), gostava de dar uma dica aos responsáveis do clube quanto ao futuro do Mário. Está visto que o rapaz não tem queda para o lançamento do peso. Porém, apercebi-me que existem outras modalidades onde o rapaz poderá brilhar. Falo obviamente do salto à vara e do salta em altura. Está bem que o Mário poderá ficar desagradado com um ou outro esforçozinho matinal, mas só terá de pensar que por baixo de si, estará logo um colchão à sua espera.

O País real


Nem que me aparecesse o génio da lâmpada (não estou a falar do Cristiano Ronaldo “vajóbej”) eu teria três noites tão boas como as deste fim-de-semana que passou. Arriscaria mesmo dizer que nem que me aparecesse a Nereida!
A convite de um animado grupo de casais-amigos rumei à Beira, mais concretamente à encantadora Pampilhosa da Serra, onde tinham lugar as Festas locais.
Nesta altura, o leitor atento demonstra natural preocupação para com um dos seus 134 bloggers preferidos: “então tu 7, que és capaz de ir até Carrazeda de Ansiães para ver um Carrazeda x Sporting a contar para o Campeonato de Juniores B de pistola de ar comprimido, piras-te para a Beira em dia de Supertaça!?”.
Cenoura à frente do asinino escriba, o concerto de Tony Carreira na noite de Sábado. Tratava-se afinal do regresso do consagrado artista à terra que o viu nascer. Recordo – porque todos sabem – que Tony é natural de Portela do Armadouro, aldeia que dista apenas 10 kms da Pampilhosa da Serra. Esta origem ficou imortalizada na emocionante canção “Sonhos de Menino”, da qual transcrevo um breve trecho:

Lembro-me de uma aldeia perdida na beira,

a terra que me viu nascer


Lembro-me de um menino que andava sozinho,
 sonhava vir um dia a ser

Sonhava ser cantor de cantigas de amor


Com a força de Deus venceu


Dessa pequena aldeia…o menino era eu


Lindo!
Oportunidades destas são como os golos do Nuno Gomes: acontecem uma vez a cada três temporadas, pelo que não pude dizer não e resignei-me em seguir a partida pela televisão. Mas já lá vamos.
Jantei com um olho na vitela estufada e o outro (o que vê pior) na Copa Eusébio. Depois corri a marcar lugar frente ao palco. Tony não defraudou a legião de fãs que por umas horas tomou de assalto a pacata localidade (constava até que tinham chegado quatro autocarros de Lisboa com fãs e dois de Paris). Numa hora de concerto cantou e encantou (perdoem-me, mas aqui o lugar-comum justifica-se em pleno). Emoção a rodos quando O Artista destaca o apoio para o nosso animado grupo, elogia as nossas camisolas produzidas especialmente para a ocasião (Tony@Pampilhosa. Eu fui!) e pede ao público que nos dedique um aplauso. Foi um momento verdadeiramente epifânico. Por momentos acreditei num ente superior que governa a nossa existência, que nos guia e nos ilumina (além da ASAE, claro). E Ele estava ali à minha frente, de camisa negra. Depois, comi um caldo verde para ensopar as minis e passou.
Deu para tudo neste actuação. Até para chamar ao palco o filho Mickael. Ficámos a saber que o benjamin Carreira ainda ia guiar para Lisboa nessa noite, pelo que a preocupação se instalou no seio daquelas boas gentes. Um momento menos positivo, rapidamente ultrapassado.
Tony despediu-se com o êxito É melhor (Dizer Adeus) e depois esteve três horas de pé a dar autógrafos, a beijar crianças, a ser fotografado junto de famílias, até que não restasse um único fã na fila. A sua popularidade não é fruto do acaso! A mim, autografou um CD, t-shirt e acedeu a ser fotografado com todo o grupo.
Depois, Mega-Rave na garagem dos Bombeiros Voluntários da Pampilhosa, com DJ Tátá e quatro bailarinas eslavas. Felizmente, dada a escassez de incêndios neste Verão, os soldados da paz tiveram vagar para dançar e confraternizar com os foliões e, principalmente, com as bailarinas eslavas.
Mas se pensam que foi tudo, desenganem-se. Porque na noite anterior tive a oportunidade de presenciar um momento único na História da Música Portuguesa. Acreditem ou não, juntos no mesmo palco que Tony Carreira havia de pisar, estiveram alguns dos maiores nomes da canção nacional: a simpática Manuela Bravo (quem não se lembra do êxito “Sobe, sobe, balão sobe”?), José Reza, a encantadora Ana (os anos não passam por ela), o incomparável Clemente (intérprete de temas como “Vais Partir” e “Colmeia do Amor”) e “last but not least”, o fantástico Mário Gil que será eternamente recordado pelo tema “Pelos caminhos de Portugal”. Especial destaque para a simpatia de todos e a forma simples e descontraída (sem vedetismos!) como lidam com os fãs. Assim se vê a diferença de Grandes Artistas para fenómenos efémeros que por aí abundam. Guardarei com saudades as fotos e os autógrafos que gentilmente nos deram.
Por fim, a noite de Sábado, já em clima de descompressão das emoções fortes dos dias anteriores. Grande jantarada, actuação do Rancho Folclórico local, pouca sorte na quermesse, boa aguardente de medronho e olhos colados no televisor para seguir as incidências da Supertaça. Confesso que fiquei algo desapontado com o resultado, pois tinha apostado num 3-0. Mas pronto, podia ter sido pior e o que interessa é que o caneco já cá canta.
Em resumo: música popular, o Benfica que não ganha nem a feijões e o Sporting a ganhar Taças ao Porto. Eis o país real.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O beijo


