sábado, 29 de dezembro de 2007

Boas Entradas

Nesta altura do ano, não importa se saio de um táxi, do talho, do sapateiro, da mercearia, da tasca com Sport TV do meu bairro ou do apartamento da minha amante no Cacém, que todos me dizem a mesma frase: “Umas Boas Entradas!”. Ora, já que o meu estilo de jogo aqui no Impróprio é semelhante ao de Binya nos relvados, esta frase inspirou-me para terminar o ano de nascimento deste blog com uma belíssima Ode à falta de fair-play (dom supremo de todos os fregueses deste antro!). É em nossa homenagem que adapto a frase que acompanha a mudança de ano, para uma selecção das melhores entradas do futebol português. Vou votar naqueles que considero terem sido os três melhores “cacetadões” do futebol português:

Entrada de Bronze:

É tão boa, tão boa, tão boa que nem se pode considerar uma entrada. Foi em 1982 no Estádio Zé de Alvalade que um dos heróis da minha vida, Manuel Galrinho Bento, saiu corajosamente aos pés de Manuel de Fernandes, agarrou a bola com as duas mãos enquanto o avançado leonino espetava os pitons na sua carapinha. Quem o viu jogar lembra-se que o Bento era uma força da natureza. Era comum lançar a bola à mão na sua grande área e ela só bater no chão já no meio-campo adversário. O Manuel Fernandes conhecia bem o Bento e sabia que ele o ia castigar por aquela maldade que acabara de cometer. A seguir a ser agredido o Bento levantou-se rapidamente e o Manuel Fernandes começou a recuar aterrorizado. O Bento era um grande profissional e por isso não agrediu de imediato o Manel. Teve o sangue frio e o amor ao Benfica para, primeiro, enviar a bola para fora. Era como se dissesse “ Amigos Benfiquistas, agora que a bola não está em jogo vou sou ali resolver um assuntozinho e volto já”. Mas já não voltou. Assim que viu a bola sair pela linha de fundo, deu três passos em direcção ao atacante e brindou-o com o melhor e o mais belo directo de direita que a minha infância teve o privilégio de ver. O Manuel Fernandes caiu redondo em K.O., o árbitro aproximou-se e, em vez de erguer o braço do Bento em sinal de vitória,ergueu um cartão vermelho em sinal de quem ia tomar banho mais cedo. Eu era criança e lembro-me de fazer o meu avô rir em frente da TV quando lhe perguntei: “Mas que mal tem o que o Bento fez????”.

Lembro-me também que no dia seguinte o Bento convidou o Manel Fernandes para almoçar, este aceitou gentilmente o convite, convidaram jornalistas e fotógrafos para a ocasião e como dois campeões fizeram as pazes publicamente. Lembro-me particularmente de uma fotografia onde os dois apertavam a mão e sorriam, o Manel Fernandes com um dentinho a menos. Também sorri.


Entrada de Prata:

Quartos de final da Taça Uefa em 1993 na Velha Catedral da Luz, um Benfica – Juventus que o Glorioso ganhou com uma brilhante exibição e dois golos do fabuloso Vítor Paneira. Lembro-me bem daquela equipa maravilhosa que o Benfica tinha porque no ano seguinte veio o Artur “Bigode Laden” Jorge e tirou-nos 10 anos de vida.
Mas falemos de coisas boas, o jogo em questão. Decorria a 1ª parte, a Juventus tinha acabado de empatar o jogo com um penalti duvidoso, o Benfica pressionava, a Juventus defendia e eu sofria no famoso “Tribunal do 3º Anel”. Contra a corrente do jogo, Roberto Baggio faz um passe mágico a lançar Vialli na linha. Mozer parte com desvantagem do italiano e com os olhos na bola. Vialli está a poucos passos de chegar ao esférico, Mozer apercebe-se que a correr não chegará a tempo e lança-se de perna esticada num belíssimo vôo rasteiro. Ao recordar estas imagens, as únicas diferenças que encontro este vôo de Mozer e os da Águia Vitória é que o de Mozer foi mais rápido e parecia mais um F-16 do que uma Águia. E foi a voar que, no preciso momento em que Vialli toca na bola, Mozer chega à outra extremidade do esférico, faz um corte limpíssimo para fora e embate com tal força no italiano, que este faz um mortal no ar antes de se estatelar no relvado. Perante a intensidade do lance e por ter sido claramente “limpo”, o 3º anel explodiu de imediato em eufóricos e ruidosos festejos. Mozer levanta-se com a sua classe, agradece para o Tribunal e nem olha para Vialli que, após o susto, ficou de joelhos na relva, mãos na cara e olhos no céu, como que a perguntar a Deus o que tinha acontecido.

Foi a melhor entrada à bola que vi na minha carreira futebolística e a única vez na vida que vi uma entrada a ser festejada como se tivesse sido um golo, e logo por cerca de 100.000 pessoas!


Entrada de Ouro:

Mais importante do que quem dá, nesta matéria das entradas gosto mais de privilegiar quem leva. É por isso que vou destacar esta como a melhor entrada do futebol português.
Final da Taça de Portugal entre SCP e FCP, um jogo desinteressante, mal jogado e sem glória, não fosse um momento de inspiração de um dos seus intervenientes. Canto marcado na esquerda do ataque leonino, os jogadores movimentam-se na grande-área, o canto é marcado, a defesa afasta a bola, os jogadores afastam-se em bloco excepto um que fica estendido no campo a espernear com dores. O árbitro pára o jogo e vejo a repetição do lance na TV. No meio da motim habitual que precedem os cantos, vê-se Beto Acosta a correr em direcção ao Paulinho Santos e dar-lhe uma cotovelada nos queixos, e que mais parecia uma tacada de baseball. Ao ver aquelas imagens, ouvi como banda sonora um belíssimo coro de anjos a cantar Aleluia!
A medalha de ouro é merecida porque atirou o Mauzinho Santos de maca para fora de jogo, mas principalmente para o fim de uma carreira que acabava por ter o final merecido. Após este lance, o Paulinho Santos foi para as praias de Leixões cozer redes de pesca, enquanto só se conseguia alimentar a “abafar palhinhas”.
Foi a partir deste dia que eu juntei-me aos sportinguistas e também passei a tratar o Beto Acosta por “Matador”.

Sendo o futebol português tão fértil nestas situações (até já deu um campeonato ao Boavista baseado nesta filosofia de jogo), convido-vos a usarem a caixa dos comentários para votarem noutras entradas que gostassem de ver premiadas.

Resta-me desejar-lhe um Bom Ano Novo e sugerir-lhe que, a partir de agora que já temos um blog como o Impróprio, em vez de entrar em 2008 com o pé direito, entre antes a pés juntos!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Ano Novo, inquérito novo

Retomando uma prática antiga, o Impróprio para Cardíacos volta a lançar um inquérito: desta vez queremos saber junto dos nossos leitores com quantos dias de atraso chegará Liedson a Alcochete. Segundo vários especialistas em Estatística que contactámos, é mais fácil adivinhar a chave do Euromilhões, o bilhete vencedor da Lotaria do Natal, a idade da Lili Caneças e o número de pelos do bigode do Artur Jorge na final de Viena, do que a data em que o ponta-de-lança leonino "resolve" regressar da sua Bahia natal.
Está lançado o repto. Votem aqui à direita.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Carlas e Constanças

Agora que chegamos ao fim da época natalícia e nos sentimos todos como verdadeiras alheiras humanas, é tempo de voltar aquilo que realmente interessa: o futebol e seus derivados.
Finda esta quadra, as atenções viram-se para a reabertura do mercado, aqueles trinta dias em que directores desportivos e presidentes de SAD’s tentam desesperadamente remediar as asneiras que fizeram no Verão ao contratarem craques de classe mundial como Bergessio, Fábio Coentrão, Cardozo, Purovic, Marian Had ou Stojkovic. E é sobre esse sempre delicado tema – a política de contratações – que aqui o vosso amigo O 7 Maldito agora se debruça. No entanto, ao contrário do que possam estar para aí a pensar, não vou perder um segundinho que seja a falar de jogadores de futebol. Já disse e não me importo de repetir que para isso anda para aí uma malta com carteira profissional a ganhar um salário ao fim do mês para encher páginas e páginas com fantasias de dirigentes, sonhos de adeptos e recados de empresários. Basta relerem “O Defeso”, escrito nos primórdios deste ciber-pasquim.
Caros leitores: coloco uma peruca tipo carapinha, unto-a com um litro de óleo Fula e visto a gravata do Batatoon para a partir deste momento encarnar Rui Santos e aqui analisar a política de contratações de Cheerleaders por parte de Sporting e Benfica.
As cheerleaders nos intervalos dos jogos em Portugal são um fenómeno relativamente recente e que vem colmatar aquele vazio de quinze minutos entre uma parte e outra (sim, aquela altura em que a malta aproveita para ir urinar). Vêm substituír um grande clássico do entretenimento intervalar que se chamava “Penalty Fidelidade”, onde meia dúzia de populares tentavam converter uma grande penalidade numa baliza com quatro orifícios, e onde se provava que há bisavós com mais jeito para a coisa que o João Moutinho.
Se há diferenças entre os dois rivais, então as suas cheerleaders são um espelho fiel dessa realidade. Ora vejamos:

  • As meninas do Benfica chamam-se Carlas, Miriams, Jessicas e Célias enquanto que as do Sporting se chamam Constanças, Matildes, Assunções e Franciscas (Kikis).
  • No clube de Alvalade, o critério de contratação, à semelhança de toda a estrutura directiva, baseia-se no facto de se ser sobrinha, prima, prima de primo ou prima de primo de amigo que conhece alguém na direcção. Na Luz, não há critério (o melhor critério quando se trata de "dançarinas").
  • No que diz respeito à formação, as dançarinas verde-e-brancas são recutadas após atentas observações às suas performances na barra de ballet clássico, ao passo que as encarnadas são contratadas depois de desembolsar 50€ para as ver exercitar os seus dotes num varão de aço inox.
  • Na indumentária as diferenças são gritantes: no Benfica acredita-se que “menos é mais”, pelo que a farda consiste de uma mini-saia que esvoaça despudoradamente deixando vislumbrar roliças e tatuadas coxas, enquanto que no Sporting a conservadora educação católica obriga as meninas a usarem uma saia dois tamanhos acima com uns calções por baixo, não vá estar nortada.
  • A mesma educação força as bailarinas sportinguistas a espartilharem o peito ao melhor estilo vitoriano, não vá dar uma coisinha aos tios que estão a ver na central. Já para os lados da Luz, a direcção concede crédito a fundo perdido a todas aquelas que, à semelhança da Floribella, quiserem investir em implantes de silicone.
  • Por fim, os patrocínios. As “leoas” são patrocinadas pela desinteressante TMN (poderia dar azo a uma famosa graçola que envolve traseiros e o Mimo, mas isto é um blogue e não um andaime), ao passo que as “águias” são patrocinadas pelo sugestivo Trifene 200, numa clara alusão aquela altura do mês em que o Benfica joga em casa (e eu a dizer que isto não é um andaime…).

