segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Voltem sempre

Às 15h30 de Sábado tive uma premonição. Leio as declarações de Paulo Bento, dos jogadores que ainda não expulsou do plantel, dos comentadores verdinhos de blogues e não tenho dúvidas: vamos ganhar aos pavões! Telefono a um amigo, convenço-o da minha fé e seguimos para adquirir ingressos. Daí até à felicidade foi uma grade de minis e dois golinhos à Benfica.
Deixo-vos uma análise individual de todos os participantes desta noite normal e quotidiana do futebol português:

SLB
Quim: Voltou a ser guarda-redes do Benfica e não o guarda-redes da Selecção.

Maxi: Noite tranquila a comer gelados e a rosnar a quem se tentava aproximar da sua zona. O letreiro “cuidado com o Maxi” colocada à entrada do lado direito da nossa defesa acabou por surtir efeito.

Jorge Ribeiro: Quando corre só me faz lembrar metade do corpo do Sagitário que aparece naquele anúncio do Banif. Braços arqueados, tronco imóvel e cabeça erguida. Quando chega junto à baliza contrária, também opta por um forte e perigosíssimo coice.

Miguel Vítor: O aluno das escolas do Benfica fez o seu 1º derby com 19 aninhos e mostrou que tem boas bases. Os quatro avançados do SCP estiveram em campo e nunca conseguiram levar a melhor sobre o rapaz. Na nossa escola habituamos desde muito cedo os pequeninos a torcerem verdes pepinos. E foi isso que o Miguel Vítor se limitou a fazer durante os 90m.

Sidnei: Também fez o seu 1º derbi aos 19 anos, também secou os 4 melhores avançados do SCP, também lhes torceu o pepino e, não satisfeito, ainda fez um belíssimo golo. Uma das melhores exibições na Luz e das melhores contratações dos últimos anos.

Rúben Amorim: Foi para mim o melhor jogador do Benfica na 1ª parte, onde mostrou ter aquilo que falta a Paulo Bento: inteligência.

Carlos Martins: Uma coisa boa e outra má. A boa: saiu a 10m do fim a gritar: “para vocês 10 jogadores chegam e sobram”. A má: festejou o 2º golo com mais exuberância do que eu. Não se faz!

Yebda: Um concentrado de Fernando Aguiar e Tarzan Taborda, com a capacidade física de 3 Vanessas Fernandes. O meio-campo é dele, dele e só dele.

Reyes: Já sabíamos que quando se joga com o SCP é Natal quando um homem quer. Com ele em campo, para além de Natal é dia de Reis e com direito a prendinha. Aquele golo fica na história como um dos mais belos de todos os derbis.

Nuno Gomes: Fez o que tinha a fazer: falhar um golo de baliza aberta. Saiu pouco depois.

Cardozo: Levou 15 cotoveladas na nuca de Tonel e provou que sumaríssimos é só para jogadores do Benfica. Falhou um golo num remate à meia-volta numa das melhores jogadas do encontro. A expressão "Toma que é Cardozo" fica adiada para a 2º volta.

Katso: Entrou para ganharmos o meio-campo e logo a seguir ganharmos o jogo. É seguramente o melhor trinco a jogar em Portugal e um dos piores defesas centrais do plantel encarnado.

Di Maria: O miúdo entrou para brincar, para fazer fintas, enervar os jogadores leoninos e divertir os adeptos. Conseguiu.

Aimar: Gozado pelos sportinguistas, entrou para resolver o jogo. A assistência para o golo de Reyes é de tal maneira açucarada que amanhã vou já fazer uns exames para ver se estou com diabetes.

Quique Flores: Faz substituições e festeja golos à Mourinho. Olé!

SCP
Rui Patrício: Muito seguro entre os postes, sobretudo na forma como se dobra para ir buscar a bola ao fundo das redes. Dois gestos técnicos que me ficaram na retina.

Abel: Ainda salvou o 1º golo de Reyes com a cabeça, mas foi tal a potência do remate que não mais recuperou a consciência.