Um beijo (do latim basium) é o toque dos lábios com qualquer coisa, normalmente uma pessoa. Na cultura ocidental é considerado um gesto de afeição. Entre amigos, é utilizado como cumprimento ou despedida. O beijo nos lábios de outra pessoa é um símbolo de afeição romântica ou de desejo sexual - neste último caso, o beijo pode ser também noutras partes do corpo, ou ainda o chamado “linguado”, em que as pessoas que se beijam mantêm a boca aberta enquanto trocam carícias com as línguas.
Os mais antigos relatos sobre o beijo remontam a 2.500 a.C., nas paredes dos templos de Khajuraho, na Índia. Diz-se que na Suméria, antiga Mesopotâmia, as pessoas costumavam enviar beijos aos deuses. Na Antiguidade também era comum, para gregos e romanos, o beijo entre guerreiros no retorno dos combates.
Era uma espécie de prova de reconhecimento. Aliás, os gregos adoravam beijar. Mas foram os romanos que difundiram a prática. Os imperadores permitiam que os nobres mais influentes beijassem seus lábios, e os menos importantes as mãos. Os súbditos podiam beijar apenas os pés. Eles tinham três tipos de beijos: o basium, entre conhecidos; o osculum, entre amigos; e o suavium, ou beijo dos amantes.
Na Escócia, era costume o padre beijar os lábios da noiva ao final da cerimônia. Acreditava-se que a felicidade conjugal dependia dessa benção. Já na festa, a noiva deveria beijar todos os homens na boca, em troca de dinheiro. Na Rússia, uma das mais altas formas de reconhecimento oficial era o beijo do Czar.
No século XV, os nobres franceses podiam beijar qualquer mulher. Na Itália, entretanto, se um homem beijasse uma donzela em público, era obrigado a casar imediatamente. No latim, beijo significa toque dos lábios. Na cultura ocidental, ele é considerado gesto de afeição. Entre amigos, é utilizado como cumprimento ou despedida; entre amantes e apaixonados, como prova da paixão.
Mas é também um sinal de reverência, ao beijar, por exemplo, o anel do papa ou de membros da alta hierarquia da Igreja. No Brasil, D. João VI introduziu a cerimônia do beija-mão: em determinados dias o acesso ao Paço Imperial era liberado a todos que desejassem apresentar alguma reinvidicação ao monarca. Em sinal de respeito, tanto os nobres, como as pessoas mais simples, até mesmo os escravos, beijavam-lhe a mão direita antes de fazer seu pedido. Esse hábito foi mantido por D. Pedro I e por D. Pedro II.
No Benfica, o beijo não foge à regra. É também uma tradição ancestral com raízes profundas no seio do plantel e que – rezam os historiadores e o Vítor Serpa – remonta aos tempos do capitão Calado, que introduziu no balneário toda uma série de práticas que persistem até aos dias de hoje. É aquilo a que podemos chamar de tradição oral, que vai passando de geração em geração, de boca em boca.

(agradecimentos à Wikipedia e ao "papparazzo" do Record)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Cinturão vermelho

Com pompa, circunstância e um número de figurantes na abertura quatro vezes maior que a população do Luxemburgo, começaram os Jogos Olímpicos de Pequim.
A nossa comitiva é pequenina, mas ainda assim conta trazer para casa uma medalhinha ou outra. Dos atletas considerados favoritos, a judoca Telma Monteiro foi a primeira a entrar em acção. Mas - triste sina lusitana? - foi prematuramente eliminada, caindo às mãos de uma adversária chinesa e outra espanhola.
Eu confesso que simpatizo com a Telma: é gira e tem cara de não partir um prato. O mesmo já não se pode dizer em relação a braços e omoplatas...
Por isso, foi com surpresa que ouvi as suas declarações na hora da despedida. Segundo ela, os árbitros não a deixaram ganhar. "Lutei contra o árbitro", chegou mesmo a dizer.
Não me recordo de quem quer que seja reclamar das arbitragens numa Olimpíada, e muito menos num combate de judo. Por isso estranhei o discurso. Mas ao mesmo tempo pareceu-me já ter ouvido aquela conversa em qualquer lado, em paragens bem mais próximas do que a longínqua China... De repente as peças encaixaram que nem a luva do Alves e tudo fez sentido. Afinal, há cerca de um ano atrás a judoca assinou pelo Benfica!
Pensando já saber tudo acerca de Kokas, Yukos, Wazaris e Ippons, parece que Telma dedicou este último ano a treinar essa grande especialidade benfiquista: a queixinha. O resultado está à vista.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Notícia de última hora!