A conclusão desta exaustiva análise é óbvia. Por muito que me custe a escrevê-lo, é o rival da Luz que está no bom caminho. No que concerne à manipulação da testoesterona de sócios e simpatizantes, estão muito à frente. Quanto ao Sporting, há que admiti-lo, tem um longo caminho a percorrer.
Há que fazer algo. Enquanto sócio, assumo as minhas responsabilidades e ofereço-me a ajudar naquilo que puder. Por amor ao clube, porque me custa vê-lo ficar para trás, e porque é uma matéria na qual me sinto relativamente à vontade, apresento deste já à SAD leonina a minha candidatura a um cargo a criar: “olheiro” de cheerleaders. Uma espécie de Carlos Freitas do table dance. Um Aurélio Pereira do putedo. Disponibilizo-me a partir de hoje, “com sacrifício pessoal”, para percorrer todo e qualquer bar de alterne de Bragança a Sagres, onde possa estar um talento que interesse ao meu clube. Eu sei que é um trabalho sujo. Mas alguém tem de o fazer.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Um Natal Impróprio


O Impróprio para Cardíacos deseja a todos os seus leitores, comentadores, planteis de todas as ligas nacionais, funcionárias do alterne, árbitros, seguranças da noite portuense, Rui Santos, Maya, Soraia Chaves, Noddy, Ursa Teresa, Tino de Rãs, Sónia Araújo, Manuel Subtil e respectivas famílias um Santo Natal, cheio de coisas boas na chuteirinha. Como gesto de boa vontade, deixamos aqui este belíssimo cartão de Natal que poderão copiar para o desktop e enviar à vontade, ajudando assim na promoção deste miserável blog. A ver se em 2008 chegamos aos 9 visitantes por semana...

Não se preocupem. Passados estes 15 segundos de espírito natalício, o Impróprio voltará à (a)normalidade, até porque a jornada começa já daqui a bocadinho.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal,

O meu nome é Homem da Luz, tenho 33 Natais e este ano portei-me muito, muito bem. É verdade que não como tanta frutinha como os meninos do Norte do país, mas com as noites brancas que eles lá têm, também precisam de mais vitaminas. Por outro lado, não faço birrinhas como o meu vizinho da 2ª circular e também já não o desrespeito tanto, felizmente eles têm uma claque que trata disso por mim.
Sei perfeitamente que paz e amor estão fora de stock há milhares de anos e que o fair-play é uma treta maior do que o Purovic, e só por isso não os vou colocar na lista de presentes deste ano:

• Gostava de ter um defesa direito que soubesse jogar à bola, tivesse mais do que os dois neurónios encontrados nos cérebros de Luís Filipe e Nelson e, se não for pedir muito, que também soubesse centrar. (Será que não é o Super-Maxi e só o Camacho é que ainda não viu???)
• Gostava que o Paulo Bento não perdesse o seu actual emprego, seria uma pena ver um cómico tão bom e que faz rir tanta gente, sem trabalho.
• Gostava de receber um médio direito que soubesse jogar como extremo, rápido, forte no um-para-um, que marcasse golos e que jogasse com garra.
• Gostava que o Rui Franguício e o Stojkovic continuassem a mostrar a mão que têm para confeccionarem receitas de frango e perú, muito apreciadas pelo bico da águia vitória.
• Também gostava que quando o Glorioso joga com o Belenenses, acabasse com aquela piadinha de pôr a fava do bolo rei no pastel de Belém.
• Gostava que o Miguel Vaidoso ficasse muitos, muitos anos no Sporting, parece-me cada vez mais que o menino é tal e qual o Cardozo: (já) não engana. Se o Custódio poder voltar, também agradeço.
• Gostava de ter um avançado no sapatinho que fosse forte fisicamente, rematasse com os dois pés, jogasse de cabeça e marcasse tantos golos como os que o Nuno Gomes falha.
• Gostava que o Soares Franco ficasse mais duas décadas como presidente leonino, os produtores nacionais de vinho iam agradecer e quando os sportinguistas acordassem a ressaca ia ser muito, muito grande.
• Bem sei que há 10 anos pedi um presidente que desse ouvidos aos sócios e claro que quando vi pela 1ª vez o LFV, percebi logo que era ele. Porém, apesar de ter umas orelhas muito grandes, às vezes parece que não sabe ouvir conselhos e que tem uma boca maior do que os abanicos. Estou-lhe muito e eternamente grato pelo que ele fez pelo Glorioso mas já começo a ficar farto de ter um Presidente/Director de Futebol/ Departamento de Futebol/ Relações Públicas/ Director de Comunicação/Director de Prospecção de Talentos/ Porta-voz/ Emissário do Clube para contratação de jogadores/ Olheiro/ Inspector da PJ/ etc, etc.
• Gostava que o Djaló melhorasse rapidamente da lesão e voltasse a vestir o pijama às listas o mais depressa possível. Se calhar é pedir demais, mas se der para o ver a fazer dupla com o Purovic, ficava muito grato.
• Por último, o grande presente. Estou inclusivamente disposto a abdicar de todos os anteriores pedidos, caso me possa satisfazer este. Sim, é uma prenda absolutamente especial. Para fazer jus à frase “O Natal é quando um Homem quer”, gostava que colocasse a braçadeira de treinador do Benfica no braço do Mourinho. Com ele ia ser Natal o ano inteiro, especialmente quando encontrássemos o Sporting pelo caminho (lembram-se dos festejos dele no derby na Luz em que ganhamos 3-0? Oh Oh Oh!).

Prometo continuar a portar-me bem e, caso receba os seus presentes, fazer muitas e boas festas.
Obrigado e Feliz Natal
Homem da Luz

domingo, 16 de dezembro de 2007

O sapo que queria ser boi

Esopo nasceu na Grécia algures no século VI a.C, e como bom grego que era, tinha um gostinho especial por jovenzinhos de tenra idade (ou pensam que é por acaso que o Katsouranis costuma aparecer nos treinos dos infantis?). Vai daí, para atraír os gaiatos à sua domus geminada nos arrabaldes de Atenas, entretinha-se a inventar fábulas com que depois adormecia os petizes. E era com as criancinhas a dormir, que se passavam cenas de fazer corar de vergonha o Calado e o Melão.
Uma destas fábulas resistiu até aos nossos dias e está hoje mais actual do que nunca. Tão actual que até poderia ter sido escrita pelo Sr. Leonor Pinhão, caso este soubesse escrever. Refiro-me à fabulosa fábula intitulada “O sapo que queria ser boi”, que agora vos relato sem no entanto pretender levar-vos para o meu colchão de latex, a menos que sejam jovens estudantes universitárias com mais de 1,75m e vistam soutien no mínimo do tamanho 34, copa B.

Era uma vez um sapo como tantos outros sapos. Na hierarquia dos sapos até era um sapo conceituado, grandito e com um passado glorioso. Mas o sapo não se contentava com o que era. Tinha a mania das grandezas. Queria à viva força fazer-se passar por um enorme boi. Aliás, já estava plenamente convencido que era um boi, e acreditando nas suas próprias mentiras, debitava diariamente fanfarronices aos outros animais do charco, dizendo-lhes que era o maior boi do mundo, temido por todo o reino animal. Coachava ele que toda a bicharada queria um dia vir a ser igual a si, e que tinha a maior legião de admiradores que a sapolândia alguma vez tinha visto. Até os jornais e televisões do charco já vendiam a sua pomada, sabendo que os sapos – muitos, mas pouco dados a pensar pela sua própria cabeça – esgotariam edições cada vez que se publicassem estas patranhas.
Entretanto, para ficar do tamanho de um boi, o sapo começou a engolir ar. Galvanizado por algumas pequenas e fugazes conquistas e acreditando piamente nas suas próprias invenções, inchava, inchava e inchava, enchendo-se cada vez com mais ar, perante o riso indisfarçado dos restantes animais. Só o pobre sapo não percebia quão ridículo era. E continuava a inchar, a inchar, a inchar…

Até que na noite de Sábado, depois de tanto inchar, o sapo explodiu ruidosamente ali para os lados de Belém.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O Clube dos Capitães Mortos

Os estudos e opiniões sobre qual a profissão mais perigosa do mundo divergem. Uns dizem que é ser polícia em Bagdad, outros que é ser bombeiro na Grécia, outros que é ser jornalista na Rússia, mas a grande maioria sabe que é ser treinador em Alvalade. Entregue que está a profissão mais perigosa, vamos à profissão mais ingrata. Aqui as opiniões também divergem. Uns dizem que é trabalhar na recolha do lixo, outros que é ser coveiro e a grande maioria diz que é a uma junção das duas: ser capitão do Sporting. Garanto-vos que ao contrário do caso de Calado isto não são só rumores, mas sim a mais fria e arrepiante das realidades. Senão vejamos, o anterior capitão do Sportén - o Ricardo Voz de Leão - rumou para uma equipa que luta por não descer de divisão em Espanha e, segundo se diz na blogosfera, as suas exibições já terão inspirado uma nova ópera baseada no Barbeiro de Sevilha, denominada "O Frangueiro de Sevilha"! Que triste, não é?

Antes dele o capitão tinha um tal de Custódio, que tinha tanto de jogador de futebol como José Carlos Malato tem de inteligente e humorista. Coincidência ou não, no ano a seguir a ser capitão"o miúdo" foi deportado para a Sibéria e ninguém (incluindo a sua família) sabe dele desde então. Há gente muito cruel com os jovens, não há?

Antes deste desgraçado, o capitão tinha sido o Ricardo Sá Pinto, um jogador que admiro muito. Guardarei para sempre no meu coração aquela gloriosa manhã em que o Ricardo despertou benfiquista, e fez o que mais de 6 milhões de tugas sonhavam fazer: dar uma valente tareia no Artur Jorge. Pois bem, mas nem esta gloriosa manhã deu algum encanto ao final de carreira do Sá Pinto. Foi expulso no último jogo que fez com a braçadeira de capitão, viu recusado o seu desejo de continuar de leão ao peito, nunca fez o desejado jogo de despedida e acabou a carreira num tal de Standard de Liége. Com amigos assim, quem precisa de inimigos não é?

Um ano antes já Pedro Barbosa tinha tido um final de carreira à leão! No penúltimo jogo, parece que impôs a sua titularidade no jogo da final da Taça Uefa e o resultado já todos conhecemos. A seguir, ainda foi titular no último jogo da época e da sua carreira, também no WC XXI, desta vez contra o Nacional que ganhou por 4 batatas a 0. Neste jogo, o Pedro Barbosa ajudou a sua equipa a construir o resultado dilatado e, não satisfeito pela bonita homenagem, ainda conseguiu ser expulso. Lamentável, não é?

Antes deste, o grande Beto. Lembram-se daquele jogador muito talentoso que esteve vários anos consecutivos quase, quase, quase a assinar pelo Real Madrid? Sim, aquele que conseguiu igualar a proeza de um outro célebre defesa central do Famalicão, o Celestino, e marcar dois golinhos na própria a favor do Glorioso. Pois para premiar o rapaz pelo seu excelente desempenho nesse jogo, anos depois foi lhe dada a braçadeira de capitão. Resultado: em vez de ir para o Real Madrid, foi parar ao Huelva (uma pequena colectividade dramática que, ao que parece, também tem uma pequeníssima equipa de futebol). Absolutamente desolador, não é?

E antes deste? Lembram-se? Ui, até dói só de lembrar quem foi o capitão, coitado. Um bom homem, bom jogador, um lutador e um dos poucos exemplos humanos que alguma vez passou por Alvalade, para além do Prof. Moniz Pereira. Lembram-se quem era o desgraçado do capitão? Pois é, o pobre Yordanov, jogador com uma técnica muito semelhante à de Djaló, mas com uma alma tão voluntariosa quanto a de Petit, o que aliás lhe valeu a carreira. Ora bem, o Yordanov no final da sua carreira lutou contra uma doença grave, venceu-a mas, mais uma vez, foi traído pela insensibilidade e maldade dos dirigentes do seu clube. O Yordanov, apesar de ser búlgaro, sempre disse que o seu clube do coração era o Sportén, mas nem isto sensibilizou aqueles pândegos da “Academia de dirigentes Dias Ferreira” (por onde passaram Lenine, Ceaucescu, Mogabe, Mobutu, Paulo Portas e a grande maioria dos actuais políticos portugueses). Nem sequer o facto de ter sido o Yordanov o jogador que pôs o cachecol ao pescoço do leão do Marquês de Pombal, quando ao fim de 18 anos lá ganharam um campeonato. Tenho impressão que se fosse agora, o búlgaro tinha dado um nó com bastante mais força, e até alguma raiva. Acreditem que nem um benfiquista seria capaz de tratar tão mal e humilhar tanto a dignidade de um antigo capitão rival. Apesar do Yordanov ter assinado um contrato com o clube para a realização de um jogo de despedida, os criminosos de colarinho branco e charuto nos beiços recusam-se a cumprir. Gente honesta e bem formada, não é?

