Justiça Divina

A polémica em torno da arbitragem da final da Taça da Liga entre Sporting e Benfica chegou à Igreja quando um pároco em Lisboa, fervoroso sportinguista, anunciou que não irá baptizar meninos com nome Lucílio.

"Aproveito para vos anunciar que, enquanto for responsável por esta paróquia, não faço intenções de baptizar nenhum menino chamado Lucílio. Queiram dispor para tais propósitos dos serviços de uma paróquia vizinha", anunciou domingo o padre João José Marques Eleutério antes do tradicional "Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe".

Gostava de aplaudir desde já a atitude do sacerdote. Com esta abençoada decisão (certamente cumprindo ordens directas de Sua Santidade o Papa Bento XVI, que estando em Angola não terá ficado indiferente aos trágicos acontecimentos de Sábado) impede que daqui a poucos anos essas pobres crianças sejam sujeitas às mais torpes humilhações. Ninguém gosta de ver os seus filhos insultados e cobertos de excrementos, pelo que a recusa de baptizar de Lucílio é uma excelente medida para contribuír para a integração social dos petizes, evitando que caíssem no mundo da ladroagem ou nas camadas jovens do Benfica na mais tenra idade.
Esta atitude, diga-se em abono da verdade, não é inteiramente nova e terá sido implementada pela primeira vez há cerca de 2000 anos atrás. Alguém se lembra de ter tido um colega na escola chamado Judas? Ou Pilates? Ou Simão? Não, claro que não. Os nomes destes salafrários, traidores, biltres, pilhantes, bandoleiros, usurpadores e fiscais-de-linha, foram paulatinamente removidos dos livros de registo e das pias baptismais, condenando-os à inevitável extinção e perene esquecimento.
Já que não há justiça desportiva, valha-nos a justiça divina. A partir deste momento tenho a certeza absoluta daquilo que sempre suspeitei: os sportinguistas, que levam na Terra uma vida de sofrimento e provações, acossados pelos infieis que em maior número e menos civilizados os perseguem e roubam, vão para o Paraíso. Lá, enquanto mártires, espera-os uma vida de luxos, confortos, whisky de malte e cheerleaders virgens. Já os malfeitores benfiquistas acabam inevitavelmente no Inferno. Da Luz, ao que dizem. Condenados a beber cerveja morna com a Leonor Pinhão e ver aquele futebol horrível para toda a Eternidade.