Tonel: 15 cotoveladas na nuca de Cardozo (via-se do 3º anel!) e nenhum amarelo. Na capa da edição de ontem do DN aparece na foto do 2º golo a puxar com as duas mãos a camisola de Cardozo. De certeza que não vai ter um sumaríssimo. São as vantagens de jogar num “clube diferente”. Espero que fiques por muitos, muitos anos.

Polga: O único campeão do mundo a jogar em Portugal anda perdido em campo. Será que vai voltar do Brasil após as férias de Natal? Hmmmmmm

Grimmi: É tão fraquinho que parece saído de um conto para crianças da autoria do Barbas.

Rochemback: Demasiado pesado, desconcentrado e desinteressado do que se passa nas 4 linhas. No Benfica poderia ser um excelente calcador de relva para entrar ao intervalo.

Pipi: O nome diz tudo. Não tem a garra de um Homem e ainda tem cabelo à Spock.

Moutinho: Não era para jogar, mas a equipa técnica do SCP conseguiu ir buscá-lo pela 47ª vez esta época à sala de embarque do aeroporto com destino a Inglaterra. Apresentou-se em campo com jet-lag.

Yannick: Aos 48 segundos confirmou o que todos os benfiquistas acham dele: péssimo jogador de futebol, mas um excelente estafeta de urgência para a DHL. Dêem uma bola ao Obikwelu e o resultado será o mesmo

Hélder Postiga: excelente exibição do portista, perdão sportinguista. Exímio na forma como recebe a bola com os braços e mãos sem ser falta, e na forma como prende os adversários nos cantos sem ser penálti. Enfim, um verdadeiro jogador à Sporting...

Derlei: Jogou? Mas o gajo ainda joga? A sério?!?!

Liedson: Está de volta aos relvados, mas só na próxima semana é que vai jogar. Sábado o Miguel Vítor não deixou, lamentamos.

Pereirinha: Uma pêra doce para qualquer extremo esquerdo do Benfica, incluindo o Chalana.

Paulo Bento - Exímio na forma como motivou os jogadores e adeptos encarnados antes do jogo. Foi ele que me fez mudar de ideias e ir à Nova Catedral. O meu mais sincero e profundo agradecimento à sua pessoa (é pessoa, não é?).

E agora que venha o jogo de 5ª feira que é mais importante e será, seguramente, muito mais difícil.

domingo, 28 de setembro de 2008

Podem começar

Não se acanhem. Eu estava a pedi-las...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O amigo Duarte


Se você está neste momento no Impróprio para Cardíacos, deduzo com a clarividência de Quim na hora de saír a um cruzamento que é um cidadão info-incluído. E se é um cidadão info-incluído, decerto terá ouvido falar (e muito provavelmente fará parte) das chamadas "redes sociais", páginas web onde a rapaziada faz ciber-amizade, muitos na esperança de um dia virem a consumar o ciber-amor. Hi5, Orkut, Facebook e MySpace são apenas algumas delas.
Aí, a malta vai vasculhando os amigos dos amigos dos amigos, lança uns pedidos de amizade e assim aumenta a sua tentacular projecção social. Resumindo, "é o convívio", algo que os portugueses tanto prezam.
A pouco mais de 24 horas do derby - a razão de ser deste blog - só me preocupa uma coisa. Não é a lesão do Izmailov nem a ausência do Luisão. É antes todo o queixume e choraminguice da nação benfiquista a propósito das arbitragens. Eu sei bem onde é que eles querem chegar com estas lágrimas de águia.
Por isso, a única coisa que espero é que a partir de Domingo aqui o latagão da foto não tenha mais 6 milhões de amigos...