Para me despedir, só vos peço um favor. Se por acaso virem ou falarem com o João Moutinho, digam-lhe que para ir já ao centro de emprego. É que apesar de tudo, as carreiras de coveiro, homem do lixo, lenhador, GNR em Bagdad, revisor da Emel em Chelas e funcionário público, têm um futuro muito mais risonho do que os desgraçados que vão para capitão do Sporting. Não acha?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Viva Portugal!

Somos pequenos mas não somos parvos nenhuns.
Esta frase lapidar podia ter sido proferida pelo saudoso Moretto, mas não foi. Foi inventada por mim há mais ou menos oito segundos e refere-se a este jardim à beira-mar plantado a que chamamos Portugal. De facto, esta pequena grande nação sempre se pautou por um sem número de invenções que de uma forma ou outra revolucionaram o mundo em que vivemos. Sem ir à Wikipédia e sem perguntar à professora de História sem colocação que faz as limpezas aqui da firma, vêm-me à cabeça os seguintes feitos lusitanos com relevância mundial:

- a circum-navegação (não confundir com circuncisão)
- a Via Verde
- o astrolábio (foram os árabes, mas paciência, porque nós é que temos a fama)
- a Casal Boss
- a Soraia Chaves
- o bacalhau à Zé do Pipo
- a fuga ao fisco
- a "mini"
- a Soraia Chaves

Sempre na vanguarda e impulsionado pelo choque tecnológico, este nosso país também tem marcado pontos aquém e além-mar com eventos de grande projecção internacional como a recente Cimeira Europa/África, ou grandes imbecilidades como o maior pão com chouriço do mundo, o maior golfinho insuflável do mundo, a maior feijoada do mundo, o maior lançamento de aviões de papel do mundo, o maior clube do mundo, etc, etc, etc.
Mas não nos ficamos por aqui. Ontem soubemos de mais um feito que ajuda a cimentar o nosso 2º lugar no ranking dos criadores, logo a seguir a Deus (que segue isolado na liderança). De Portugal para o Mundo nasceu… o Leilão de Futebolistas!
Na 4ª Repartição de Finanças do Porto (a mesma onde Carolina Salgado está colectada como dançarina exótica) foram leiloados os passes de seis jogadores do plantel do Boavista, na tentativa de saldar umas dívidas ao fisco. Talvez porque todos juntos não fazem um, não houve qualquer licitação, ficando um dirigente da SAD axadrezada como fiel depositário dos “bens penhorados”. O pobre desgraçado lá terá agora que arranjar espaço na cave, entre o borrego congelado e os plasmas roubados, para guardar os seis caceteiros.
Acredito, como Nélson acredita que é um bom futebolista, que este fabuloso conceito trará grandes benefícios à economia nacional. Com a possibilidade de comprar jogadores de futebol em hasta pública abre-se toda uma nova forma de recrutamento de pessoal. Apenas alguns exemplos: quando a Companhia Nacional de Bailado quiser recrutar uma nova prima ballerina, bastar-lhe-á licitar o passe de Nuno Gomes. Se a Alves&Filhos Construção Civil Lda precisar de trolhas para uma empreitada mais dura, só tem que apresentar uma proposta pelo lote constituído pelo David Luiz, Zoro e Petit. E as casas nocturnas portuenses podem fazer face à cada vez maior escassez de seguranças assassinos, apresentando aquilo a que se chama o “lance de martelo” pelo Binya.
De facto, nós os portugueses não paramos de surpreender. Inventamos as coisas mais mirabolantes. Só faltava mesmo um dia destes inventarmos uma águia que desce do topo de um estádio para agarrar um naco de carne, ao som dos urros extasiados e aplausos descoordenados de 70.000 criaturas. Mas não, bolas. Isso era demais…ainda nos chamavam selvagens ou bárbaros terceiro-mundistas, e nós não queremos isso.

Mais de 18 anos e o 9º ano de escolaridade

Caro leitor,

Venho em 1ª mão informar que os sportinguistas voltam a ter uma razão para festejarem: a minha disponibilidade para escrever neste blog vai reduzir drasticamente a curto prazo. A razão é que o alter-ego do Homem da Luz tem um trabalho novo (não, não sou eu que vou substituir o Paulo Bento, acho que vai ser o Luís Campos...) e faço questão de ter um comportamento oposto ao que Liedson&Companhia têm nos treinos e jogos. Como tal, vou aplicar-me e esforçar-me ao máximo para ser muito mais do que um campeão da 1ª jornada, título que vai enriquecer a loja de antiguidades que é a Sala de Troféus do SCP. Graças a deus e à antiga carreira 33 (ainda nem se sonhava que haveria uma estação dos Altos dos Moinhos) já tenho mais de 25 anos de 3º anel, o que me permitiu aprender muita coisa e crescer como Homem. Por exemplo, aprendi a dar o meu melhor todos os dias (e não só quando vêm olheiros do Manchester), aprendi a saber que quando as coisas correm mal não devo pôr a culpa nos outros (mesmo que sejam árbitros), aprendi a nunca insultar os meus superiores à porta do seu gabinete (isso é para os selvagens do “clube eclético” fazerem à porta 10A), aprendi a ser humilde na hora do sucesso (evitar sempre transformar-me no menino de oiro da Fátima Lopes), aprendi a ter maturidade na hora de acatar as decisões dos meus superiores (fazer birrinha por ter de treinar penaltys, não é coisa de gente digna), aprendi a respeitar as pessoas pelas suas atitudes e não pelas suas vestes e aparência (em vez de longas barbas, um tipo pode usar fato com símbolo do Colégio Militar à lapela e ser um taberneiro na mesma), e aprendi que só os grandes homens conseguem dar a volta a uma situação adversa (por isso é que o Cardozo e o Adu estão tão bem no nosso clube).
Para qualquer benfiquista estas lições de vida são óbvias, mas lá está, o que é fácil para uns, é difícil para outros. Ou seja, a vida é um pouco como marcar penaltys, mas o que tem graça é que esta, já não aprendi com o meu clube...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Os Quinitos, os Mourinhos e os abutres


Se este blog fosse um bicho, então seria um abutre. Na melhor das hipóteses, uma hiena. Isto porque se alimenta do infortúnio alheio, com os seus autores permanentemente empoleirados no galho do embondeiro à espera da escorregadela do rival. E foi com base nesta rivalidade que conseguimos fidelizar para cima de nove leitores. Um sucesso, portanto.
Ora, como sabemos, nas paragens do campeonato como a deste fim-de-semana a rivalidade esmorece. Pior mesmo só quando joga a Selecção. Aí temos que fingir que somos todos amiguinhos, que o Nuno Gomes é o melhor atacante do mundo e que o Ricardo é um paradigma de segurança entre os postes.
É nestas alturas que aqui a malta tem que puxar pela cabecinha para manter as hostes entretidas. Assim sendo, é altura de fazermos um balanço da Liga Record - Impróprio para Cardíacos, uma competição que define quem são os Quinitos e os Mourinhos deste blog.
Como poderão reparar, a primeira nota de relevo vai para a extrema coerência dos autores deste pasquim online: se um ocupa a 2ª posição, o outro ocupa igual posição...a contar do fim. Outras notas de destaque vão para o líder Fredos, para a lamentável prestação do nosso conhecido Reximperator (que apesar de verde segura a lanterna vermelha) e para a recuperação classificativa do saudoso Dr. Oscar Barbosa (onde anda, amigo?).
Sabemos bem que no final é que se fazem as contas, mas nada nos impede de até lá irmos dando umas bicadinhas no vizinho. Como os abutres, é bom de ver.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Aos soluços

Não caro leitor, não vou continuar a fazer piadas sobre as noites loucas de Soares Franco, que por acaso até sucedem às tardes loucas de Dias da Cunha. Sei muito bem que bêbados são os adeptos benfiquistas, no Sporting os bêbados vão para presidente e é essa a única razão que eu vejo para se dizer que é um clube elitista. Hick!

Depois da figadeira de vinho do porto aciganado no Sábado, o Benfica foi à Ucrânia vencer uma equipa de brazucas tão habituados a temperaturas negativas, como nós a ver o Sporting ganhar jogos fora. Uma pessoa olhava para campo e parecia que estava a olhar para um copo de caipirinha.
Obviamente que o Benfica ganhou, o que não serviu para seguirmos em frente na liga milionária, mas serviu para mostrar duas coisas:
  • O Cardozo só consegue marcar golos de cabeça com um gorro vestido, o que me faz pensar que para o próximo ano o equipamento alternativo do Benfica será inspirado em Kumba Yalá;

  • Não dá para usar o Luís Filipe como extremo, mas a contar com aquilo que toda a gente lhe chama deve dar perfeitamente para usar como estrume.

Estar a 7 pontos do líder e passar para a Uefa é algo que não satisfaz um benfiquista, é como pedir um vinho tinto e darem-nos um vinho verde. Não fosse o Sporting (que se arrisca a tornar no meu 2º clube, tal é a quantidade de alegrias que me tem dado esta época) e eu acho que andava para aí tão mal, tão mal, tão mal, que ainda me arriscava a ser o próximo presidente leonino.

PS- Gostaria de enviar um abraço ao jogador Vukcevic, que no último jogo do Sporting passou por um mau bocado. Segundo os jornais desportivos, parece que poucos minutos depois de ter entrado em campo, o atleta sofreu um ataque de pânico e teve de ser substituído. É caso para dizer que, ao contrário da maioria dos reforços leoninos desta época, o montenegrino já está totalmente identificado com o clube. Hick!

Obrigado, Presidente.

Confesso que não sou grande admirador do Presidente Vieira (Luís Filipe, porque do Manuel João gosto muito). Apesar de me divertir cada vez que o ouço (hum? hum?), considero o "Charlot dos pneus" um grande enganador e faz-me confusão como é que os tão propalados milhões e milhões de benfiquistas são vigarizados há anos por esta criatura, mesmo quando confrontados com as evidências em cada final de época.
Mas ontem à noite tudo mudou. No meu coração, que foge de sentimentos pro-benfiquistas como o Superman da kryptonite, nasceu uma pequena centelha de carinho pelo bigodudo e aburgessado dirigente. Desde ontem que guardo LFV no mesmo cantinho do meu coração onde já moram o Badaró, a Alexandra Solnado e o coyote do Bip-Bip.
Para os menos atentos, recordo que Luís Filipe Vieira dedicou a vitória em Donetsk «a todos aqueles que vivem à custa de dizer mal do Benfica». Foi um bonito gesto que me tocou fundo. Não precisava. Foi um gesto ainda mais bonito, porque foi espontâneo. E vocês sabem melhor que ninguém que eu nunca pedi nada em troca dos meus posts. Nem um pelinho do buço da Vanessa Fernandes!

