quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Os Bambis e os bambinos

Ontem à noite no Inferno da Luz presenciei a um dos melhores jogos que vi na vida. O Benfica dominou e controlou o jogo frente à actual campeã europeia e ao (verdadeiro) melhor jogador do mundo. Uma exibição à Benfica, com garra, inteligência, futebol bonito, chama imensa e, claro, golos falhados ao pontapé. Nos primeiros 20m entrámos com demasiado respeito pelo adversário, mas após o golo de Pirlo comecei a sentir-me de tal maneira enganado que até vou apresentar uma queixa à Uefa, pois também paguei bilhete para ver o AC Milan jogar e durante 70m só deu Benfica!
Na 2ª parte parecia que os italianos estavam a jogar em 8-1-1, com um contra-ataque venenoso é certo, mas sempre na iminência de sofrerem o 2º, o 3º e 4º golo que por acaso e azar nunca aconteceram. Em Portugal não são todas as equipas – na realidade, eu sei que é só o Benfica mas o desportivismo tem destas gentilezas – que poderiam jogar assim com o actual vencedor da Liga de Campeões, transformando uma equipa de campeões numa vulgar uma equipa de bambinos. De toda a partida, há dois momentos em particular que nunca irei esquecer: o 1º é obviamente o golão (cá está outra coisa que nos diferencia dos que dizem golaço) do Super-Maxi; o 2º é o momento em que pensei que o mundo ia terminar e vi o Apocalipse à minha frente. Foi aos 72m que aconteceu aquilo que Nostradamus já tinha previsto: um surúrú entre os temíveis Petit e Gattuso! Ora como se sabe, o choque de duas placas tectónicas desta dimensão e força, provocaria um cataclismo em todo o planeta e, muito provavelmente, a extinção de toda a Humanidade. Mas até nisto o jogo foi soberbo, apercebendo-se da tragédia que estava iminente, os dois jogadores refriaram as suas intenções e, para total delírio das bancadas, abraçaram-se. Caro leiror, ver estes dois homens a abraçarem-se é uma surpresa tão grande como dobrar uma esquina e ver o Myke Tyson e o Hulk Hogan a jogarem ao elástico no passeio, vestidos com a farda do Colégio Ramalhão.

Já na noite anterior, tínhamos visto uma equipa mais perdida que o pequeno Bambi, a ser sufocada pelo Manchester. No Teatro dos Sonhos, viu-se mais um Acto da novela luso-brasileira "Pesadelos”, relato do terror que são as noites europeias dos sportinguistas. E no final, após 45m de tortura futebolística dos reds, em vez de aproveitarem para aprenderem qualquer coisa de futebol (e que concerteza lhes seria muitíssimo útil), queixam-se de um golo mal anulado ao Liedson (cá está outra coisa que nos diferencia porque também anularam um golo limpo ao Nuno Gomes, mas a malta não tem feitio para se andar sempre a queixar). Mas amigos, não me entendam mal, se há coisa que eu sei é que não vale a pena dar demasiada importância a algumas atitudes dos sportinguistas. Como ficou provado na 3ª feira, estas coisas quando acontecem ou são sem querer, como foi o golo do Abel, ou então são birras de bébé até lhe darem o biberon, como foram as palavras de Soares Franco.
Uma coisa é certa, a partir da próxima semana tanto benfiquistas como sportinguistas já podem dizer: Era uma vez a Liga dos Campeões...

Mas antes disso, nós ainda temos um Clássico para ganhar, o jogo com os nossos únicos e verdadeiros adversários.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Carta Aberta

Para:
Exmo. Senhor Michel Platini
Presidente da UEFA
Route de Genève 46
CH-1260 Nyon 2
Switzerland

Exmo. Senhor,
Venho por este meio requerer que de ora em diante, os jogos do Sporting Clube de Portugal a contar para a Champions League passem a ter 85 minutos de duração em vez dos actuais 90.
Considero que a ser adoptada, esta medida trará consideráveis benefícios a boa parte da população portuguesa. Terminando as partidas 5 minutos mais cedo será possível:

- apanhar a última carreira para Alhos Vedros
- fazer uma máquina da roupa ainda na tarifa bi-horária
- entrar no Restaurante Flôr das Avenidas antes da cozinha fechar
- contar uma história para os putos dormirem
- não perder o início da novela da TVI Fascínios

Agradecendo desde já a sua disponibilidade, despeço-me com consideração.

O 7 Maldito

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Porque no te callas?

Para os mais desatentos, a frase que dá o título a este post foi proferida pelo Rei D. Juán Carlos a Hugo Chavez na última cimeira Ibero-Americana - e não por Soares Franco a Paulo Bento na última conferência de imprensa do Sporting. Apesar dos analistas considerarem que a frase foi “uma Dias da Cunhice monárquica”, o certo é que ganhou vida própria e tornou-se inclusive num enorme sucesso económico quando uma empresa norte-americana (dou o palpite que judaica também) se lembrou de a usar para toques de telemóvel, ideia que já lhes garantiu um milhão e meio de euros (quantia em cash que já pedi para o Pai Natal depositar na chuteira que todos os anos coloco junto ao presépio).