Quem quiser fazer a amizade com o Duarte no Hi5, clique aqui



(centro açucarado para o Visconde, que descobriu esta pérola)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Medicina do Viajante

“Sr. 7 Maldito!”, grasnou a enfermeira.
Depois de três horas na sala de espera a ler a Nova Gente de Outubro de 2005, cuidadosamente recortada e estripada por mamãs com o talento do Dexter em busca de matéria-prima para os trabalhos manuais dos rebentos, chegava a minha vez. Mas para melhor entendermos as razões que me levaram ao hospital, convém contextualizar.
Como saberá o leitor acostumado a viajar e o governante com negócios duvidosos em Angola, antes de partirmos para um destino, digamos…exótico, qualquer clínico geral recomendará a comparência numa consulta da chamada Medicina do Viajante. Assim fiz quando andei perdido pelo Sahara, quando me embrenhei pelas florestas da América Central ou quando quis conhecer as maravilhas do Triângulo Dourado (podia ser uma táctica do Paulo Bento, mas é uma região compreendida entre a Tailândia, Birmânia e o Laos). Desta feita, decidi empreender nova viagem e testar ao máximo os meus limites físicos e psicológicos. Embrenhar-me numa região inexpugnável, onde provavelmente nenhum ser civilizado antes chegou. Consciente dos perigos que podem estar à minha espera, decidi ser um novo Dr. Livingstone.
“Você é louco!?”, vociferou o médico. “Tanto destino na montra da Abreu e você tem que ir para essa terra de ninguém? Porque é que não vai para Punta Cana? No ano passado fui lá a um congresso com a minha senhora e gostámos. Ela simpatizou muito com os nativos…”
Tentei acalmá-lo: “Estou à procura de novas experiências, doutor. De conviver com novas civilizações, saír deste nosso mundinho e abrir os meus horizontes, ver coisas que nunca ninguém viu. Quem sabe escrever um livro de viagens quando regressar e dar a conhecer ao mundo aquilo que vi, tal como fizeram os exploradores britânicos do séc. XIX”.
“Isso se tiver a sorte de regressar…”, murmurou o clínico.
Quando finalmente concluiu ser impossível demover-me (e sobretudo porque já passava das 18h), pegou na sua Cross em ouro gentilmente oferecida por um laboratório farmacêutico, no bloco de receitas e prescreveu mezinhas para toda a sorte de ruindades que em tão tremendo destino me podem acometer: profilaxia da malária (Atovaquona 250 mg + Proguanil 100 mg), vacina do tétano, hepatite A, hepatite B, poliomielite, febre tifóide, encefalite japonesa e raiva. Pelo sim pelo não receitou também umas pastilhas para purificar a água, que eu usarei na cerveja e desinfectantes para o caso de ser mordido por algum animal selvagem. Aconselhou-me vivamente a fazer um seguro de viagem. A senhora da farmácia que me aviou a receita despediu-se de mim com os olhos marejados de lágrimas. Duvida que me volte a ver.
Lá para o final da semana reúno a família e os amigos mais próximos para um jantar. Não sou pessimista, mas pode bem ser o último.
É que Sábado vou à Luz.

sábado, 20 de setembro de 2008

Porca miséria

A ida do Benfica a Nápoles não trouxe grandes novidades. O Glorioso continua sem ganhar, o azar continua a bater à porta que dá acesso ao 3º anel, Quique continua sem encontrar o melhor 11 do Benfica, as equipas que vestem azul de branco continuam a dar porrada porque são inimputáveis a expulsões, penaltis ou sumaríssimos, e o Benfica continua a apanhar àrbitros à moda da casa – por acaso em vez do tradicional sabor a tripas recheadas com fruta, saiu-nos um prato de cozinha italiana: Castanhada à Napolitana.
Tenho a certeza que os sportinguistas que viram o jogo do Glorioso terão ficado incomodados com a violência de alguns lances dos jogadores do Napóles. Tenho a certeza que os que têm filhos, não os deixaram ver o resumo do jogo e explicaram:

- Filho, lembras-te como nos insurgimos com as imagens brutais do Luisão a dar uma cotovelada no Supanaru?
- Quais imagens? Aquilo parecia as imagens da agressão do Cebola ao Nuna, não se vê népia Papá...
- É por isso mesmo filho. Estas até o Mário Crespo via sem óculos.