Por isso Presidente Luís Filipe, vai daqui um forte abraço de agradecimento d'O 7 Maldito (mas não se encoste muito que eu não quero ficar a cheirar a fritos).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Petúnias

No ínicio do Verão passado, depois de aturadas negociações com a minha mulher, decidimos plantar umas petúnias nos vasos que temos na marquise. “Se tu podes ter o canal Venus, eu posso ter petúnias”, afirmou decidida, batendo com a mão na mesa. Pareceu-me justo.
Juntámos água, terra e sementes nas proporções certas e umas semanas depois já as petúnias floresciam (ou será fluoresciam?) radiosas.
Enquanto houve sol e calor desenvolveram-se espectacularmente, multiplicando-se numa miríade de cores que encantava todos os que visitavam a nossa casa. Atingiram uma dimensão considerável, chegando mesmo a sufocar o pobre cacto do vaso do lado.
Com a chegada do Inverno, estas flores da família das solanáceas começaram a definhar. Pouco a pouco, foram-se fechando, as folhas secando e os caules amarelando. Chegámos a pensar que era uma manobra de retaliação do oprimido cacto, mas a vizinha de baixo – que é boa jardineira – rapidamente nos disse que não. Que é mesmo assim. Que as petúnias, em chegando o Inverno, vão-se abaixo das canetas. “E o que é que nos fazemos?”, perguntámos. “Cortem tudo pela raíz e no próximo Verão elas voltam a crescer”, sentenciou.
Dito e feito. Com três tesouradas bem aplicadas lá foram as petúnias, para gáudio do velhaco cacto e tristeza da patroa.

Depois do que vi ontem em Alvalade, e na sequência dos trágicos acontecimentos das últimas semanas, não me restam quaisquer dúvidas: este Sporting só vai lá como as petúnias. É preciso uma valente tesourada que corte rapidamente pela raíz a direcção, o treinador e a equipa. Depois, é só ficar à espera do próximo Verão.

PS (com 4 horas de atraso): se este blogue fosse o Record, este post teria o título "Grande Poda", mas não é amigos, não é...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Os Bambis e os bambinos

Ontem à noite no Inferno da Luz presenciei a um dos melhores jogos que vi na vida. O Benfica dominou e controlou o jogo frente à actual campeã europeia e ao (verdadeiro) melhor jogador do mundo. Uma exibição à Benfica, com garra, inteligência, futebol bonito, chama imensa e, claro, golos falhados ao pontapé. Nos primeiros 20m entrámos com demasiado respeito pelo adversário, mas após o golo de Pirlo comecei a sentir-me de tal maneira enganado que até vou apresentar uma queixa à Uefa, pois também paguei bilhete para ver o AC Milan jogar e durante 70m só deu Benfica!
Na 2ª parte parecia que os italianos estavam a jogar em 8-1-1, com um contra-ataque venenoso é certo, mas sempre na iminência de sofrerem o 2º, o 3º e 4º golo que por acaso e azar nunca aconteceram. Em Portugal não são todas as equipas – na realidade, eu sei que é só o Benfica mas o desportivismo tem destas gentilezas – que poderiam jogar assim com o actual vencedor da Liga de Campeões, transformando uma equipa de campeões numa vulgar uma equipa de bambinos. De toda a partida, há dois momentos em particular que nunca irei esquecer: o 1º é obviamente o golão (cá está outra coisa que nos diferencia dos que dizem golaço) do Super-Maxi; o 2º é o momento em que pensei que o mundo ia terminar e vi o Apocalipse à minha frente. Foi aos 72m que aconteceu aquilo que Nostradamus já tinha previsto: um surúrú entre os temíveis Petit e Gattuso! Ora como se sabe, o choque de duas placas tectónicas desta dimensão e força, provocaria um cataclismo em todo o planeta e, muito provavelmente, a extinção de toda a Humanidade. Mas até nisto o jogo foi soberbo, apercebendo-se da tragédia que estava iminente, os dois jogadores refriaram as suas intenções e, para total delírio das bancadas, abraçaram-se. Caro leiror, ver estes dois homens a abraçarem-se é uma surpresa tão grande como dobrar uma esquina e ver o Myke Tyson e o Hulk Hogan a jogarem ao elástico no passeio, vestidos com a farda do Colégio Ramalhão.

Já na noite anterior, tínhamos visto uma equipa mais perdida que o pequeno Bambi, a ser sufocada pelo Manchester. No Teatro dos Sonhos, viu-se mais um Acto da novela luso-brasileira "Pesadelos”, relato do terror que são as noites europeias dos sportinguistas. E no final, após 45m de tortura futebolística dos reds, em vez de aproveitarem para aprenderem qualquer coisa de futebol (e que concerteza lhes seria muitíssimo útil), queixam-se de um golo mal anulado ao Liedson (cá está outra coisa que nos diferencia porque também anularam um golo limpo ao Nuno Gomes, mas a malta não tem feitio para se andar sempre a queixar). Mas amigos, não me entendam mal, se há coisa que eu sei é que não vale a pena dar demasiada importância a algumas atitudes dos sportinguistas. Como ficou provado na 3ª feira, estas coisas quando acontecem ou são sem querer, como foi o golo do Abel, ou então são birras de bébé até lhe darem o biberon, como foram as palavras de Soares Franco.
Uma coisa é certa, a partir da próxima semana tanto benfiquistas como sportinguistas já podem dizer: Era uma vez a Liga dos Campeões...

Mas antes disso, nós ainda temos um Clássico para ganhar, o jogo com os nossos únicos e verdadeiros adversários.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Carta Aberta

Para:
Exmo. Senhor Michel Platini
Presidente da UEFA
Route de Genève 46
CH-1260 Nyon 2
Switzerland

Exmo. Senhor,
Venho por este meio requerer que de ora em diante, os jogos do Sporting Clube de Portugal a contar para a Champions League passem a ter 85 minutos de duração em vez dos actuais 90.
Considero que a ser adoptada, esta medida trará consideráveis benefícios a boa parte da população portuguesa. Terminando as partidas 5 minutos mais cedo será possível:

- apanhar a última carreira para Alhos Vedros
- fazer uma máquina da roupa ainda na tarifa bi-horária
- entrar no Restaurante Flôr das Avenidas antes da cozinha fechar
- contar uma história para os putos dormirem
- não perder o início da novela da TVI Fascínios

Agradecendo desde já a sua disponibilidade, despeço-me com consideração.

O 7 Maldito

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Porque no te callas?

Para os mais desatentos, a frase que dá o título a este post foi proferida pelo Rei D. Juán Carlos a Hugo Chavez na última cimeira Ibero-Americana - e não por Soares Franco a Paulo Bento na última conferência de imprensa do Sporting. Apesar dos analistas considerarem que a frase foi “uma Dias da Cunhice monárquica”, o certo é que ganhou vida própria e tornou-se inclusive num enorme sucesso económico quando uma empresa norte-americana (dou o palpite que judaica também) se lembrou de a usar para toques de telemóvel, ideia que já lhes garantiu um milhão e meio de euros (quantia em cash que já pedi para o Pai Natal depositar na chuteira que todos os anos coloco junto ao presépio).

A composição sonora do toque não podia ser mais simplista: Porque no te callas? Oh! Oh! Oh! Acontece que ao ouvir esta composição polifónica – e por estarmos no Natal, a época de hibernação leonina - lembrei-me que aqui estava uma bela ideia para uma adaptação do tema ao cenário futebolístico nacional. Imaginem uma imagem de Paulo Bento num flash-interview a falar com aquela “musiquinha espanhola que ele apanhou em Espanha”, subitamente interrompida por um Pai Natal que o empurrava para fora do plano e dizia: “Porque no te callas?” Zoom-in na cara do Pai Natal e concluia-se que este, não era nem mais nem menos do que o famoso Barbas, sorridente, com manto que lhe dá o nome pintado de branco e que diz para a câmera: Oh!Oh!Oh! É ou não é um presente giro para o Natal? Pois não, não é, mas também não são a maior parte dos presentes que recebemos, tirando as cuecas e as meias que estão garantidas desde que atingimos a idade adulta.

Outra ideia para que deixo ao empreendedorismo nacional (em troca de 5.000€ na compra da patente, é claro) é uma calçadeira, objecto que admiro pelas sua simplicidade estética e eficiência absoluta. A calçadeira encarnada seria adornada com uma imagem que a preenchia por inteiro: o momento exacto em que o brasileiro dá o toque de calcanhar para um dos mais belos golos desta época. Este objecto tem a vantagem de também poder ser oferecido como presente aos seus familiares e amigos sportinguistas que, nesta altura do ano, já é tradição não saberem como se descalçar de umas quantas botas.

Para terminar em beleza, a minha última invenção para Merchadising Natalício com o selo falsificado do Impróprio: porta-chaves esculpidos em pau preto, tendo como modelo a mão do nosso talismã “Conguito da Sorte” a fazer figas. Já não há dúvidas que o miúdo é especial, talentoso e feliz, e que também tem o dom de transmitir estas qualidades e emoções a todos os benfiquistas (chorei comovido quando vi o prodígio a correr com aquele contagiante sorriso e ir festejar o golo com o Mantorras, o talismã seu antecessor). A cereja no topo deste magnífico amuleto, é o nome com que o produto será comercializado e que visa seduzir os clientes pela sonoridade ao orgão do corpo humano que todos os benfiquistas gostavam de receber este Natal: Figa Adu!

Antes de me despedir e ir acender as velinhas para o jogo de 4ª, tenho-lhe a confessar caro leitor que antes de me decidir a escrever as palermices que acabou de ler – actividade com a qual me tenho destacado profissionalmente com uma coluna diária no Correio da Manhã denominada Horóscopo – ainda pensei em escrever qualquer coisa sobre futebol. Mas como isto anda a correr tão bem e a nossa época se vai definir nas próximas duas semanas, pensei que se calhar o melhor era eu calar-me, muito bem caladinho.


domingo, 25 de novembro de 2007

O Marciano

Sábado foi um dia particularmente difícil na existência aqui do 7 Maldito. E contrariamente ao que os necrófagos benfiquistas estão para aí a elocubrar, essa dificuldade nada teve a ver com peripécias futebolísticas, mas sim com uma ressaca de dimensões homéricas. A explicação é simples: duas vezes por ano junto-me a um vasto grupo de amigos de infância para uma jantarada de convívio e respectiva incursão nocturna. As consequências são quase sempre desastrosas. O que há uns anos ocorria duas ou três vezes por semana, agora limita-se a uma frequência semestral, e é fácil perceber porquê: quando passamos dos 30, as ressacas são tão violentas que não nos esquecemos delas pelo menos durante seis meses. Mas o Universo é inteligente, e se nos deu o álcool que nos embriaga, também nos dotou com as ferramentas que combatem os seus danos colaterais: o Ben-U-ron e a Sport TV. Assim sendo, consagrei a metade do dia em que não dormi a uma maratona de futebol televisivo, com num zapping constante entre a SportTV1 e a SportTV2. Foram três jogos do campeonato inglês, um da liga italiana, com as partidas de Sporting e Benfica a fechar.
Estava eu enrolado na minha manta, aquecendo as mãos em mais uma caneca de chá de menta quando ouço alguém a bater à janela da minha varanda. Morando num primeiro andar alto, e não sendo o Homem-Aranha visita habitual cá de casa, estranhei. Febril, arrastei-me para verificar do que se tratava. E qual não é o meu espanto quando vejo que o visitante é um pequeno ser alienígena. Sim, um extra-terrestre! Cinzento, magrela, de cabeça oval e com dois grandes olhos triangulares.

