quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Novo Hino da Champions

Ontem o Sporting entrou para uma das mais restritas élites do futebol europeu. Após a derrota por 5 em casa, o clube de Alvalade conquistou o seu lugar junto dos notáveis Werder Bremen, Galatasaray, Sturm Graz e Mónaco, as únicas que também já perderam por este avultado resultado na mais importante competição de futebol mundial.
Na sequência deste resultado, Salema Garção veio anunciar que o clube de Alvalade foi convidado pela Uefa para de agora em diante, sempre que o Sporting voltar a jogar na Champions - aka piscina dos grandes - o habitual hino da competição será substituído por este novo tema.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Februarfest

Sabendo como o fluxo de turistas está diminuír um pouco por todo o mundo, consequência da crise económica, é de aplaudir a nova campanha dos responsáveis pelo turismo lisboeta, dirigida ao imenso mercado bávaro.
Este ano, o teutónico saudosista do invernoso Oktoberfest encontrou na solarenga Lisboa o Februarfest, festividade em que se bebem minis e comem pardalitos. Vogelchen, como eles dizem lá na terra deles.
Diz que foi um sucesso.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Oh que caraças



Nunca fui muito dado a Carnavais. Sempre achei bizarra a ideia de importarmos integralmente o Carnaval do Brasil, excepto as duas melhores coisas que nele vivem: o calor nocturno e as mulatas suadinhas. Vai daí que a ideia de ir ver passar um carro alegórico com umas moças pálidas e gorduchinhas a sambarem de frio, é pior do que rever a “Febre de Sábado à Noite”.

Porém este fim-de-semana, a minha Cassilda que é teimosa como um espanhol, fez-me o seguinte ultimato:

- Da Luz, ou vens comigo ao Carnaval de Torres ou vou à cabelereira e faço uma misse igual à do David Lu...

Nem a deixei terminar a frase. Aceitei a partida e lá vou eu. Mas não pensem que me vou mascarar. Vou assim, exactamente como estava quando o jogo de sábado terminou.

PS- Desejo do fundo do coração que hoje e amanhã, as equipas que defenderão o bom nome do futebol português vençam os seus jogos na Champions. Boa sorte Sporting e, com a mesma sinceridade e fair-play, muito boa sorte Atlético de Madrid!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O folião

Amanheceu solarengo o Sábado de Carnaval. A minha costela pagã poderia ter detectado neste sinal da Mãe Natureza um bom augúrio para o derby que daí a umas horas se viria a jogar. Mas o Universo estava a enviar-me sinais contraditórios: uma lancinante dor de cabeça, consequência de abusos estílicos de véspera, lançava nuvens escuras sobre o eventual desfecho da partida.
Confuso e com as têmporas a latejar, decidi ainda assim ir a Alvalade.
E fiquem sabendo que os efeitos de uma vitória como a de ontem, com golos do calibre dos que se marcaram, é paliativo para todo e qualquer tipo de maleita. Acredito que ontem terão saído curados daquelas bancadas doentes de lumbago, refluxo gastro-exofágico e até unha encravada. Em relação à minha ressaca, garanto que os 90 minutos tiveram mais efeito que um milagre do Dr. Sousa Martins.
Fresco e revigorado, decidi ir comemorar os Carnavais.
Depois de uma refeição ligeira e bem regada rumei às Docas de Lisboa. Passei por um e outro bar até entrar num estabelecimento famoso pelas suas noites de karaoke e frequentado sobretudo por futebolistas profissionais e profissionais do amor em busca de profissionais do futebol.
E qual é o meu espanto quando vejo no palco o benfiquista David Luiz, semblante carregado, maquilhagem carnavalesca esborratada, cabelo escorrido a tapar-lhe os olhos, cantando a tão famosa melodia:

Você abusou
Tirou partido de mim
Abusou
Tirou partido de mim
Abusou
Tirou partido de mim
Abusou
Ai, ai, caramba
Ai, ai caramba...