A composição sonora do toque não podia ser mais simplista: Porque no te callas? Oh! Oh! Oh! Acontece que ao ouvir esta composição polifónica – e por estarmos no Natal, a época de hibernação leonina - lembrei-me que aqui estava uma bela ideia para uma adaptação do tema ao cenário futebolístico nacional. Imaginem uma imagem de Paulo Bento num flash-interview a falar com aquela “musiquinha espanhola que ele apanhou em Espanha”, subitamente interrompida por um Pai Natal que o empurrava para fora do plano e dizia: “Porque no te callas?” Zoom-in na cara do Pai Natal e concluia-se que este, não era nem mais nem menos do que o famoso Barbas, sorridente, com manto que lhe dá o nome pintado de branco e que diz para a câmera: Oh!Oh!Oh! É ou não é um presente giro para o Natal? Pois não, não é, mas também não são a maior parte dos presentes que recebemos, tirando as cuecas e as meias que estão garantidas desde que atingimos a idade adulta.

Outra ideia para que deixo ao empreendedorismo nacional (em troca de 5.000€ na compra da patente, é claro) é uma calçadeira, objecto que admiro pelas sua simplicidade estética e eficiência absoluta. A calçadeira encarnada seria adornada com uma imagem que a preenchia por inteiro: o momento exacto em que o brasileiro dá o toque de calcanhar para um dos mais belos golos desta época. Este objecto tem a vantagem de também poder ser oferecido como presente aos seus familiares e amigos sportinguistas que, nesta altura do ano, já é tradição não saberem como se descalçar de umas quantas botas.

Para terminar em beleza, a minha última invenção para Merchadising Natalício com o selo falsificado do Impróprio: porta-chaves esculpidos em pau preto, tendo como modelo a mão do nosso talismã “Conguito da Sorte” a fazer figas. Já não há dúvidas que o miúdo é especial, talentoso e feliz, e que também tem o dom de transmitir estas qualidades e emoções a todos os benfiquistas (chorei comovido quando vi o prodígio a correr com aquele contagiante sorriso e ir festejar o golo com o Mantorras, o talismã seu antecessor). A cereja no topo deste magnífico amuleto, é o nome com que o produto será comercializado e que visa seduzir os clientes pela sonoridade ao orgão do corpo humano que todos os benfiquistas gostavam de receber este Natal: Figa Adu!

Antes de me despedir e ir acender as velinhas para o jogo de 4ª, tenho-lhe a confessar caro leitor que antes de me decidir a escrever as palermices que acabou de ler – actividade com a qual me tenho destacado profissionalmente com uma coluna diária no Correio da Manhã denominada Horóscopo – ainda pensei em escrever qualquer coisa sobre futebol. Mas como isto anda a correr tão bem e a nossa época se vai definir nas próximas duas semanas, pensei que se calhar o melhor era eu calar-me, muito bem caladinho.


domingo, 25 de novembro de 2007

O Marciano

Sábado foi um dia particularmente difícil na existência aqui do 7 Maldito. E contrariamente ao que os necrófagos benfiquistas estão para aí a elocubrar, essa dificuldade nada teve a ver com peripécias futebolísticas, mas sim com uma ressaca de dimensões homéricas. A explicação é simples: duas vezes por ano junto-me a um vasto grupo de amigos de infância para uma jantarada de convívio e respectiva incursão nocturna. As consequências são quase sempre desastrosas. O que há uns anos ocorria duas ou três vezes por semana, agora limita-se a uma frequência semestral, e é fácil perceber porquê: quando passamos dos 30, as ressacas são tão violentas que não nos esquecemos delas pelo menos durante seis meses. Mas o Universo é inteligente, e se nos deu o álcool que nos embriaga, também nos dotou com as ferramentas que combatem os seus danos colaterais: o Ben-U-ron e a Sport TV. Assim sendo, consagrei a metade do dia em que não dormi a uma maratona de futebol televisivo, com num zapping constante entre a SportTV1 e a SportTV2. Foram três jogos do campeonato inglês, um da liga italiana, com as partidas de Sporting e Benfica a fechar.
Estava eu enrolado na minha manta, aquecendo as mãos em mais uma caneca de chá de menta quando ouço alguém a bater à janela da minha varanda. Morando num primeiro andar alto, e não sendo o Homem-Aranha visita habitual cá de casa, estranhei. Febril, arrastei-me para verificar do que se tratava. E qual não é o meu espanto quando vejo que o visitante é um pequeno ser alienígena. Sim, um extra-terrestre! Cinzento, magrela, de cabeça oval e com dois grandes olhos triangulares.