“Mariza?”, perguntei.
“Não, Z4BG. Chegadinho de Marte e cheio de frio. Pode-se?” – guinchou a criatura.
“Faça favor, amigo” – respondi, fazendo juz à famosa hospitalidade lusitana

Confesso que nos primeiros minutos coloquei em causa a minha sanidade mental. Ou estava maluco ou o uísque da noite anterior era ainda pior do que imaginava. Mas não, era mesmo um marciano que estava no nosso país em visita de estudo, pretendendo apenas observar de perto os nossos hábitos e costumes. Enquanto a partida de Coimbra se arrastava penosamente para o fim, fui-lhe dando conta do que fazemos, o que comemos, como nos reproduzimos, e por aí fora. Já estávamos a ficar sem assunto quando o Z4BG aponta para a televisão e pergunta:

“E isto o que é?”
“É futebol”
“Futebol? Explica-me lá isso, 7”,
“Bem, o futebol é um desporto em que jogam onze contra onze e onde as equipas procuram introduzir a bola na baliza adversária. No futebol acontecem coisas muito, muito estranhas: por vezes há equipas que estão 80 minutos a ganhar sem terem rematado uma única vez. Outras equipas há que ganham jogos nos últimos minutos com belos golos de calcanhar de criaturas disformes e teoricamente inaptas para o desporto...”
“Quem, aquele ali?” – interrompeu-me, apontando para Luisão
“Sim...”
“Conheço bem. É primo da minha mulher”

A conversa prolongou-se por mais uma hora. Até que o gentil extra-terrestre se aprestou para ir embora, pois o último OVNI saía à meia-noite. Já à porta despediu-se e disse:

“Muito obrigado pelos teus ensinamentos, 7 Maldito. Só não percebi muito bem isso do futebol”
“Nem eu, marciano, nem eu...”

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

1000 €, ou seja, dois árbitros de Lamego.

Vivem-se tempos difíceis, caros leitores. A economia portuguesa não cresce, o desemprego alastra e a Euribor leva-nos mais dinheiro por mês que as meretrizes do Reinaldo Teles. Desde o primeiro post que não escondemos ao que vínhamos: o objectivo deste blog era o rápido e fácil enriquecimento de ambos os seus dois autores. Amigos que trabalham em informática garantiram-nos que normalmente, nestas coisas dos blogues, estão a propor-nos um livro, um programa de TV ou um lugar no Parlamento ao fim de quatro ou cinco meses. Mas até agora nada. Desencantados com este Portugal madrasto, virámo-nos para os árabes. Debalde. Em desespero de causa, estamos a tentar a nossa sorte nos Super Blog Awards. E eis que agora nos surge esta oportunidade de ganhar 1000€ (cerca de 34 Carolinas Salgado em moeda antiga), concorrendo ao melhor post do ano. O Custódio, do blog DinheiroOportunidade.com, um blog sobre como ganhar dinheiro na internet, está a fazer um concurso com um prémio de 1000 Euros. Não podíamos deixar de concorrer, até porque a campainha está a tocar e ou muito nos enganamos ou é o cobrador da Cofidis. Se não ganharmos desta, começamos a acreditar nos e-mails de nigerianos que nos prometem milhões se lhes emprestarmos mil euricos durante uns dias.
O Impróprio para Cardíacos toma a liberdade de concorrer com não um, mas dois posts. E isto porquê? Não porque a qualidade dos seus posts o justifique. Bem pelo contrário. Mas sim porque é propriedade de dois sócios com lugar cativo em bancadas radicalmente opostas, e à curta distância de um very-light. Rivais, portanto. Que explanam essa rivalidade em cada post. Que dão mais pancada um no outro que uma equipa do Jaime Pacheco. Que jamais conseguiriam chegar a consenso sobre qual o melhor post do blog. E que entretanto já nem se falam, mas isso agora não interessa.

Apresentemos então os concorrentes:

- E
quipando de vermelho (ou rosa) e atacando da esquerda para a direita, está o mítico post O Cão, o Gato e a Pulga, do mister Homem da Luz. Um vencedor antecipado.

- Trajando de verde (ou cor-de-burro-quando-foge), e atacando da direita para a esquerda, está o histórico post
A torradinha com pouca manteiga e o galão de máquina. Autoria: Rosa Lobato Faria, perdão, O 7 Maldito. Claramente, um vencedor antecipado ex-aequo.

Resta-nos agora esperar os resultados da votação com desejos de saudável desportivismo (arrrghhhh!), que ganhe o melhor e promessas de que se não abicharmos a milena soltamos os moldavos para cima do tal Custódio.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Perdoas-me Shéu?

Que levante a mão aquele que nunca fez uma graçola com o número de dedos da mão do Shéu. Ora contemos as mãos no ar…uma do Álvaro Magalhães ali ao fundo….mais alguém? Ninguém? Só o Álvaro? Ok.
Eu sou o primeiro a admitir que fiz e não foram poucas. E talvez por isso, a Divina Providência castigou-me: na segunda-feira fui vítima de um acidente de trabalho que quase me decepava o indicador da mão esquerda. Agora, com a mão entrapada e a deslocar-me de dois em dois dias ao centro de saúde para mudar o penso, aguardando pacientemente na fila que senhoras tirem os pontos da cesariana, gostaria de deixar aqui uma palavra de solidariedade para com o agora Director de Qualquer Coisa Que Ninguém Sabe Bem O Que É do SLB. Eu, melhor que ninguém, sei o que ele passou.
A primeira mudança na minha vida relacionada com o acidente não foi má de todo. Atraí imediatamente a compaixão das minhas colegas de trabalho: “coitadinho”, “mostra lá”, “oh pobrezinho”, foram as frases mais ouvidas enquanto me afagavam carinhosamente o couro cabeludo e encostavam a cabeça no meu pouco musculado torso. Pensei então em Bento, Pietra e Chalana, as colegas de trabalho de Sheu Han, afagando-lhe a carapinha e encostando as cabecinhas na sua peitaça, confortando-o. Confesso que esta imagem me enjoou mais do que quando vi as ensanguentadas profundezas da minha falangeta.
A segunda grande mudança e enorme motivo de chacota verificou-se quando fui à tasca do costume com os meus quatro melhores amigos e levantei a mão para mandar vir uma rodada de imperiais: chegaram apenas quatro cervejas. Shéu, amigo, passar uma vida a pagar rodadas de quatro imperiais pode saír mais barato, mas não paga as piadas que ouvimos…
Por fim, as mudanças ao nível da actividade profissional. Aqui, Shéu, saíste claramente a ganhar. Aposto que muitas vezes tentaste agarrar a camisola do adversário que fugia isolado mas ele...escapou-te entre os dedos. Pode até ter sido golo contra, mas quantos amarelos evitaste? Ora eu, escriba actualmente a jogar nas distritais (leia-se blogues), sinto-me agora mais coxo que o Mantorras. As ideias fluem na minha cabeça e as mãos vacilam no teclado. O dedo atingido tinha como principais funções a limpeza das cavidades nasais e o teclar do “a”, do “q” e do “z”. Se no que diz respeito à função otorrinica o homólogo direito assumiu provisoriamente a responsabilidade, no que concerne à escrita, o dedo médio teve que acumular tarefas. Ora isto gera insatisfação e cansaço acrescido para o sobrecarregado dedo. Até já recebi um pré-aviso de greve por parte do Sindicato dos Dedos Tecladores, pois recuso-me terminantemente a pagar-lhe horas extra. Em retaliação, decidi que até esta situação estar bem clarificada não lhe corto a unha.
Shéu, fica aqui um abraço amigo do 7 Maldito, desejos de saúde e que contes muitos. Pelos dedos, claro.
Agora vou-me plantar em frente à TV e torcer para que despachemos a Finlândia com uma mão cheia de golos. 4-0, portanto.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Vamos ajudar os pobrezinhos

Ontem tive a oportunidade de assistir ao 5º jogo Amigos do Ronaldo vs Amigos do Zidane, cujas receitas têm o benemérito destino de apoiar famílias que vivem com pouco mais de 20€ por mês. Inserido no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o “Jogo Contra a Pobreza” é uma partida que une todo o mundo do futebol e consegue pôr de lado as rivalidades por um bem comum, excepto obviamente aqui no Impróprio. Apesar de eu pertencer a uma família pobre, e que na sua maioria vive com os 400€ do salário mínimo nacional: a família benfiquista, fiquei a perceber que há para aí uns novos ricos que são bem mais pobres que nós. Digo isto porque a solidariedade dos dois craques vai para além das famílias financeiramente carenciadas, chegando inclusive até aos futebolistas tecnicamente carenciados. Só para terem uma ideia do bom coração de Ronaldo e Zidane, das suas equipas fizeram parte atletas de modalidades que nada têm a ver com o prática futebol como Schumacher ex-piloto da Ferrari, Sérgio Garcia golfista e Ronny atleta do Sportén. Foi até curioso ver como o jovem golfista espanhol Sérgio Garcia, encostado ao lado esquerdo do ataque da equipa de Zizou, toureou sem perdão o fraco Ronny, sem dúvida alguma o 2º jogador mais pobre de todos os que tiveram nas 4 linhas. E qual era o mais pobre? Não, não era o Pedro Emanuel, não era o barrigudo do Ronaldo, nem o guarda-redes do Boavista que encaixou 6 do Glorioso, era sim o paupérrimo Koke. Felizmente que Ronny e Koke estavam em equipas diferentes, caso contrário seria desleal, mas convidar estes dois toscos para jogarem é um enorme e comovente acto de solidariedade. Ora isto levou-me a ter uma magnífica ideia para um “Jogo Contra a Pobreza” mas desta vez realizado à escala nacional. Ora bem, porque é que não se organiza um joguinho entre equipas de outros dois milionários, também composta por atletas miseráveis e cujas receitas reverteriam a favor dos mais carenciados. O jogo chamar-se-ia “O Jogo da Pobreza” e iria opor as equipas Contratações de Luís Duque vs Contratações de Carlos Freitas.

Tenho a certeza que esta iniciativa iria ser, pela 1ª vez na história do SCP, um enorme sucesso mundial e chamaria a atenção do país e do mundo, para um dos maiores casos de pobreza à escala planetária:
O actual plantel do Sportén.