Vá, agora vai estudar que é para um dia também seres Presidente do Conselho de Justiça da Federação. E lembra-te sempre: “PLURIBUS UNUM, SUMARISSIMIUM EST”!

Em Itália também há muitos homens que vivem segundo um código de honra muito semelhante ao que desperta (e irá despertar todos os dias das suas vidas) nos sportinguistas, portistas e arbitrinhos (os frutos da união de facto dos dois primeiros).
Não tenho bem a certeza, mas parece-me que em Nápoles não chamam “Papá” a esses homens. Tenho ideia que lhes chamam “padrinho”.



quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Encomendem as faixas


Com o prazo para inscrições a terminar esta 6ª feira pelas 18 horas, a Liga Record Impróprio para Cardíacos conta até ao momento com 17 planteis inscritos. Proprietários desta casa, blogues rivais, comentadores habituais e desconhecidos ocasionais passarão das palavras aos actos, tentando demonstrar no campo virtual aquilo que valem (ou não).
Se têm as dívidas ao Fisco, salários em atraso e não trocam uma frutinha para dormir por nada, juntem-se a esta Liga. Para o vencedor está prometida uma magnífica taça (logo decidimos se de alumínio made in China ou de espumante no Calor da Noite).

Para inscrições na Liga Record clicar aqui

Código da Liga Impróprio para Cardíacos: improprio

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

4€ de optimismo



Eu acreditava. Juro que acreditava. Ok, só acreditava 4€, mas acreditava.
Verdinho...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Vinho e Trás-os-Montes


Estava em plena A1 quando ao sinal da saída para a Mealhada, oiço a minha voz interior gritar: "Encosta no leitão pá!". Cedi à voz da consciência e dirigi-me a uma grande instituição da pedofilia suína que dá pelo nome de Octávio dos Leitões. Degluti uma dose, comecei a treinar o pedido de finos em vez de imperiais e segui caminho. Próxima paragem: Amarante. Atravesso a belíssima ponte de S. Gonçalo, examino o Convento e alojo-me sobre o espelho do Tâmega. Ao chegar a noite, mergulhei num delicioso Arroz de Cabidela e meio jarrinho de tinto da casa.
Prossegui pela ruas vizinhas ao Museu Amadeo Souza Cardoso, bebendo digestivos que acalmassem o meu estômago desnorteado. Foi assim que conheci o Raúl, grande benfiquista que ao saber do meu incondicional fervor encarnado serviu-me todos os whiskys a transbordar do copo e acompanhado da seguinte frase: "Ora mais um whiskyzinho à Benfica!" Conversa puxa conversa, e lá tive de tocar num tema muito difícil para qualquer benfiquista de Amarante: "Ó Raul, e o Nuno Gomes nasceu aqui não foi?" Amargurado e a sussurrar, confessou que sim, disse-me que andou com ele na escola, que jogaram futebol juntos e já nessa altura o Raúl marcava mais golos. Explicou-me que a casa onde o Nuno cresceu não era longe do sítio onde eu estava hospedado e mudámos rapidamente de conversa.
Acabei de beber o meu último "whiske", despedi-me do Raúl com um abraço e disse-lhe: "Sinto-me a ficar igual ao Soares Franco, é melhor ir deitar-me". E assim fiz, porém antes de chegar a "casa" deu-me uma vontade indómita de urinar. Acerquei-me de uma sarjeta escondida e deixei fluir. Comecei a abrir os olhos e a aperceber-me que, segundo as indicações do Raul, estava precisamente junto da casa que viu o cabelo de Nuno Gomes crescer. Soltei a bexiga com novo entusiasmo e tentei focar numa placa colocada no exterior da casa. Ao conseguir ler o que estava escrito, dei graças a Deus por já estar a urinar. É que se tivesse sido apanhado de surpresa, aquelas duas palavras teriam provocado uma forte incontinência pelas pernas abaixo. Acreditem ou não, a placa tinha escrito: Cabeleireiro Amélia!