“Mariza?”, perguntei.
“Não, Z4BG. Chegadinho de Marte e cheio de frio. Pode-se?” – guinchou a criatura.
“Faça favor, amigo” – respondi, fazendo juz à famosa hospitalidade lusitana

Confesso que nos primeiros minutos coloquei em causa a minha sanidade mental. Ou estava maluco ou o uísque da noite anterior era ainda pior do que imaginava. Mas não, era mesmo um marciano que estava no nosso país em visita de estudo, pretendendo apenas observar de perto os nossos hábitos e costumes. Enquanto a partida de Coimbra se arrastava penosamente para o fim, fui-lhe dando conta do que fazemos, o que comemos, como nos reproduzimos, e por aí fora. Já estávamos a ficar sem assunto quando o Z4BG aponta para a televisão e pergunta:

“E isto o que é?”
“É futebol”
“Futebol? Explica-me lá isso, 7”,
“Bem, o futebol é um desporto em que jogam onze contra onze e onde as equipas procuram introduzir a bola na baliza adversária. No futebol acontecem coisas muito, muito estranhas: por vezes há equipas que estão 80 minutos a ganhar sem terem rematado uma única vez. Outras equipas há que ganham jogos nos últimos minutos com belos golos de calcanhar de criaturas disformes e teoricamente inaptas para o desporto...”
“Quem, aquele ali?” – interrompeu-me, apontando para Luisão
“Sim...”
“Conheço bem. É primo da minha mulher”

A conversa prolongou-se por mais uma hora. Até que o gentil extra-terrestre se aprestou para ir embora, pois o último OVNI saía à meia-noite. Já à porta despediu-se e disse:

“Muito obrigado pelos teus ensinamentos, 7 Maldito. Só não percebi muito bem isso do futebol”
“Nem eu, marciano, nem eu...”

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

1000 €, ou seja, dois árbitros de Lamego.

Vivem-se tempos difíceis, caros leitores. A economia portuguesa não cresce, o desemprego alastra e a Euribor leva-nos mais dinheiro por mês que as meretrizes do Reinaldo Teles. Desde o primeiro post que não escondemos ao que vínhamos: o objectivo deste blog era o rápido e fácil enriquecimento de ambos os seus dois autores. Amigos que trabalham em informática garantiram-nos que normalmente, nestas coisas dos blogues, estão a propor-nos um livro, um programa de TV ou um lugar no Parlamento ao fim de quatro ou cinco meses. Mas até agora nada. Desencantados com este Portugal madrasto, virámo-nos para os árabes. Debalde. Em desespero de causa, estamos a tentar a nossa sorte nos Super Blog Awards. E eis que agora nos surge esta oportunidade de ganhar 1000€ (cerca de 34 Carolinas Salgado em moeda antiga), concorrendo ao melhor post do ano. O Custódio, do blog DinheiroOportunidade.com, um blog sobre como ganhar dinheiro na internet, está a fazer um concurso com um prémio de 1000 Euros. Não podíamos deixar de concorrer, até porque a campainha está a tocar e ou muito nos enganamos ou é o cobrador da Cofidis. Se não ganharmos desta, começamos a acreditar nos e-mails de nigerianos que nos prometem milhões se lhes emprestarmos mil euricos durante uns dias.
O Impróprio para Cardíacos toma a liberdade de concorrer com não um, mas dois posts. E isto porquê? Não porque a qualidade dos seus posts o justifique. Bem pelo contrário. Mas sim porque é propriedade de dois sócios com lugar cativo em bancadas radicalmente opostas, e à curta distância de um very-light. Rivais, portanto. Que explanam essa rivalidade em cada post. Que dão mais pancada um no outro que uma equipa do Jaime Pacheco. Que jamais conseguiriam chegar a consenso sobre qual o melhor post do blog. E que entretanto já nem se falam, mas isso agora não interessa.

Apresentemos então os concorrentes:

- E
quipando de vermelho (ou rosa) e atacando da esquerda para a direita, está o mítico post O Cão, o Gato e a Pulga, do mister Homem da Luz. Um vencedor antecipado.

- Trajando de verde (ou cor-de-burro-quando-foge), e atacando da direita para a esquerda, está o histórico post
A torradinha com pouca manteiga e o galão de máquina. Autoria: Rosa Lobato Faria, perdão, O 7 Maldito. Claramente, um vencedor antecipado ex-aequo.

Resta-nos agora esperar os resultados da votação com desejos de saudável desportivismo (arrrghhhh!), que ganhe o melhor e promessas de que se não abicharmos a milena soltamos os moldavos para cima do tal Custódio.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Perdoas-me Shéu?