Junte-se a nós nesta grande iniciativa humanitária: Está na hora de ajudar os mais desfavorecidos!

domingo, 18 de novembro de 2007

Espírito Natalício

Não há paciência para as fases de apuramento dos Europeus e Mundiais. E muito menos agora que a "Europa", segundo o mapa da UEFA, acaba praticamente nos arrabaldes de Ho Chi-Minh. Por dá cá aquela palha interrompe-se um animado campeonato nacional à conta de um jogo com uma qualquer equipa de um país onde até há bem pouco tempo os habitantes viviam em tendas nas estepes, alimentando-se sobretudo à base de leite de iaque e primos direitos. O que vale é que passado este tormento lá vem a fase final, com o Scolari a pedir bandeirinhas nas janelas e eu a gastar a carrinha familiar que tinha prometido à patroa em quinze dias de cerveja e futebol na Áustria e na Suíça.
Mas nem tudo é mau. Estas pausas podem servir para aquele brilharete anual do género "querida, e se fôssemos passar um fim-de-semana a Londres só nós os dois?". Foi o que fiz, começando desde já a acumular créditos que serão integralmente gastos na tal ida ao Euro 2008, se os finlandeses não se armarem em espertinhos, claro.
Em Londres, Portugal continua na berlinda. Desenganem-se os que pensam ser por causa de José Mourinho. Já o esqueceram. Desde que saiu que o Chelsea começou finalmente a ganhar e a jogar bom futebol e as criancinhas a irem para a escola sem medo de levarem um puxão de cabelos. Os jornais chegaram mesmo a publicar capas com o esclarecedor título "José who?".
É a pequena Maddie que ainda dá que falar. Teorias, mais teorias, a incompetência da nossa polícia, amigos da família, teorias, a incompetência da nossa polícia, e por aí fora. Eu continuo na minha: cá para mim o Binya não é 100% inocente nesta história, mas pronto...
O que me faz regressar ao teclado deste computador é uma fantástica notícia que vi na televisão local: acreditem ou não, um pacato cidadão de uma mais pacata ainda região britânica ganhou 7 milhões de libras na lotaria. Isto equivale a qualquer coisa como 10 milhões de euros. Nada de especial dizem vocês. Certo, mas eu ainda não vos disse como é que o senhor pretende gastar o arame. Ao que parece, o indíviduo apressou-se a trocar de casa, a comprar um carro novo e a fazer umas obras no pub de que é proprietário. Feitas as contas, ainda lhe sobraram uns 8 ou 9 milhões de euros. E se uns poriam esta considerável maquia a render no banco ou aproveitariam para antecipar a reforma, este nosso amigo decidiu agarrar no livro de cheques e tratar de comprar um jogador para o seu clube. E atenção que estamos a falar de um clube aí da 3ª ou 4ª divisão local!
A princípio confesso que fiquei estupefacto. Mas rapidamente comecei a dar razão a este mecenas da bola. Na verdade, o homem é um visionário. E a sua generosidade e invejável espírito natalício conquistaram-me.
Assim sendo caros leitores, aqui O 7 Maldito, que joga todas as semanas no Euromilhões, promete desde já que quando (sim quando, porque isto - tal como um golo do Cardozo - é uma questão de tempo, muuuito tempo) ganhar o primeiro prémio, dirigir-se-á de imediato ao edifício da SAD leonina e comprará de uma assentada os passes do Yannick Djaló, do Ronny, do Purovic, do Paredes, do Gladstone, do Marian Had e do Stojkovic, garantindo assim que nunca mais voltam a envergar "a verdibranca". Serão colocados em lugar seguro, como por exemplo um cofre forte no balcão da CGD de Moimenta da Beira, com abertura programada para daqui a 100 anos. Espero assim proporcionar a toda a Família Sportinguista um Feliz e Santo Natal.
Amen.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Casamento Cigano

Sábado à noite o meu cunhado entrou para o único clube que rivaliza com o Sportén nas tristezas que dá aos adeptos: o clube dos casados. Porém, creio e desejo que neste caso haverá um futuro glorioso, em parte devido à boa formação do rapaz que tem tudo para ser um bom chefe de família: sócio praticante do Benfica. Para festejar a união do casal as suas famílias brindaram os convidados com uma festa de arromba que ficará para sempre guardada na minha memória como um dos mais bonitos e divertidos casamentos a que fui. Acreditem que não é gentileza da minha parte, sou daquelas pessoas que considera um casamento tão bonito quanto o futebol praticado pela equipa de Paulo Bento. Mas só para terem ideia da qualidade da festa, a certa altura olho para o palco e estava José Cid (a mãe do rock português) a cantar o famoso “No dia em que o Rei fez anos”, um tema que todos sabemos ser dedicado a Eusébio e, que por isso, me comove especialmente. A festa terminou 23 vodkas tónicos depois, já nascia o sol.

Acordei no dia seguinte, perdão na tarde seguinte, com uma surpreendente dor de cabeça. O vinho era um alentejano de Reserva, as cervejas estavam geladinhas, o vodka tinha sido entregue em mãos pela máfia de leste e eu tinha tido um enorme cuidado nas porções que ingeri. Mas enfim, ao longo dos anos já me habituei a encarar a ressaca um pouco como encaro o sportinguismo, ou seja, como um mal necessário. O que eu não sabia é que a festa de casamento continuava pela noite fora de domingo. Primeiro com uma linda cerimónia na Catedral da Luz, onde os atletas benfiquistas presentearam os noivos com meia-dúzia de golos (a maior goleada da época) e passando a ser o melhor ataque da prova. Houve golos para todos os gostos e os já normais 5 minutos finais à Benfica onde marcámos 3 golos e, a pedido do noivo, Bergessio evitou o dilatar do marcador para um resultado que não pode ser um bom augúrio para nenhum casamento.

De seguida, passámos para o mais belo Estádio de Portugal onde nos deliciámos com um maravilhoso banquete da gastronomia minhota. O chefe desta iguaria foi o treinador interino do Braga que orientou pela primeira vez na vida uma equipa da 1ª divisão e cozinhou três pratos que encantaram os convidados. No final do banquete, e após se terem ovacionados OLÉS por mais de dez minutos, gostei de ouvir o Paulo Bento dizer aquilo que eu ando aqui a dizer há mais de dois meses: “Esta equipa não teve dignidade”; “Fizémos um jogo horrível”; “A derrota foi justa e agora estamos no lugar que merecemos”. É certo que são coisas desagradáveis de se ouvirem num casamento, mas fale agora ou cale-se para sempre. Já agora, obrigado Mister por fazer suas as minhas palavras e, principalmente, por ler o nosso blogue. Quanto aos jogadores do Sportén, só vieram demonstrar que em Braga é que eles estão bem, é que há ainda tanta, mas tanta pedra para picar!

A terminar, um pézinho de dança ao ritmo de DJ Faquirá e a sua selecção de bossa nova, kuduro e electro-kizomba. Destaque para o final da sessão do moçambicano com 5m apoteóticos em que, quando já ninguém esperava, voltou a levantar todos os convidados noutra eufórica celebração.

Após duas noites de grande alegria garanto-vos que, aqui no Impróprio, a festa vai continuar. É de copo erguido na mão e com a voz rouca que grito: Viva os noivos!

Deixai vir a mim os Binyas

Pequena nota introdutória:
Se este blog fosse “A Bola” ou o “Record”, o título deste post seria “Castanhada”, fazendo a ponte entre a “situação” que ontem se verificou em Braga e o dia de S. Martinho que simultâneamente se comemorava. Mas não. Tanto eu como o Homem da Luz temos a 4ª classe completa e nenhum dos dois foi lobotomizado. Por isso não caímos na esparrela do trocadilho barato e da piada fácil. Para isso, dirijam-se ao quiosque mais próximo, sff.

E agora sim, o post:
Assim que terminou a partida na pedreira Souto Moura, comecei a receber uma enxurrada de SMS’s de cariz provocatório, desafiando-me a colocar de imediato um post no Impróprio acerca da tragédia a que todos acabáramos de assistir. Como denominador comum, todas essas mensagens tinham o facto de serem remetidas por elementos assumidamente benfiquistas, o que nos permite tirar duas conclusões:

- É de investir em acções das telecomunicadoras nacionais em vésperas de deslocações complicadas do Sporting (sendo que actualmente todas as deslocações são complicadas). A quantidade de mensagens enviadas só encontra paralelo no Natal e Ano Novo.

- Os benfiquistas querem sangue. Estão de barriga cheia, os seus egos mais inflados que nunca, e os seus tiques de superioridade impedem-nos de resistir quando vêem o adversário por terra. É compreensível, e é por estas e muitas outras que eles nos divertem.

Quanto ao jogo propriamente dito, não há nada a dizer. Passou em canal aberto para desespero dos sportinguistas e gáudio dos comentadores da TVI. Se uma imagem vale por mil palavras, então as imagens daqueles 90 minutos valem por milhões de insultos. Mas contrariamente ao que muitos pensariam, aqui o vosso amigo 7 Maldito não se esconde nas horas difíceis. Estou aqui nos bons e nos maus momentos (mesmo não me lembrando do último bom momento...). Avanço, rasgo a camisa e dou o peito aos vossos very-lights. Melhor ainda: baixo a meia até ao tornozelo e ofereço humildemente a minha magra e peluda canela aos milhões de Binyas que estão aí emboscados, ansiosos por libertar a virilidade na caixa de comentários. Força. O árbitro não está a olhar.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A torradinha com pouca manteiga e o galão de máquina

“Bom dia Sr. Mário”
“Bom dia, caro amigo”, responde-me o simpático estalajadeiro, “é o costume?”.
“É o costume?”. Foi quando ouvi pela primeira vez esta pergunta – há uns anitos atrás – que percebi que estava a ficar velho. Até então vinha negando todas as evidências: conta ordenado, deixar de conhecer os porteiros das discotecas, a mesma namorada há mais de seis meses, acordar às 10 da manhã de Sábado, deixar passar o prazo de validade ao Guronsan, etc.
Quando o dono de um café nos pergunta se “é o costume”, não nos está a perguntar se é a torradinha com pouca manteiga e o galão de máquina da praxe. Não. Está apenas a dizer de forma simpática que estamos velhos e acomodados. Que baixámos os braços. Que nos deixámos enrolar de tal maneira na viscosa teia dos nossos hábitos que já nem conseguimos pedir um abatanado em vez do galão. Às vezes até esboçamos uma ténue reacção e fingimos que tentamos remar contra a maré. Eu, por exemplo, vou de vez em quando a um restaurante japonês ali para as bandas de Sete Rios. O empregado paquistanês dá-me o menu e eu penso sempre “hoje vou pedir algo diferente”. Olho, olho, olho, o empregado começa com a pressão psicológica, eu baralho-me no meio de tanta japonesice e, na dúvida, acabo por ceder: “é o sushi-sashimi mori, uma sopa de miso e uma imperial”. Sempre, desde que o estabelecimento abriu. Se o paquistanês tivesse nascido em Linhares da Beira como o Sr. Mário, diria certamente “o costume, portanto”. E eu, envergonhado, teria que admitir.
Os jogos do Sporting com equipas italianas funcionam exactamente com a mesma lógica. Eles chegam à Portela e já sabem que vai ser “o costume”. Os jogadores do leoninos sobem ao relvado e inconscientemente sabem que aquilo vai acabar “no costume”. E eu sento-me ali no Sector A4 com a secreta esperança que não se repita “o costume”. Não há volta a dar. Não dá para fintar o destino como Liedson fintou o Mexés. É assim desde que me lembro de ver futebol. Desde a eliminatória com o Nápoles, dos tempos de Maradona (sim, vi D10S a jogar!), seguindo-se outras com o Inter de Matthaus, Brehme e Klinsmann ou Milan de Shevchenko. Isto para nem falar da Udinese, do Torino, da Atalanta ou outros Paços de Ferreira transalpinos (eis uma palavra que tal como gauleses, magiares e teutónicos já só existe no léxico futebolístico).
E o que é “o costume” com as equipas italianas? “O costume” é o Sporting fazer o melhor jogo da época, dominar a partida, ter mais posse de bola, correr o dobro, rematar o triplo, ter o “Man of the Match”, receber elogios de toda a imprensa italiana, portuguesa e até do Rui Santos, saír debaixo de aplausos e no final não ganhar. Porque há sempre um golo mal anulado, um fora-de-jogo mal tirado, um poste no sítio errado, uma “casa” do Abel, ou uma cabeça do Polga. Como de costume.
O inglês Gary Lineker costumava (repararam na subtileza literária?) dizer mais ou menos a mesma coisa no que dizia respeito à selecção que capitaneava: “o futebol são onze contra onze e no final ganham os alemães”. “As usual”, diria o Sr. Mário se não fosse estalajadeiro.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Gentlemen