Numa mesa na outra ponta da sala, Liedson, Derlei e amigos levantavam os copos, brindavam e gritavam ao folião cantor:

"só mais uma vez, David, só mais uma".




ps: Entretanto, se não for muito incómodo, tomo a liberdade de vos relembrar este post. Talvez agora já percebam onde é que eu queria chegar.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Derby

- Bom dia dona Alice, eu queria…
- Bom dia miúdo, queres rolos da regitadora usados, não é? Guardei-te aqui uns. E amanhã podes vir buscar mais.

Assim começavam os meus derbies. No supermercado lá do bairro e muitos, muitos dias antes do jogo. A ansiedade instalava-se logo após o apito final do jogo da jornada anterior e a partir daí era uma semana inteira a preparar todo o ritual do Grande Clássico (não há outro).
A picardia começava logo na escola e chegava a tomar proporções drásticas. Como da vez em que parti o braço depois do Fernando, benfiquista grande e bruto, me ter empurrado depois de ficar sem argumentos verbais. Nem foi mau de todo porque durante umas semanas teve que ser o Fernando a passar-me os apontamentos durante as aulas enquanto eu investia o meu tempo a micar as mini-saias das coleguinhas.
O açambarcamento de rolos de papel no supermercado explica-se com a minha participação numa ou noutra claque organizada. Recordo com saudade o meu momento alto de hooliganismo quando subi à grade da lateral do velho Alvalade e acertei com uma tangerina (ou seria uma tângera?) na perna do implacável defesa portista Branco, quando este se preparava para marcar um fora. Sim, naquela altura não havia “lançamentos de linha lateral”. Eram foras. Também não havia cá “túneis”. Eram ratas e ponto final.
Diga-se em abono da verdade que o Branco nem pestanejou e que com grande grau de certeza ainda é capaz de nos ter metido uma batatinha de livre directo.
À medida que o dia do jogo se ia aproximando, o nervosismo ia aumentando. Os bilhetes eram comprados dias antes, após secas homéricas nas bilheteiras, e isto só depois de igual seca para pagar as quotas aos cobradores, transidos pelo reumático nos seus bafientos guichets. E pensam que alguém reclamava? Qual quê. Era apenas um dos muitos passos que contribuía para o “build-up” para o grande momento. Eram rituais combinados em matilha, no tempo em que não havia Gameboxes com códigos multibanco para comprar bilhete. No tempo em que um ponta de lança jogava com o 9 nas costas e não com o 56. No tempo em que um jogador não era apenas um “activo”.
Na véspera do encontro, mal conseguia dormir. Acordava cedíssimo, como os miúdos depois da noite de Natal, loucos para experimentarem os novos brinquedos. E no dia propriamente dito, nem se fala. Se o jogo fosse às 19h nem almoçava. Saía lá pelo meio-dia com umas sandes no bolso (dinheiro para roulottes, nem vê-lo), apanhava o 33 e ia directo para o Estádio. Com sorte ainda via um jogo de andebol, hóquei ou basket na Nave, só para acalmar os nervos e aquecer a voz. À hora da abertura das portas (muitas horas antes) era um dos primeiros a entrar. E depois restava-nos esperar, aplaudir a primeira subida ao relvado dos nossos heróis ainda de fato de treino Le Coq Sportif em poliester, assobiar os adversários e apelidar a mãe do árbitro de toda a sorte de velhacarias. E nisto ainda faltavam horas para o apito inicial, debaixo de chuva ou sol, sentado no cimento agreste do saudoso Alvalade, onde em pleno jejum dos 18 anos estavam sempre 60 ou 70 mil. A cantar o único cântico conhecido à época: “olé, olé, olá…o Sporting é o melhor que há!” e sempre com uma entretanto extinta bandeira na mão.
Nos altifalantes os reclames do costume: "Minifoto Estúdio oferece um desconto de 10% aos sócios do Sporting. Minifoto Estúdio, há 10 anos frente aos Inválidos do Comércio..." e "o restaurante Toca do Xico oferece ao primeiro jogador do Sporting que marcar um golo um almoço para duas pessoas" .
Lembro-me de tudo isto porque passei esta semana sem ler um único desportivo, sem trocar uma palavra sobre futebol quanto mais do jogo de amanhã.
Sou só eu que estou mais velho ou o futebol mudou muito nos últimos anos?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Pipocas