Que levante a mão aquele que nunca fez uma graçola com o número de dedos da mão do Shéu. Ora contemos as mãos no ar…uma do Álvaro Magalhães ali ao fundo….mais alguém? Ninguém? Só o Álvaro? Ok.
Eu sou o primeiro a admitir que fiz e não foram poucas. E talvez por isso, a Divina Providência castigou-me: na segunda-feira fui vítima de um acidente de trabalho que quase me decepava o indicador da mão esquerda. Agora, com a mão entrapada e a deslocar-me de dois em dois dias ao centro de saúde para mudar o penso, aguardando pacientemente na fila que senhoras tirem os pontos da cesariana, gostaria de deixar aqui uma palavra de solidariedade para com o agora Director de Qualquer Coisa Que Ninguém Sabe Bem O Que É do SLB. Eu, melhor que ninguém, sei o que ele passou.
A primeira mudança na minha vida relacionada com o acidente não foi má de todo. Atraí imediatamente a compaixão das minhas colegas de trabalho: “coitadinho”, “mostra lá”, “oh pobrezinho”, foram as frases mais ouvidas enquanto me afagavam carinhosamente o couro cabeludo e encostavam a cabeça no meu pouco musculado torso. Pensei então em Bento, Pietra e Chalana, as colegas de trabalho de Sheu Han, afagando-lhe a carapinha e encostando as cabecinhas na sua peitaça, confortando-o. Confesso que esta imagem me enjoou mais do que quando vi as ensanguentadas profundezas da minha falangeta.
A segunda grande mudança e enorme motivo de chacota verificou-se quando fui à tasca do costume com os meus quatro melhores amigos e levantei a mão para mandar vir uma rodada de imperiais: chegaram apenas quatro cervejas. Shéu, amigo, passar uma vida a pagar rodadas de quatro imperiais pode saír mais barato, mas não paga as piadas que ouvimos…
Por fim, as mudanças ao nível da actividade profissional. Aqui, Shéu, saíste claramente a ganhar. Aposto que muitas vezes tentaste agarrar a camisola do adversário que fugia isolado mas ele...escapou-te entre os dedos. Pode até ter sido golo contra, mas quantos amarelos evitaste? Ora eu, escriba actualmente a jogar nas distritais (leia-se blogues), sinto-me agora mais coxo que o Mantorras. As ideias fluem na minha cabeça e as mãos vacilam no teclado. O dedo atingido tinha como principais funções a limpeza das cavidades nasais e o teclar do “a”, do “q” e do “z”. Se no que diz respeito à função otorrinica o homólogo direito assumiu provisoriamente a responsabilidade, no que concerne à escrita, o dedo médio teve que acumular tarefas. Ora isto gera insatisfação e cansaço acrescido para o sobrecarregado dedo. Até já recebi um pré-aviso de greve por parte do Sindicato dos Dedos Tecladores, pois recuso-me terminantemente a pagar-lhe horas extra. Em retaliação, decidi que até esta situação estar bem clarificada não lhe corto a unha.
Shéu, fica aqui um abraço amigo do 7 Maldito, desejos de saúde e que contes muitos. Pelos dedos, claro.
Agora vou-me plantar em frente à TV e torcer para que despachemos a Finlândia com uma mão cheia de golos. 4-0, portanto.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Vamos ajudar os pobrezinhos

Ontem tive a oportunidade de assistir ao 5º jogo Amigos do Ronaldo vs Amigos do Zidane, cujas receitas têm o benemérito destino de apoiar famílias que vivem com pouco mais de 20€ por mês. Inserido no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o “Jogo Contra a Pobreza” é uma partida que une todo o mundo do futebol e consegue pôr de lado as rivalidades por um bem comum, excepto obviamente aqui no Impróprio. Apesar de eu pertencer a uma família pobre, e que na sua maioria vive com os 400€ do salário mínimo nacional: a família benfiquista, fiquei a perceber que há para aí uns novos ricos que são bem mais pobres que nós. Digo isto porque a solidariedade dos dois craques vai para além das famílias financeiramente carenciadas, chegando inclusive até aos futebolistas tecnicamente carenciados. Só para terem uma ideia do bom coração de Ronaldo e Zidane, das suas equipas fizeram parte atletas de modalidades que nada têm a ver com o prática futebol como Schumacher ex-piloto da Ferrari, Sérgio Garcia golfista e Ronny atleta do Sportén. Foi até curioso ver como o jovem golfista espanhol Sérgio Garcia, encostado ao lado esquerdo do ataque da equipa de Zizou, toureou sem perdão o fraco Ronny, sem dúvida alguma o 2º jogador mais pobre de todos os que tiveram nas 4 linhas. E qual era o mais pobre? Não, não era o Pedro Emanuel, não era o barrigudo do Ronaldo, nem o guarda-redes do Boavista que encaixou 6 do Glorioso, era sim o paupérrimo Koke. Felizmente que Ronny e Koke estavam em equipas diferentes, caso contrário seria desleal, mas convidar estes dois toscos para jogarem é um enorme e comovente acto de solidariedade. Ora isto levou-me a ter uma magnífica ideia para um “Jogo Contra a Pobreza” mas desta vez realizado à escala nacional. Ora bem, porque é que não se organiza um joguinho entre equipas de outros dois milionários, também composta por atletas miseráveis e cujas receitas reverteriam a favor dos mais carenciados. O jogo chamar-se-ia “O Jogo da Pobreza” e iria opor as equipas Contratações de Luís Duque vs Contratações de Carlos Freitas.

Tenho a certeza que esta iniciativa iria ser, pela 1ª vez na história do SCP, um enorme sucesso mundial e chamaria a atenção do país e do mundo, para um dos maiores casos de pobreza à escala planetária:
O actual plantel do Sportén.