Segundo notícias recentes dos media nacionais (ver aqui), um pequeno grupo de assaltantes barricou-se no interior de um balcão do BES em Lisboa. O Impróprio para Cardíacos está em condições de avançar em 1ª mão o nome dos responsáveis por este assalto: os futebolistas João Moutinho e Miguel Veloso. Depois de várias semanas em que a direcção da SAD do Sporting fez ouvidos moucos às intenções dos jogadores de, naturalmente, abandonarem o clube de Alvalade, os atletas cansaram-se desta passividade e dirigiram-se a quem realmente manda no clube: o BES.
Segundo informações de alguns reféns libertados (aparentemente só os sócios do SCP continuam reféns desta situação) João Moutinho e Miguel Veloso exigem quantias avultadas de dinheiro para cobrirem os maus investimentos e as más vestimentas, respectivamente.

A Polícia está neste momento a negociar com os assaltantes que exigem um avião para cada um e que muito provavelmente terão como destinos Inglaterra e Itália. Outra exigência prende-se com o aeroporto de partida destes vôos, já que um inspector policial teve o infortúnio de mencionar Alcochete como solução, palavra que fez imediatamente disparar o pânico entre os assaltantes.

Mantenha-se atento ao desenrolar destas e de outras situações da actualidade, aqui no Impróprio!

Sonho realizado

Interrompo esta estival pasmaceira para dar os meus sinceros parabéns aos futebolistas Nuno Assis e Luís Filipe, que se transferiram do Benfica para o Vitória de Guimarães. É o realizar de um sonho para estes atletas, que têm agora a tão desejada oportunidade de jogar na Liga dos Campeões e, quem sabe, lutar pelo título nacional.
"São oportunidades que aparecem uma vez na vida e não se podem desperdiçar", confidenciaram os atletas ao Impróprio para Cardíacos. "Somos profissionais e temos o direito de escolher o melhor para as nossas carreiras e para o nosso futuro", concluíram.
No caso de Assis, o Benfica fica com opção de compra, podendo assim vir a pagar duas vezes pelo jogador, em mais uma demonstração da sagacidade dos seus dirigentes.
Por fim, resta aplaudir a enorme confiança que o clube encarnado tem no potencial futebolístico de Luís Filipe, ao emprestar o jogador por um ano em vez de o transferir a título definitivo, garantindo assim a possibilidade de voltar a contar com o talentoso polivalente na próxima temporada.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Marquês de Pombal, ontem à noite



Foto gamada à má-fila daqui

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

De casa dos seus pais fugiu...

A história que se segue é baseada em factos reais.

Acabo de chegar do Estádio José de Alvalade, onde me desloquei para adquirir bilhetes para a Supertaça (para os benfiquistas que nos visitam e que não estão familiarizados com isto da Supertaça, esclareço que se trata da competição que opõe o vencedor da Liga ao vencedor da Taça de Portugal da época anterior).
Cumprida a função bilhética, dediquei o que me restava da hora de almoço a percorrer a Via Sacra do adepto sportinguista: comprar o Jornal do Sporting (o único orgão de comunicação social verdadeiramente isento no panorama nacional), sentar-me na cervejaria a comer um bife com molho "à Sporting" (molho verde, como é óbvio) a ler as últimas do tiro aos pratos e do bilhar e culminar com uma visita à Loja Verde, para aferir das últimas novidades ao nível do merchandising leonino.
Belíssima a colecção de praia onde, lado a lado com as toalhas e biquinis, se destaca uma enorme bóia insuflável em formato de camisola do equipamento principal. Não pude deixar de pensar que a equivalente benfiquista deve por esta altura ser um sucesso de vendas: no estado em que aquilo anda, uma bóia de salvação vermelha e branca dá um jeitão. Uma palavra também para o já tradicional whisky Sporting, que como todos sabemos, não dá ressaca a sportinguistas e deixa de cama qualquer benfiquista.
No entanto, aquilo que mais me surpreendeu estava guardado para o fim. No segundo piso da loja, entre equipamentos e chuteiras, estava um cidadão envergando o equipamento oficial do Benfica. Juro! De cestinho na mão, já com uma boa quantidade de camisolas verdibrancas, meias e calções lá dentro, deambulando por ali com a maior desfaçatez.
O que é que a criatura andava ali a fazer? Por favor deixem as vossas hipóteses na caixa dos comentários. É que eu juro que não percebi...