Segui para Bragança, onde tive cuidado com a escolha da vizinhança do local onde me iria hospedar. Fui à casa do Benfica e perguntei: "Têm quartos?" Daí até estarmos abraçados a cantar SLB, SLB, SLB, foi o esvaziar de 2 garrafões de 5L de produção caseira e exclusiva a familiares encarnados. Mais um dos 16.000 mil benefícios do Kit-Benfica. Por lá fiquei dois dias, e a seguir fui para Miranda do Douro, terra célebre pelas suas postas ainda mais tenrrinhas que os planteis do SCP e pelo Burro Mirandês, animal que é precedido na tabela de evolução de Darwin por Paulo Bento e o seu penteado pré-jumentico. Estive presente no último dia das Festas da Nª Srª do Nazo e segui para o Parque Nacional de Montesinho. Este é um local tão recôndito da nação que nem sequer uma casa do Benfica tem, ao contrário de quase todas as outras terras por onde passei. A atmosfera que se respira é tão pura que não há menção a nenhum clube de futebol, nada, nadinha. Ar puro!
Insuflei os pulmões com o ar virgem, enchi todas as garrafas com a melhor água que bebi na vida - sai de uma rústica fonte no centro da Aldeia - e, contrariado, voltei à civilização. No regresso, vi o Professor Queirós ter um grande galo contra a Dinamarca em Barcelos e passei por mais uma dúzia de Casas do Benfica. Foi uma viagem que me fez sentir mais português, um português completo agora que conheço Portugal de Norte a Sul. Estou de tal maneira patriótico, que estou convencido que esta jornada europeia vai ser de grande sucesso para todas as equipas portuguesas, incluindo o Fenerbache. O SCP tem uma oportunidade histórica de fazer com que a Europa passe a saber quem são. Não o Sporting of Lisbon como toda a gente os chama, mas como Sporting de Portugal que nunca ninguém ouviu falar. O Glorioso Benfica tem a segunda oportunidade esta época de derrotar uma equipa de mafiosos que equipam de azul e branco. Se não conseguimos com 6 jogadores contra o FCP, a ver se conseguimos com 11 contra o Nápoles.

Lances normais no futebol moderno

João Gabriel, ex-assessor do Presidente da República e actual Director de Comunicação do Benfica, afirmou ontem que a cotovelada de Luisão a Sapunaru foi, e passo a citar, "um lance normal no futebol moderno".
O Departamento de Pesquisa do Impróprio para Cardíacos pôs-se em campo e reuniu uma série de outros "lances normais no futebol moderno", que agora apresentamos com toda a normalidade.
É caso para dizer: volta João Malheiro, estás perdoado.


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Onde é que eu já vi isto?

Foram breves, muito breves, os momentos de desânimo e ira que me tomaram de assalto após o apito final do Portugal vs Dinamarca de ontem. Porque logo de seguida, ainda o Quim não tinha vindo admitir que afinal não passa de um sósia do Ricardo, já uma tranquilizante e apaziguadora sensação de paz me invadia. Dei um último gole na cerveja que aquecia inerte na minha mão desde o minuto 85, recostei-me no sofá, tirei o som à televisão (maldita TVI), deixei que as pálbebras se cerrassem preguiçosamente e flutuei até à longínqua temporada de 1994/95.
Nessa altura, não muito longe do palco do jogo de ontem, no velhinho Alvalade, jogava e encantava uma equipa do Sporting que ficaria para a história pelo fabuloso naipe de jogadores, pelo belíssimo futebol praticado e pela ausência de títulos conquistados. E quem era o treinador? O leitor esclarecido, atento e ainda pouco atacado pelo Alzheimer já adivinhou: o Professor Carlos Queirós.
Tal como hoje, já em 1995 a imprensa tecia loas ao espectacular futebol jogado pela equipa do então bigodudo professor. Tal como ontem, não se ganhava. Se ontem o Professor contou com Ricardo Carvalho, Bosingwa, Pepe, Deco, Simão, Nani e outras estrelas do futebol mundial, nesses tempos proto-históricos tinha à sua disposição Valckx, Naybet, Figo, Balakov, Amunike, Sá Pinto, Peixe, Juskowiak, Capucho e Cadete. De falta de jogadores talentosos nunca se pôde queixar. E ontem, tal como dantes, a equipa adormeceu nos minutos finais como se uma palestra sua estivesse a ouvir. E o resultado foi o que se viu.
Mas o que interessa é que jogámos muito bem. Foi até a melhor exibição de Portugal nos últimos anos, segundo dizem. Perdemos, é certo, mas isso não interessa nada. Interessa é dar espectáculo.