Junte-se a nós nesta grande iniciativa humanitária: Está na hora de ajudar os mais desfavorecidos!

domingo, 18 de novembro de 2007

Espírito Natalício

Não há paciência para as fases de apuramento dos Europeus e Mundiais. E muito menos agora que a "Europa", segundo o mapa da UEFA, acaba praticamente nos arrabaldes de Ho Chi-Minh. Por dá cá aquela palha interrompe-se um animado campeonato nacional à conta de um jogo com uma qualquer equipa de um país onde até há bem pouco tempo os habitantes viviam em tendas nas estepes, alimentando-se sobretudo à base de leite de iaque e primos direitos. O que vale é que passado este tormento lá vem a fase final, com o Scolari a pedir bandeirinhas nas janelas e eu a gastar a carrinha familiar que tinha prometido à patroa em quinze dias de cerveja e futebol na Áustria e na Suíça.
Mas nem tudo é mau. Estas pausas podem servir para aquele brilharete anual do género "querida, e se fôssemos passar um fim-de-semana a Londres só nós os dois?". Foi o que fiz, começando desde já a acumular créditos que serão integralmente gastos na tal ida ao Euro 2008, se os finlandeses não se armarem em espertinhos, claro.
Em Londres, Portugal continua na berlinda. Desenganem-se os que pensam ser por causa de José Mourinho. Já o esqueceram. Desde que saiu que o Chelsea começou finalmente a ganhar e a jogar bom futebol e as criancinhas a irem para a escola sem medo de levarem um puxão de cabelos. Os jornais chegaram mesmo a publicar capas com o esclarecedor título "José who?".
É a pequena Maddie que ainda dá que falar. Teorias, mais teorias, a incompetência da nossa polícia, amigos da família, teorias, a incompetência da nossa polícia, e por aí fora. Eu continuo na minha: cá para mim o Binya não é 100% inocente nesta história, mas pronto...
O que me faz regressar ao teclado deste computador é uma fantástica notícia que vi na televisão local: acreditem ou não, um pacato cidadão de uma mais pacata ainda região britânica ganhou 7 milhões de libras na lotaria. Isto equivale a qualquer coisa como 10 milhões de euros. Nada de especial dizem vocês. Certo, mas eu ainda não vos disse como é que o senhor pretende gastar o arame. Ao que parece, o indíviduo apressou-se a trocar de casa, a comprar um carro novo e a fazer umas obras no pub de que é proprietário. Feitas as contas, ainda lhe sobraram uns 8 ou 9 milhões de euros. E se uns poriam esta considerável maquia a render no banco ou aproveitariam para antecipar a reforma, este nosso amigo decidiu agarrar no livro de cheques e tratar de comprar um jogador para o seu clube. E atenção que estamos a falar de um clube aí da 3ª ou 4ª divisão local!
A princípio confesso que fiquei estupefacto. Mas rapidamente comecei a dar razão a este mecenas da bola. Na verdade, o homem é um visionário. E a sua generosidade e invejável espírito natalício conquistaram-me.
Assim sendo caros leitores, aqui O 7 Maldito, que joga todas as semanas no Euromilhões, promete desde já que quando (sim quando, porque isto - tal como um golo do Cardozo - é uma questão de tempo, muuuito tempo) ganhar o primeiro prémio, dirigir-se-á de imediato ao edifício da SAD leonina e comprará de uma assentada os passes do Yannick Djaló, do Ronny, do Purovic, do Paredes, do Gladstone, do Marian Had e do Stojkovic, garantindo assim que nunca mais voltam a envergar "a verdibranca". Serão colocados em lugar seguro, como por exemplo um cofre forte no balcão da CGD de Moimenta da Beira, com abertura programada para daqui a 100 anos. Espero assim proporcionar a toda a Família Sportinguista um Feliz e Santo Natal.
Amen.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Casamento Cigano

Sábado à noite o meu cunhado entrou para o único clube que rivaliza com o Sportén nas tristezas que dá aos adeptos: o clube dos casados. Porém, creio e desejo que neste caso haverá um futuro glorioso, em parte devido à boa formação do rapaz que tem tudo para ser um bom chefe de família: sócio praticante do Benfica. Para festejar a união do casal as suas famílias brindaram os convidados com uma festa de arromba que ficará para sempre guardada na minha memória como um dos mais bonitos e divertidos casamentos a que fui. Acreditem que não é gentileza da minha parte, sou daquelas pessoas que considera um casamento tão bonito quanto o futebol praticado pela equipa de Paulo Bento. Mas só para terem ideia da qualidade da festa, a certa altura olho para o palco e estava José Cid (a mãe do rock português) a cantar o famoso “No dia em que o Rei fez anos”, um tema que todos sabemos ser dedicado a Eusébio e, que por isso, me comove especialmente. A festa terminou 23 vodkas tónicos depois, já nascia o sol.

Acordei no dia seguinte, perdão na tarde seguinte, com uma surpreendente dor de cabeça. O vinho era um alentejano de Reserva, as cervejas estavam geladinhas, o vodka tinha sido entregue em mãos pela máfia de leste e eu tinha tido um enorme cuidado nas porções que ingeri. Mas enfim, ao longo dos anos já me habituei a encarar a ressaca um pouco como encaro o sportinguismo, ou seja, como um mal necessário. O que eu não sabia é que a festa de casamento continuava pela noite fora de domingo. Primeiro com uma linda cerimónia na Catedral da Luz, onde os atletas benfiquistas presentearam os noivos com meia-dúzia de golos (a maior goleada da época) e passando a ser o melhor ataque da prova. Houve golos para todos os gostos e os já normais 5 minutos finais à Benfica onde marcámos 3 golos e, a pedido do noivo, Bergessio evitou o dilatar do marcador para um resultado que não pode ser um bom augúrio para nenhum casamento.

