Foram breves, muito breves, os momentos de desânimo e ira que me tomaram de assalto após o apito final do Portugal vs Dinamarca de ontem. Porque logo de seguida, ainda o Quim não tinha vindo admitir que afinal não passa de um sósia do Ricardo, já uma tranquilizante e apaziguadora sensação de paz me invadia. Dei um último gole na cerveja que aquecia inerte na minha mão desde o minuto 85, recostei-me no sofá, tirei o som à televisão (maldita TVI), deixei que as pálbebras se cerrassem preguiçosamente e flutuei até à longínqua temporada de 1994/95.
Nessa altura, não muito longe do palco do jogo de ontem, no velhinho Alvalade, jogava e encantava uma equipa do Sporting que ficaria para a história pelo fabuloso naipe de jogadores, pelo belíssimo futebol praticado e pela ausência de títulos conquistados. E quem era o treinador? O leitor esclarecido, atento e ainda pouco atacado pelo Alzheimer já adivinhou:
o Professor Carlos Queirós.Tal como hoje, já em 1995 a imprensa tecia loas ao espectacular futebol jogado pela equipa do então bigodudo professor. Tal como ontem, não se ganhava. Se ontem o Professor contou com Ricardo Carvalho, Bosingwa, Pepe, Deco, Simão, Nani e outras estrelas do futebol mundial, nesses tempos proto-históricos tinha à sua disposição Valckx, Naybet, Figo, Balakov, Amunike, Sá Pinto, Peixe, Juskowiak, Capucho e Cadete. De falta de jogadores talentosos nunca se pôde queixar. E ontem, tal como dantes, a equipa adormeceu nos minutos finais como se uma palestra sua estivesse a ouvir. E o resultado foi o que se viu.
Mas o que interessa é que jogámos muito bem. Foi até a melhor exibição de Portugal nos últimos anos, segundo dizem. Perdemos, é certo, mas isso não interessa nada. Interessa é dar espectáculo.
Eu já vi isto antes. E não acabou nada bem.