Outros títulos que este post poderia ter, seriam por exemplo: Um azar do Cardozo; ou Whisky a martelo; ou ainda Que grande gaita. Mas não, optei por este porque creio ser o que melhor espelha o jogo Celtic – Benfica. Como todos sabem, Camacho declarou que este era “um jogo para homens”. Após o resultado final, não posso deixar de dar os parabéns a Camacho e aos jogadores por tão bem terem erguido um dos nossos principais valores como benfiquistas e como homens: o cavalheirismo. O Benfica é claramente superior ao Celtic e só não ganhou por uma questão de educação e respeito pelas mulheres. Para nós, custa-nos muito ganhar um jogo quando do outro lado está uma equipa que se veste de saias e num Estádio onde estão mais de 35.000 saias nas bancadas (cerca de mais 1.700 do que há em média no Estádio Zé de Alvalade).
Os primeiros 45m do Benfica foram de classe e pura nobreza, onde falhamos com gentileza dezenas de oportunidades de golo e ao cair do pano, num enorme gesto de cavalheirismo desviámos um remate para dentro da nossa própria baliza.
Na segunda parte, quando tudo apontava para um final à Benfica, Camacho evitou o inevitável golo do Benfica ao retirar o Maestro, e colocar o Bergessio em vez do talismã Conguito da sorte.
Estou seguro que nos próximos jogos, com o Shaktar e Milan, o Benfica não será tão cavalheiro e irá vencer ambas as partidas, passando - como é hábito – à fase seguinte da Champions. É que o Benfica não dá hipóteses quando os jogos são de homem para homem.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Papoilas saltitantes

Camacho avisou: o jogo de hoje contra o Celtic "é para homens".
Acabo de receber um telefonema de Glasgow, garantindo-me que os ruidosos adeptos escoceses já estão nas ruas, mais bêbedos que o Toni, a comemorar antecipadamente a falta de comparência da turma encarnada.

domingo, 4 de novembro de 2007

Crónicas do Sahara – Parte II (e última porque senão no Natal ainda estamos nisto)

Como sabem, a Líbia é um estado totalitário governado com mão de ferro há 38 anos pelo Coronel Muhamar Kadhaffi. Durante décadas, o seu país funcionou como uma espécie de Harvard ou Sorbonne do terrorismo internacional: operacionais da OLP, da ETA, da Al-Qaeda ou do IRA acorriam à Grande Jamayria Popular Islâmica (como o Coronel rebaptizou o país) para tirar magníficas pós-graduações em “Rebentamento de carros-bomba”, “Despedaçamento de Governantes Imperialistas”, “Auto-explosão em Transportes Públicos” e por aí fora. Uns dos seus alunos receberam um Doutoramento Honoris Causa ao mandarem pelos ares (literalmente) um 747 da British Airways sobre a localidade escocesa de Lockerbie e consta que Olegário Benquerença terá aí aprendido como rebentar com as aspirações do Sporting.
Dentro de portas, o senhor também não brinca em serviço. A malta fia bem fininho, de tal maneira que não há vestígios de qualquer oposição política, e a palavra crime não consta dos dicionários locais. Drogas e alcool são proibidas, sob pena de quem prevaricar passar a usar a aliança de casamento no pulso, se é que me faço entender...
Foragido da capital Tripoli, refugiei-me no deserto do Sahara, onde fui piamente acolhido por uma simpática família touareg. E foi aí que pude ver com os meus próprios olhos as horríveis torturas e provações a que o ditador sujeita os seus cidadãos. Creio mesmo ter sido a primeira vez que um ocidental terá presenciado tamanhas atrocidades, por isso, mais do que um post, este texto é um grito desesperado de alerta e pedido de ajuda ao Mundo em nome de toda a população líbia.
Era Domingo e o sol já tinha desaparecido no horizonte, cobrindo aqueles mares de areia com um fino manto alaranjado. A família Mouftah (nome fictício) reunia-se para jantar, sentando-se nas almofadas dispostas em torno de um velho tapete em tons de castanho. No centro, tâmaras, couscous e um estufado de borrego e legumes, com chá verde a acompanhar. Aparentemente, tudo decorria com normalidade. Mas subitamente, os acontecimentos precipitaram-se. O chefe de família ligou a TV de fabrico chinês que se encontrava no canto da sala. Depois de um rápido zapping, sintonizou num canal local, e o horror abateu-se sobre aquela casa: em directo desde a ilha da Madeira transmitia-se o Nacional x Sporting.
Obrigar os pobre líbios a assistir a um jogo como este é uma barbárie. Nem os piores tiranos e os mais sanguinários genocidas merecem tamanho castigo. O sofrimento daquelas gentes era evidente: cada nova jogada do Yannick provocava-lhes traumas irreparáveis. Cada grito da claque do Nacional causava-lhes esgares da mais insuportável dor. Cada entrada do Ávalos levava-os ao desespero. Foram 90 minutos de fazer inveja aos carcereiros de Guantanamo.
Por menos do que isto já a ONU enviou batalhões de capacetes azuis. Por menos do que isto já os Estados Unidos arrasaram civilizações. Por menos que isto já a Oprah Winfrey nos obrigou a ver programas de beneficiência com a Celine Dion e o Michael Bublé.
A quem me estiver a ouvir: há um povo em sofrimento, a sentir na pele as mais atrozes torturas. Ajudemo-los antes que seja tarde, pois temo que na noite de Sábado tenham sido forçados a ver o Paços de Ferreira x Benfica, em mais uma brutal forma de tortura psicológica que pode mesmo ter terminado em hediondos suicídios colectivos.

PS: já que estamos em maré de solidariedade, quero deixar nestas horas difíceis uma palavra de apoio às alternadeiras portuenses. Com tanto favorecimento nas últimas jornadas ali para os lados do Dragão, temo que as senhoras estejam a fazer horas extraordinárias para dar despacho às filas de árbitros e fiscais-de-linha que entretanto se formaram.

sábado, 3 de novembro de 2007

Portugal dos pequeninos

Acho injustas as críticas que se têm feito à Taça da Liga. A mim, parece-me uma prova inovadora, bastante bem estruturada e que veio dar uma lufada de ar fresco à competição futebolística. Desde o princípio, os organizadores da Taça da Liga sempre disseram que a prova se destinava a promover a competição e servir de montra às denominadas “equipas mais pequenas”. Agora que já são conhecidos os 4 finalistas da Taça da Liga, constatamos o sucesso absuluto da competição ao atingir os desígnios a que se propôs. No único jogo entre equipas da 1ª divisão, o Benfica foi a Setúbal rodar a sua equipa B e os titulares do Vitória venceram com uma excelente exibição. O jogo serviu para mostrar que Miguelito é um pequeno Marian Had e que o central Ed Carlos joga melhor a trinco que Paredes. Parabéns ao Vitória e seus adeptos que mereceram inteiramente o prémio e a festa.
Por outro lado, gostaria de muito desportivamente dar os parabéns a todos os sporténguistas que viram a sua equipa vencer o Fátima, num jogo muito disputado e equilibrado, com ambas as equipas a apresentarem o seu melhor onze, onde se viram 5 golos, e até se poderiam ter sido mais não fossem os jogadores do Fátima terem falhado inúmeras oportunidades de golo, e ainda, terem enviado duas bolas ao poste. No final do que muitos consideram ter sido a final antecipada, foi bonito ver a festa dos jogadores e adeptos leoninos, que festejaram a vitória exactamente da mesma forma como costumam festejar um empate no Estádio da Luz. Antes disso, quando o Depilator fez o 3º golo do Sportén, o país teve a oportunidade de ver a enorme alegria de todo o banco de suplentes do Sportén, os saltos de alegria de Pedro Barbosa (por uma razão diferente que uns croissants de chocolate) , a benção de joelhos de Paulo Bento que não acreditava na misericórdia do Senhor , e melhor de tudo, a invasão de campo dos suplentes do Sportén que pensavam ter ganho a Champions.
São imagens destas que ficam na história do futebol português, por tão bem ilustrarem a grandeza da nova competição, bem como, a grandeza da actual equipa do Sportén. Pequeninos, muito pequeninos.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Crónicas do Sahara - Parte I

Inicio agora as crónicas que relatam a minha viagem à Líbia para vender este blogue, e todas as peripécias que a envolveram. Das negociações propriamente ditas às práticas ditatoriais do Coronel Kadhaffi, passando pela presença do futebol português além-fronteiras, teremos de tudo. Com a chancela de rigor, isenção e qualidade duvidosa a que o Impróprio para Cardíacos já habituou os seus 16 leitores, claro.



Cheguei a Tripoli e à minha espera no aeroporto estava um mar de populares e dezenas de jornalistas. Tanta euforia e tanta gente de bigode junta a urrar de alegria fez-me lembrar a chegada à Portela do ponta-de-lança norueguês Karadas. Procurei em vão pelo Barbas e Jorge Máximo.
Pela recepção, acreditei que a venda do Impróprio aos magnatas líbios do petróleo estava no bom caminho e não deixei de ficar surpreendido com o facto de um simples blogue sobre o futebol lusitano ter-se tornado num assunto de dimensão nacional naquela ex-colónia italiana.
Com a protecção dos agentes da autoridade entrei para o banco traseiro de uma vetusta limusine soviética, contemporânea de Nikita Krutschev (não, não era central do Lokomotiv de Moscovo…) que arrancou a fundo até um dos poucos hoteis de cinco estrelas da cidade. Escassos minutos depois estava sentado numa enorme sala de reuniões com mais de quinze pares de olhos ameaçadoramente apontados para mim. O gorduroso empresário arménio que intermediava o negócio ia traduzindo o que se dizia, segredando-me ao ouvido que tudo estava bem encaminhado e só faltava pôr o preto no branco. Daí a minutos estaria arabescamente rico, garantia-me.
Assinei onde me mandaram.
Depois, os acontecimentos precipitaram-se. Forçaram-me a vestir uma camisola de um clube que nunca tinha visto, com o número 7 nas costas. Logo a seguir abriram-se as portas da sala e irromperam os fotógrafos que durante largos minutos me fuzilaram com os seus flashes. O empresário escapuliu-se no meio da confusão. Voltaram a sentar-me na limusine e conduziram-me em alta velocidade até um enorme estádio, cinzento e de aspecto inacabado como um que existe na freguesia de São Domingos de Benfica. Corri por túneis e escadas até que cheguei a um balneário onde um treinador bigodudo me apresentou a um plantel igualmente bigodudo. Os Chalanas, Álvaros, Velosos e Pietras do magrebe receberam-me com desconfiança. Cada vez mais baralhado e assustado, subi com a equipa as escadas de acesso ao relvado. Uma multidão de 80.000 pessoas explodiu de alegria, gritando a plenos pulmões “Maldito! Maldito!”.
Já não havia margem para dúvidas. Confirmavam-se os meus piores receios. Fora vítima de um empresário trapaceiro, tal como os gestores da SAD benfiquista costumam ser. O bloguista lusitano tinha sido vendido como futebolista a um clube de futebol líbio, como são vendidas engenheiras electrotécnicas ucranianas a casas de passe portuenses.
O treinador bigodudo apontou lá para a frente, indicando-me a posição de ponta de lança. Não tive outro remédio senão acatar as ordens e posicionar-me onde me mandou. O resto, para quem já me viu a jogar futebol, não é novidade. Em apenas 15 minutos consegui bater o record até então na posse de Kikin Fonseca (e perseguido estoicamente por Djaló) de remates em rosca, falhanços de baliza aberta, cabeçadas ao lado e tropeções na bola.
Ao contrário do público lusitano, os líbios fervem em pouca água. Por isso, rapidamente teve início um ensurdecedor coro de assobios, que num ápice resvalou para um concurso de arremesso de toda a sorte de imundícies: cuspo, excrementos, aves mortas, cromos do Luís Filipe e títulos da Operação Coração. Mas o pior ainda estava para vir. Enquanto me encaminhava para a linha lateral agradecendo a Alá, Deus, Buda e ao Mago Alexandrino a substituição, 80.000 gargantas começaram a urrar em coro o pior insulto conhecido na língua árabe:

“Nuno Gomes! Nuno Gomes! Nuno Gomes!”