De seguida, passámos para o mais belo Estádio de Portugal onde nos deliciámos com um maravilhoso banquete da gastronomia minhota. O chefe desta iguaria foi o treinador interino do Braga que orientou pela primeira vez na vida uma equipa da 1ª divisão e cozinhou três pratos que encantaram os convidados. No final do banquete, e após se terem ovacionados OLÉS por mais de dez minutos, gostei de ouvir o Paulo Bento dizer aquilo que eu ando aqui a dizer há mais de dois meses: “Esta equipa não teve dignidade”; “Fizémos um jogo horrível”; “A derrota foi justa e agora estamos no lugar que merecemos”. É certo que são coisas desagradáveis de se ouvirem num casamento, mas fale agora ou cale-se para sempre. Já agora, obrigado Mister por fazer suas as minhas palavras e, principalmente, por ler o nosso blogue. Quanto aos jogadores do Sportén, só vieram demonstrar que em Braga é que eles estão bem, é que há ainda tanta, mas tanta pedra para picar!

A terminar, um pézinho de dança ao ritmo de DJ Faquirá e a sua selecção de bossa nova, kuduro e electro-kizomba. Destaque para o final da sessão do moçambicano com 5m apoteóticos em que, quando já ninguém esperava, voltou a levantar todos os convidados noutra eufórica celebração.

Após duas noites de grande alegria garanto-vos que, aqui no Impróprio, a festa vai continuar. É de copo erguido na mão e com a voz rouca que grito: Viva os noivos!

Deixai vir a mim os Binyas

Pequena nota introdutória:
Se este blog fosse “A Bola” ou o “Record”, o título deste post seria “Castanhada”, fazendo a ponte entre a “situação” que ontem se verificou em Braga e o dia de S. Martinho que simultâneamente se comemorava. Mas não. Tanto eu como o Homem da Luz temos a 4ª classe completa e nenhum dos dois foi lobotomizado. Por isso não caímos na esparrela do trocadilho barato e da piada fácil. Para isso, dirijam-se ao quiosque mais próximo, sff.

E agora sim, o post:
Assim que terminou a partida na pedreira Souto Moura, comecei a receber uma enxurrada de SMS’s de cariz provocatório, desafiando-me a colocar de imediato um post no Impróprio acerca da tragédia a que todos acabáramos de assistir. Como denominador comum, todas essas mensagens tinham o facto de serem remetidas por elementos assumidamente benfiquistas, o que nos permite tirar duas conclusões:

- É de investir em acções das telecomunicadoras nacionais em vésperas de deslocações complicadas do Sporting (sendo que actualmente todas as deslocações são complicadas). A quantidade de mensagens enviadas só encontra paralelo no Natal e Ano Novo.

- Os benfiquistas querem sangue. Estão de barriga cheia, os seus egos mais inflados que nunca, e os seus tiques de superioridade impedem-nos de resistir quando vêem o adversário por terra. É compreensível, e é por estas e muitas outras que eles nos divertem.

Quanto ao jogo propriamente dito, não há nada a dizer. Passou em canal aberto para desespero dos sportinguistas e gáudio dos comentadores da TVI. Se uma imagem vale por mil palavras, então as imagens daqueles 90 minutos valem por milhões de insultos. Mas contrariamente ao que muitos pensariam, aqui o vosso amigo 7 Maldito não se esconde nas horas difíceis. Estou aqui nos bons e nos maus momentos (mesmo não me lembrando do último bom momento...). Avanço, rasgo a camisa e dou o peito aos vossos very-lights. Melhor ainda: baixo a meia até ao tornozelo e ofereço humildemente a minha magra e peluda canela aos milhões de Binyas que estão aí emboscados, ansiosos por libertar a virilidade na caixa de comentários. Força. O árbitro não está a olhar.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A torradinha com pouca manteiga e o galão de máquina