Eu já vi isto antes. E não acabou nada bem.


terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ti'Liedson

Quando eu era gaiato e como todos os gaiatos ainda tinha três meses de férias, os meus pais despachavam-me na carreira para casa dos meus avós na aldeia de Varge, ali para os lados de Bragança ("ali" eram 10 horas de Rodoviária Nacional). Os dias corriam devagar, apanhava-se melhor a TVE que a RTP1 e o ponto alto era a semana das festas em Agosto, quando apareciam as "francesas", filhas do pessoal que pelas vicissitudes da vida tinha partido em busca de uma vida melhor na terra do Zidane. Ai o Zidane é argelino? Então para a terra do Patrick Vieira. É senegalês? Hmmm... Pronto, para a terra do Pauleta. Voltando às francesas: estas faziam furor sobretudo por serem as únicas miúdas das redondezas. Mas se por um lado não usavam soutien, por outro traziam enormes texugos abrigados nas axilas...
Em poucos dias fazíamos amizade com o resto da criançada ali exilada em férias. E foi num desses Verões que conheci um rapazola de quem agora muito se fala, de seu nome Liedson da Silva Muniz. Liedson era neto da Tia Belarmina e do Ti'Marco, donos do lugar da fruta da aldeia. Vivia com os pais - que trabalhavam na Sorefame - na Amadora e estudava na Secundária da Damaia. Lembro-me que de manhã nunca podia vir com o resto da malta pescar trutas ao rio porque ficava ou a ajudar a avó na loja, ou ia com o avô apascentar cabras aos prados que tinham escapado aos incêndios (até com os nossos incêndios tradicionais a CEE acabou...). Mas à tarde lá estava ele, moreninho e franzino, sempre pronto para jogar uma futebolada no campo improvisado junto do velho moínho de água. Sim, do que ele gostava mesmo era de bola. Não tinha pontaria a caçar pardais com fisga, nunca teve muito jeito para roubar mel das colmeias e de carrinhos de rolamentos não pescava nada. Mas no futebol, apesar de pequenino, era o maior.
Liedson era daqueles que cheiram a craque logo em meninos. De tal maneira que apenas com 12 ou 13 anitos chegava mesmo a jogar com os mais velhos em torneios com as aldeias vizinhas. Na hora dos "penalties" ficava sozinho a chutar bolas no pelado enquanto o resto da equipa preferia os castigos máximos de tinto carrascão. E foi numa destas refregas que o fedelho despertou as atenções dos olheiros do Sporting e Benfica, que ali mesmo iniciaram acesa disputa pela contratação da jovem promessa. Se o goleador hoje veste de verde e branco temos de agradecer à sua família. É que os Muniz são sportinguistas militantes. Tanto que tinham uma Peugeot 504 verde (verde por razões óbvias e Peugeot por causa do leão). A Vivenda Muniz era verde e da pequena vinha do Ti'Marco só se fazia vinho...verde. Liedson é lagarto dos quatro costados. Até o seu canito rafeiro se chamava "Leão". Lembro-me que tinha gosto nas colecções de cromos e como nem por 10 ou 15 Nénés e Humbertos Coelhos lhe levavam um Jordão.
Ainda hoje, sempre que os afazeres profissionais lhe permitem, lá vai ele a Varge comer umas papas de serrabulho e ver como está a obra da sua nova vivenda de três pisos. E nunca se esquece de levar um saco de bolas e fotografias autografadas do seu ídolo Luisão para distribuír pela criançada. No Natal manda-me sempre uma caixa de chouriças feitas pela mãe.
Não percebo por isso o porquê de eventuais dúvidas, polémicas ou outras questiúnculas agora que se fala na sua eventual chamada à Selecção Nacional. Sportinguista desde pequenino e trasmontano de gema, tem tudo o que é necessário para jogar de quinas ao peito. Com a enorme vantagem de - ao contrário de certas e determinadas aventesmas que para lá andam - ser um ponta-de-lança que, pasme-se, marca golos!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