Que gozem com as minhas qualidades futebolísticas ainda vai, que me atinjam com lixo tudo bem, agora pôr em causa a minha masculinidade é que já me parece demais. Enganado, sem um dinar no bolso e perseguido pelo público enfurecido, escapei-me para o deserto.

(continua)

Redundemos

“Insultos ao presidente Luís Filipe Vieira e ameaças a jornalistas marcaram de forma negativa a Assembleia Geral Ordinária do Benfica”, diz a imprensa desta manhã.
Ora aqui está o exemplo cabal de mais um mau trabalho jornalístico tão característico dos nossos desportivos. Os anos já nos ensinaram que ao juntar 2 ou 3 mil sócios encarnados num pavilhão acontece tudo menos o Baile da Gala Anual da Cruz Vermelha de Monte Carlo. Acontecem agressões, acontecem insultos, acontecem rupturas de stock nos bares do estádio, acontecem fartas libertações de gases e acontecem cortes da 2ª Circular. Por isso, chamar Ordinária a uma Assembleia Geral do SLB não passa de uma mera redundância. Os nossos jornalistas podem e devem fazer melhor.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Só eu sei...

Quando o Sabry marcou aquele livre, eu estava na Costa Rica.
Quando o Manú deu a vitória ao Estrela da Amadora em Alvalade, eu estava na Tailândia.
Quando a Académica foi ganhar a Alvalade com um golo do Marcel eu estava na Jordânia.
Quando no ano passado o Aves empatou a zero em Alvalade, eu estava na Guiné-Bissau.

Hoje, ao chegar de duas semanas de viagem pela Líbia, assumo perante todos os sportinguistas as minhas responsabilidades pelos trágicos acontecimentos da última quinzena. Não é que eu seja supersticioso, mas parece-me evidente que contra factos não há argumentos. Prometo-vos caros consócios e simpatizantes, nunca mais me ausentar do país enquanto a época decorrer. Nem para ir atestar o meu Renault 12 a Huelva.
Assim sendo, hoje ao chegar ao Aeroporto da Portela, entreguei imediatamente às autoridades o passaporte nº G328781 que gentilmente me tinham emitido no dia 12/03/2002. Numa cerimónia simples reservada apenas aos mais próximos, o documento foi incinerado enquanto eu entoava a meia voz o "Só eu sei porque não fico em casa".

PROCURA-SE

Alerta-se a população para o desaparecimento de sua casa, deste blogue e de toda a blogosfera, de um lagarto verde. A última vez que foi visto foi na noite de sábado e apresentava um enorme melão no local da cabeça. Teme-se que após o resultado e exibição do Benfica, a cabeça tenha aumentado ainda mais de dimensão, atingindo já o tamanho encefálico do antigo futebolista Drulovic. O lagarto, vestia calções da melhor Lycra italiana, mais concretamente de Roma, umas meias de liga feitas numa pequena fábrica de indústria têxtil em Fátima e camisolas de angorá verde assinadas por Fátima Lopes.
Avisamos todos os populares para tomarem algumas precauções, o bichinho apresenta claros distúrbios bipolares, oscilando rapidamente entre a euforia pré-natal e a depressão natalícia; entre o discurso megalómano e a fuga cobarde; entre as poses eruditas e as birrinhas de mau perdedor.
O seu dono, uma criança benfiquista, garante que tinha o animal perfeitamente domado, educado e domesticado, e sofre bastante com o seu desaparecimento. Pede-se por favor a quem o encontre que contacte imediatamente as autoridades, reportando o seu paradeiro. Ajude este menino, lembre-se que todas as crianças têm o direito de brincar.
Dão-se alvíssaras.
Obrigado

A hora mudou

Apesar de no sábado à noite os dias terem encurtado uma hora, domingo o Benfica levou novamente os mesmos minutos para ver a luz: 87. Cardozo voltou a marcar, mas desta vez foi o simpático e sorridente Conguito a dar-nos a gloriosa alegria. Tal como o duplo sabor dos Conguitos originais, amendoim e chocolate, ontem o Conguito Adu também me satisfez duas vezes. A primeira, porque nos deu a vitória no jogo que considero ter sido o mais importante para o campeonato, até agora. A segunda, porque (mesmo que não tenha bebido as minhas diárias duas grades de Minis) há uma característica no Adu que me faz vê-lo do mesmo tamanho que o Luisão: a sua enorme humildade. Quando chegou ao Glorioso, “o prodígio norte-americano” começou por dizer que o Benfica tem 20 milhões de adeptos em todo o mundo. Ora, todos sabemos que este é um número bastante humilde. Mais tarde, veio humildemente dizer que jogava num dos maiores clubes da Europa, quando na realidade ele sabe que representa o maior clube do mundo. Ultimamente, tem tido a humildade de só jogar 10-15 minutinhos, porque caso contrário tenho a impressão que fazia um hat-trick por jogo.

Directamente do Camarote Presidencial do Impróprio, aplaudo de pé os jogadores encarnados que, apesar de terem sofrido um golo aos 8m e terem jogado uma hora com menos um, tiveram a garra e o querer benfiquista para almejarem a vitória. Aplaudo de pé Camacho que fez duas substituições brilhantes e várias alterações tácticas que nos valeram os 3 pontos. Por último, aplaudo de pé a chama imensa dos 45 mil familiares que ontem não foram o 12º jogador, foram o 11º durante uma hora e justificaram a titularidade.

Para me despedir, volto ao início do post e relembro para não se esquecerem que a hora mudou. Agora, é a hora do Benfica!

sábado, 27 de outubro de 2007

Mea Culpa

É verdade que desde as figuras tristes no final do Benfica-Sporting, a minha admiração por Paulo Bento ficou ao mesmo nível da que tenho por Purovic como futebolista. A partir daí, reconheço que escrevi quase tantas maldades sobre ele, quantas as que as suas substituições fazem à sua equipa. Mas agora, chegou a hora de me redimir, de dar o braço a torcer, porque sim, o homem também tem qualidades e méritos que devem ser elogiados.

Como o Benfica já jogou com as duas equipas, e eu vi os jogos, sei que tal como o Presidente do Nacional disse “são duas equipas do mesmo campeonato”. Como o jogo era na Choupana, atribuí naturalmente o favoritismo da partida ao Nacional. Por isso, fiquei surpreendido quando vi nos jornais de ontem, Paulo Bento afirmar: “O Sportén não vai perder 3 jogos seguidos”. Confesso que torci tanto o nariz a esta afirmação, quanto o que Carolina Salgado torcia o seu perante a flatulência de Pinto de Costa, amavelmente relatada no seu best-seller. A verdade é que, desta vez, eu estava engando e o Paulo Bento estava certo. Gostaria por isso, deixar de uma forma clara e inequívoca, os mais sinceros pedidos de desculpa pela minha desconfiança e, também, a minha renovada consideração pela sua pessoa. O Mister pode ter muitos defeitos, é certo, mas hoje mostrou que é uma espécie autóctone cada vez mais rara, é um homem de palavra. Como benfiquista, isso é uma qualidade que me ensinaram a admirar e a aplaudir.
Ao contrário do que Stojkovic fez após o polémico lance no Dragão, afirmo com coragem e de cabeça erguida:
Desculpe Mister, foi erro meu.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

E Óscar vai para...

... gooooooooooooooooooooooooooooooooooloo!
Passava o min 87, quando Di Maria faz um passe açucarado, Óscar mata no peito, cola na relva e com o canhoto venenoso faz o golo. O tribunal do 3º anel via fazer-se justiça à equipa encarnada e, em especial, ao avançado paraguaio.
Grande 2ª parte do Glorioso, com uma brilhante atitude dos jogadores e adeptos. Se foi Di Maria a fazer a assistência, foi mais uma vez a família benfiquista que fez a diferença. Minutos antes do golo, quando Cardozo manda a sua segunda bola ao ferro, o público começa a bater-lhe palmas, passando rapidamente para uma ovação de pé, dando-lhe a fé e força para ele fazer o golo. E ele fez. É por estas e por outras que o Benfica é o maior clube do mundo e ser benfiquista nos envaidece.
Quanto ao nosso adversário, aconteceu o que todos esperávamos. Veio para não perder, defendendo com os 11 jogadores e estacionando o autocarro à frente da baliza. Claro que já todos sabíamos que isto ia acontecer, o Celtic não é a única equipa que usa aquele equipamento e vem à Luz jogar trancada, com pânico do Glorioso e de fraldas às riscas verdes e brancas.

Meus amigos, com a vitória do Benfica ontem na Catedral e as derrotas do Sportén frente à Roma e aos pastorinhos de Fátima, posso-vos dizer que isto foi uma autêntica Semana Santa. Será que, para além da Páscoa, este ano o Natal também vem mais cedo?

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Os Anjos

Depois de ter sido esmagado pelo Fátima, o Sportén foi à cidade que alberga o Vaticano perder pelo mesmo resultado. O jogo foi fraco, entre duas equipas muito fraquinhas, orientadas por dois péssimos treinadores. O Sportén perdeu uma oportunidade histórica para vencer uma equipa italiana no seu reduto, algo que nunca terá sido tão fácil desde que Maria Armanda venceu uma equipa de gagos de Treviso no Festival Skim D’Oro de 1979, ao interpretar o tema “Eu vi um Derlei”.
Porém, nem tudo foram coisas más, deve-se destacar os lindíssimos penteados com que os jogadores se apresentaram em campo, havendo já convites, não para jogarem em grandes clubes, mas para desfilarem em grandes passerelles da Europa.
Gostaria de destacar as exibições de Tiago, fundamental no 1º golo da Roma, Tonel e Abel, fundamentais no segundo, Vukcevic que segundo alguns analistas esteve mesmo dentro das 4 linhas, Izmailov que pediu exílio desportivo no final do jogo e, claro, para Djaló que confirmou porque é que meio mundo anda a observá-lo: para se rir.
Gostaria de dar também os parabéns à inteligência de Paulo Bento, pelas suas brilhantes substituições na 2ª parte, a entrada de Paredes (estuda-se a possibilidade de mudar de nome para Tijolos), Purovic (expressão sérvia para definir charutada) e do homem que nos enganou a todos, Celsinho, (o rapaz que confirmou ontem não ser nada parecido com Ronaldinho Gaúcho, pelo contrario, o rapaz é física e tecnicamente igual ao Djaló) . Só houve uma pessoa no planeta que compreendeu estas substituições, e não foi o Artur Jorge, foi o roupeiro Paulinho, alter-ego de Paulo Bento e seu parceiro de longas noites de xadrez, onde aliás leva clara vantagem de vitórias sobre o Mister.
Em Roma, tal como na Luz e tal como em todos os jogos grandes, os jogadores do Sportén, muito por culpa do seu treinador, tremem que nem canas verdes. É pena, porque este poderia ter sido um passo importante para o Sportén passar à fase seguinte da Champions, mas infelizmente, parece que ainda não vai ser este ano. Apesar de terem o grupo mais fácil da Champions - com o Dínamo e Roma um pouco abaixo do nível do Fátima - creio que os adeptos do Sportén não devem desanimar. Os números estão aí, não enganam e devem mesmo motivá-los, senão vejamos:
Em 4 presenças na Champions, esta será somente, apenas e só, a quarta vez que isto vai acontecer. Como diz a música: “ É o Sportén, é o Sportén...”