“Bom dia Sr. Mário”
“Bom dia, caro amigo”, responde-me o simpático estalajadeiro, “é o costume?”.
“É o costume?”. Foi quando ouvi pela primeira vez esta pergunta – há uns anitos atrás – que percebi que estava a ficar velho. Até então vinha negando todas as evidências: conta ordenado, deixar de conhecer os porteiros das discotecas, a mesma namorada há mais de seis meses, acordar às 10 da manhã de Sábado, deixar passar o prazo de validade ao Guronsan, etc.
Quando o dono de um café nos pergunta se “é o costume”, não nos está a perguntar se é a torradinha com pouca manteiga e o galão de máquina da praxe. Não. Está apenas a dizer de forma simpática que estamos velhos e acomodados. Que baixámos os braços. Que nos deixámos enrolar de tal maneira na viscosa teia dos nossos hábitos que já nem conseguimos pedir um abatanado em vez do galão. Às vezes até esboçamos uma ténue reacção e fingimos que tentamos remar contra a maré. Eu, por exemplo, vou de vez em quando a um restaurante japonês ali para as bandas de Sete Rios. O empregado paquistanês dá-me o menu e eu penso sempre “hoje vou pedir algo diferente”. Olho, olho, olho, o empregado começa com a pressão psicológica, eu baralho-me no meio de tanta japonesice e, na dúvida, acabo por ceder: “é o sushi-sashimi mori, uma sopa de miso e uma imperial”. Sempre, desde que o estabelecimento abriu. Se o paquistanês tivesse nascido em Linhares da Beira como o Sr. Mário, diria certamente “o costume, portanto”. E eu, envergonhado, teria que admitir.
Os jogos do Sporting com equipas italianas funcionam exactamente com a mesma lógica. Eles chegam à Portela e já sabem que vai ser “o costume”. Os jogadores do leoninos sobem ao relvado e inconscientemente sabem que aquilo vai acabar “no costume”. E eu sento-me ali no Sector A4 com a secreta esperança que não se repita “o costume”. Não há volta a dar. Não dá para fintar o destino como Liedson fintou o Mexés. É assim desde que me lembro de ver futebol. Desde a eliminatória com o Nápoles, dos tempos de Maradona (sim, vi D10S a jogar!), seguindo-se outras com o Inter de Matthaus, Brehme e Klinsmann ou Milan de Shevchenko. Isto para nem falar da Udinese, do Torino, da Atalanta ou outros Paços de Ferreira transalpinos (eis uma palavra que tal como gauleses, magiares e teutónicos já só existe no léxico futebolístico).
E o que é “o costume” com as equipas italianas? “O costume” é o Sporting fazer o melhor jogo da época, dominar a partida, ter mais posse de bola, correr o dobro, rematar o triplo, ter o “Man of the Match”, receber elogios de toda a imprensa italiana, portuguesa e até do Rui Santos, saír debaixo de aplausos e no final não ganhar. Porque há sempre um golo mal anulado, um fora-de-jogo mal tirado, um poste no sítio errado, uma “casa” do Abel, ou uma cabeça do Polga. Como de costume.
O inglês Gary Lineker costumava (repararam na subtileza literária?) dizer mais ou menos a mesma coisa no que dizia respeito à selecção que capitaneava: “o futebol são onze contra onze e no final ganham os alemães”. “As usual”, diria o Sr. Mário se não fosse estalajadeiro.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Gentlemen

Outros títulos que este post poderia ter, seriam por exemplo: Um azar do Cardozo; ou Whisky a martelo; ou ainda Que grande gaita. Mas não, optei por este porque creio ser o que melhor espelha o jogo Celtic – Benfica. Como todos sabem, Camacho declarou que este era “um jogo para homens”. Após o resultado final, não posso deixar de dar os parabéns a Camacho e aos jogadores por tão bem terem erguido um dos nossos principais valores como benfiquistas e como homens: o cavalheirismo. O Benfica é claramente superior ao Celtic e só não ganhou por uma questão de educação e respeito pelas mulheres. Para nós, custa-nos muito ganhar um jogo quando do outro lado está uma equipa que se veste de saias e num Estádio onde estão mais de 35.000 saias nas bancadas (cerca de mais 1.700 do que há em média no Estádio Zé de Alvalade).
Os primeiros 45m do Benfica foram de classe e pura nobreza, onde falhamos com gentileza dezenas de oportunidades de golo e ao cair do pano, num enorme gesto de cavalheirismo desviámos um remate para dentro da nossa própria baliza.
Na segunda parte, quando tudo apontava para um final à Benfica, Camacho evitou o inevitável golo do Benfica ao retirar o Maestro, e colocar o Bergessio em vez do talismã Conguito da sorte.
Estou seguro que nos próximos jogos, com o Shaktar e Milan, o Benfica não será tão cavalheiro e irá vencer ambas as partidas, passando - como é hábito – à fase seguinte da Champions. É que o Benfica não dá hipóteses quando os jogos são de homem para homem.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Papoilas saltitantes

Camacho avisou: o jogo de hoje contra o Celtic "é para homens".
Acabo de receber um telefonema de Glasgow, garantindo-me que os ruidosos adeptos escoceses já estão nas ruas, mais bêbedos que o Toni, a comemorar antecipadamente a falta de comparência da turma encarnada.

domingo, 4 de novembro de 2007

Crónicas do Sahara – Parte II (e última porque senão no Natal ainda estamos nisto)