2ª Liga Record Impróprio para Cardíacos

É verdade, caros sócios e simpatizantes do Impróprio para Cardíacos. Depois do sucesso da época passada, com cerca de 30 equipas inscritas, vai arrancar a 2ª edição da Liga Record deste blogue.
Para quem não saiba, a Liga Record é uma competição patrocinada pelo pasquim do mesmo nome, em que com um orçamento de 40 Milhões temos que comprar um plantel de 23 jogadores e escalar um 11 todas as jornadas. Os pontos obtidos variam em função da performance dos jogadores escolhidos.
É uma boa oportunidade para provar o que se percebe (ou não) de futebol. Para os comentadores habituais desta casa passarem das palavras aos actos. Para descobrirmos quem são os Mourinhos e os Professores Necas do Impróprio. Quem assegurará a permanência e quem baixará ao blogue do Rui Santos.
No ano anterior, foram vários os participantes que reclamaram "incentivos" ou outro tipo de premiação. A Administração desta SAD, sensível aos anseios da sua massa adepta, reuniu e deliberou por unanimidade e aclamação fazer chegar ao vencedor um magnífico troféu com placa gravada a assinalar a conquista. Um troféu que decerto embelezará e prestigiará qualquer sala deste país.

Inscrição e regras aqui www.ligabet365.record.pt/

Código de inscrição na Liga Impróprio para Cardíacos: improprio

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Agora a sério

O clássico deste sábado foi o 1º Benfica-Porto em muitos anos que não fui ver. Sinceramente acho que há pelo menos 20 anos não perdia um. Mas a vida é assim, uma pessoa vai evoluindo com o passar dos anos, vai descobrindo o dark-side das coisas e foi por isso que não fui. Senti que à volta deste jogo existia mais ódio do que amor e isso para mim não é bola, é sportinguismo: filosofia que tem como lema ser anti-benfiquista. Decidi por isso ver o jogo num café e durante 90m fiz as figuras mais ridículas que ali foram vistas desde a 1ª parte do SCP em Madrid.
Vibrei com o jogo e constatei que mesmo a nossa equipa de futsal chega para o Porto de Jesualdo. O Glorioso acabou o jogo com 6 jogadores e nem assim os homens da fruta nos conseguiram deixar com um melão. No Benfica gostei deYebda, Luisão e Quim e no FCP gostei de Lucho e Katsouranis. O que não gostei nada foi de ver aquele diabrete a comportar-se como o líder da Juventude Leonina que aqui há uns anos entrou pelo revaldo adentro para esbofetear os atletas do Glorioso porque tinham acabado de enf
iar a 2ª batata no forno de Alvalade. Ao menos a missão do nosso diabrete era mais nobre, dar um calduço no árbitro. Acreditem que repreendo o momento, mas acreditem também que o compreendo perfeitamente. Chama-se justiça com as próprias mãos e no futebol português é a única que existe. Existisse outra e talvez as pessoas não tivessem estes ímpetos, mas não havendo acaba por ser tão triste quanto natural.