Como sabem, a Líbia é um estado totalitário governado com mão de ferro há 38 anos pelo Coronel Muhamar Kadhaffi. Durante décadas, o seu país funcionou como uma espécie de Harvard ou Sorbonne do terrorismo internacional: operacionais da OLP, da ETA, da Al-Qaeda ou do IRA acorriam à Grande Jamayria Popular Islâmica (como o Coronel rebaptizou o país) para tirar magníficas pós-graduações em “Rebentamento de carros-bomba”, “Despedaçamento de Governantes Imperialistas”, “Auto-explosão em Transportes Públicos” e por aí fora. Uns dos seus alunos receberam um Doutoramento Honoris Causa ao mandarem pelos ares (literalmente) um 747 da British Airways sobre a localidade escocesa de Lockerbie e consta que Olegário Benquerença terá aí aprendido como rebentar com as aspirações do Sporting.
Dentro de portas, o senhor também não brinca em serviço. A malta fia bem fininho, de tal maneira que não há vestígios de qualquer oposição política, e a palavra crime não consta dos dicionários locais. Drogas e alcool são proibidas, sob pena de quem prevaricar passar a usar a aliança de casamento no pulso, se é que me faço entender...
Foragido da capital Tripoli, refugiei-me no deserto do Sahara, onde fui piamente acolhido por uma simpática família touareg. E foi aí que pude ver com os meus próprios olhos as horríveis torturas e provações a que o ditador sujeita os seus cidadãos. Creio mesmo ter sido a primeira vez que um ocidental terá presenciado tamanhas atrocidades, por isso, mais do que um post, este texto é um grito desesperado de alerta e pedido de ajuda ao Mundo em nome de toda a população líbia.
Era Domingo e o sol já tinha desaparecido no horizonte, cobrindo aqueles mares de areia com um fino manto alaranjado. A família Mouftah (nome fictício) reunia-se para jantar, sentando-se nas almofadas dispostas em torno de um velho tapete em tons de castanho. No centro, tâmaras, couscous e um estufado de borrego e legumes, com chá verde a acompanhar. Aparentemente, tudo decorria com normalidade. Mas subitamente, os acontecimentos precipitaram-se. O chefe de família ligou a TV de fabrico chinês que se encontrava no canto da sala. Depois de um rápido zapping, sintonizou num canal local, e o horror abateu-se sobre aquela casa: em directo desde a ilha da Madeira transmitia-se o Nacional x Sporting.
Obrigar os pobre líbios a assistir a um jogo como este é uma barbárie. Nem os piores tiranos e os mais sanguinários genocidas merecem tamanho castigo. O sofrimento daquelas gentes era evidente: cada nova jogada do Yannick provocava-lhes traumas irreparáveis. Cada grito da claque do Nacional causava-lhes esgares da mais insuportável dor. Cada entrada do Ávalos levava-os ao desespero. Foram 90 minutos de fazer inveja aos carcereiros de Guantanamo.
Por menos do que isto já a ONU enviou batalhões de capacetes azuis. Por menos do que isto já os Estados Unidos arrasaram civilizações. Por menos que isto já a Oprah Winfrey nos obrigou a ver programas de beneficiência com a Celine Dion e o Michael Bublé.
A quem me estiver a ouvir: há um povo em sofrimento, a sentir na pele as mais atrozes torturas. Ajudemo-los antes que seja tarde, pois temo que na noite de Sábado tenham sido forçados a ver o Paços de Ferreira x Benfica, em mais uma brutal forma de tortura psicológica que pode mesmo ter terminado em hediondos suicídios colectivos.

PS: já que estamos em maré de solidariedade, quero deixar nestas horas difíceis uma palavra de apoio às alternadeiras portuenses. Com tanto favorecimento nas últimas jornadas ali para os lados do Dragão, temo que as senhoras estejam a fazer horas extraordinárias para dar despacho às filas de árbitros e fiscais-de-linha que entretanto se formaram.

sábado, 3 de novembro de 2007

Portugal dos pequeninos

Acho injustas as críticas que se têm feito à Taça da Liga. A mim, parece-me uma prova inovadora, bastante bem estruturada e que veio dar uma lufada de ar fresco à competição futebolística. Desde o princípio, os organizadores da Taça da Liga sempre disseram que a prova se destinava a promover a competição e servir de montra às denominadas “equipas mais pequenas”. Agora que já são conhecidos os 4 finalistas da Taça da Liga, constatamos o sucesso absuluto da competição ao atingir os desígnios a que se propôs. No único jogo entre equipas da 1ª divisão, o Benfica foi a Setúbal rodar a sua equipa B e os titulares do Vitória venceram com uma excelente exibição. O jogo serviu para mostrar que Miguelito é um pequeno Marian Had e que o central Ed Carlos joga melhor a trinco que Paredes. Parabéns ao Vitória e seus adeptos que mereceram inteiramente o prémio e a festa.
Por outro lado, gostaria de muito desportivamente dar os parabéns a todos os sporténguistas que viram a sua equipa vencer o Fátima, num jogo muito disputado e equilibrado, com ambas as equipas a apresentarem o seu melhor onze, onde se viram 5 golos, e até se poderiam ter sido mais não fossem os jogadores do Fátima terem falhado inúmeras oportunidades de golo, e ainda, terem enviado duas bolas ao poste. No final do que muitos consideram ter sido a final antecipada, foi bonito ver a festa dos jogadores e adeptos leoninos, que festejaram a vitória exactamente da mesma forma como costumam festejar um empate no Estádio da Luz. Antes disso, quando o Depilator fez o 3º golo do Sportén, o país teve a oportunidade de ver a enorme alegria de todo o banco de suplentes do Sportén, os saltos de alegria de Pedro Barbosa (por uma razão diferente que uns croissants de chocolate) , a benção de joelhos de Paulo Bento que não acreditava na misericórdia do Senhor , e melhor de tudo, a invasão de campo dos suplentes do Sportén que pensavam ter ganho a Champions.
São imagens destas que ficam na história do futebol português, por tão bem ilustrarem a grandeza da nova competição, bem como, a grandeza da actual equipa do Sportén. Pequeninos, muito pequeninos.