Por falar em justiça, hoje acordo e sou surpreendido com o castigo a Luisão. Surpreendido não, já um amigo me tinha alertado que estando o jogo com o SCP a duas jornadas e estando o Benfica a mostrar que tem equipa – e sobretudo querer – para vencer este campeonato, a Justiça Futebolística iria fazer das suas para nos atrapalhar. Até pensámos que fosse a interdição do estádio, mas os justiceiros tem a capacidade de nos surpreender (capacidade que substitúi a incapacidade de fazer justiça). Vai dái, tungas com dois jogos de castigo para Luisão (dois hein, não são um hein!) por uma cotovelada num atleta em que deposito grandes esperanças , o Supanaru. Tem piada, isto dos sumaríssimos continua a existir só para os jogadores do Benfica. Ora aqui está mais uma prova de que somos um clube à parte e que tem inclusive regras exclusivas para si. Tem piada, que o Bruno Alves no ano passado depois ter pisado o João Moutinho e o Jorge Gonçalves de forma bárbara (leia-se de forma à Bruno Alves) nunca teve um sumaríssimo. Nem quando no clássico de sábado saltou constantemente com o cotovelo no ar, acertando com uma precisão extraordinária nas costas e cabeça de Cardozo. Sendo o Bruno Alves um atleta do FCP já não existem razões para um sumaríssimo, mas sim para o Uefa o dar como exemplo de grande defesa central e segurança da noite portuense.

Já que falo em sumaríssimos, não podia deixar de falar de Tonel. Quantas cotoveladas dá este tipo por jogo? Segundo a IFHS dá cerca de 17 sendo apenas ultrapassado pelo Bruno Alves, Materrazzi e um atleta olímpico cubano de Taekwondo. Ainda no jogo do Torneio do Guadiana deu um murro num jogador do Benfica, mas como sabemos os murros não são penalizados em Portugal, apenas as cotovoledas e apenas se forem feitas por atletas do Glorioso. É por estas e por outras que está para breve o dia em que abandonarei os relvados portugueses para me dedicar a modalidades mais nobres, dignas e justas. É que se eu fosse um apaixonado pela corrupção e bandidagem, em vez de futebol dedicava-me à política nacional. Basta olhar para os políticos portugueses e vemos que esta opção dá muito mais dinheiro e muito menos trabalho.

Por agora, vou aproveitar que estou de férias até ao final da próxima semana e vou refugiar-me desta patética e corrupta sociedade do futebol. Vou fazer uma digressão a solo por Minho e Trás-os-Montes, terras que não conheço como conheço os meandros do futebol português. Num momento tão triste e que demonstra bem o estado embriagado do nosso futebol – ainda só vamos na 2ª jornada meus senhores!!!- em vez de Minho e Trás-os-Montes acho que fará mais sentido se a esta viagem chamar: “Vinho e Trás-os-Montes”.

Anjinho

Acabo de chegar de Braga, onde pude constatar algumas coisas: o estádio local é de facto o mais bonito do país e provavelmente um dos mais bonitos do Mundo, não há bacalhau como o minhoto, os bracarenses são apenas benfiquistas transvestidos com equipamentos do clube local (o que explica não gostarem de futebol e consequentemente deixarem um estádio daqueles às moscas) e o Tiuí é um caso patológico de horrível futebolista.
E agora, de chinelos calçados e mini na mão, folheio a cartilha benfiquista "A Bola" e deparo com surpreendentes declarações do extremo encarnado Angel Di Maria. Declarações que pelo seu teor deveriam estar publicadas nas últimas páginas do pasquim, aquelas onde o Ricardo Araújo Pereira e outros "estranguladores" fintam as agruras do dia-a-dia benfiquista com textos humorísticos. Então não é que o rapaz afirma a quem o quiser ouvir que, e passo a citar, "O Benfica tem equipa para discutir o título com o Porto"!?
Angel, filho, o que é que se passa contigo? Nós sabemos que acabaste de chegar da China, que estás todo baralhado com o "jet-lag" e que ainda não acordaste para a realidade pós-medalha de ouro. Mas c'oa breca, tu estiveste na Luz no Sábado à noite, ou não? E se não me engano até foste um dos que deu o "tilt" a meia hora do fim.
Angelito, por favor não sejas anjinho. Depois da última jornada já devias ter percebido que a discutir algum título este ano, é com o Sporting. A não ser que consideres um título o apuramento para a 3ª pré-eliminatória da Champions. E aí peço-te desculpas, porque estás coberto de razão.