Sim, eu sei que é semana de derby e que este blog vive do despique Sporting x Benfica (e vice-versa). Sim, era suposto já ter escrito pelo menos uns 16 posts a preparar o embate de Sábado. Sim, já passaram cinco semanas desde que gozei a última vez com a sexualidade do Nuno Gomes. Perdoem-me a inoperância, mas estou há quatro dias em frente ao Cinema Monumental à espera que abram as portas.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

República de Carnaval

Acho cada vez mais que devemos mudar o ditado para:
Carnaval é quando um homem quer.
Depois de Pedro Proença, agora esse homem é o "observador" que fez o relatório sobre o Porto - Benfica,
Uma delícia de isenção, honestidade e rigor.
Enfim, é Portugal e ninguém leva a mal.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Nunes

Lembro-me bem do tempo em que trabalhei como operário não qualificado numa fábrica de componentes automóveis. Na altura ainda havia encomendas da França e da Espanha e tudo corria sobre rodas (ou não fossem peças para carros). As encomendas chegavam e sobejavam para pagar os salários dos cento e tal funcionários da altura. No meu departamento éramos vinte e três e o nosso chefe era o Nunes.
Tínhamos uma relação porreira com o Nunes. Às vezes os quadros mínimos têm atritos e embirrações com os quadros médios, mas com o Nunes estava-se bem. Já se sabe que de manhã o corpo pede caminha, por isso era raro a rapaziada entrar ao serviço às 9h00 como estava no contrato. Entrávamos às 9h30, pousávamos o kispo nas costas da cadeira, saíamos para a bica, voltávamos às 10h, passávamos os olhos pelas gordas d’A Bola e lá para as 10h30 começávamos a trabalhar. Saíamos para almoçar ao meio-dia e meia, conversa puxa conversa, “é só mais meio uísquezinho pra saída” e às 15h00 voltávamos. Teoricamente a saída era às 18h, mas a malta geralmente saía antes derivado à hora a que passava a carreira. Ou então nem aparecia à tarde “para ir ao médico”. Bolas, no último ano que lá estive o Gameiro deve ter ido umas 56 vezes ao dentista! E olhem que o Gameiro tinha uns belos dentes. Tanto um como o outro.
No meio disto tudo, o Nunes não via ou fingia que não via. Era um gajo às direitas. Nunca se chateou com o pessoal e as coisas seguiam normalmente. Entrava à hora certa, saía à hora certa, mantinha a Administração quietinha, nunca apresentava resultados fabulosos, mas também nunca comprometeu. Era um gajo porreiro, o Nunes.
Lembrei-me destes bons velhos tempos, porque acabo de ler que o temível defesa do Sporting Pedro Silva diz que “todos querem que Paulo Bento continue”.
Claro que querem, Pedro Silva. Lá na fábrica nós também queríamos todos que o Nunes continuasse. Aliás, no dia em que a a Administração correu com ele foi uma chatice. Chegou um tipo novo com estudos e em menos de um fósforo metade do departamento foi posto no olho da rua. E diz que agora se fartam de trabalhar…
De vez em quando ainda lá vou almoçar com os que ficaram. Mas tem que ser a correr porque eles entram às duas. Eu sou o único que bebe meio uísque.
Do Nunes, nunca mais ninguém ouviu falar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Portugal vs Zimbabué

Depois de ter lido o “Eu, Carolina”, de ter visto as entrevistas televisivas de Jacinto Paixão e, mais recentemente, do Paulo Assunção, uma pessoao pensa que já viu tudo e que até um cego surdo-mudo como o Pedro Proença percebe que aqui há gatunagem, e da grossa. Mas afinal ainda não vimos tudo. Faltava só mais esta.

Depois de milhares de portugueses, como eu, terem visto e ouvido os relatos na 1ª pessoa de Jacinto Paixão com todos os detalhes da forma como foi corrumpido por dois mestres desta arte: o empresário na área da prostituição Reinaldo Telles e o seu melhor cliente e ex-namorado de uma antiga funcionária, Pinto da Costa, sabe-se agora qual foi a decisão do tribunal em relação ao “processo da fruta”.

Se o povo já pouco duvidava que em Portugal tribunal e justiça estão tão distantes um do outro, como a PSP do Porto está do serviço público, agora desconfio que estejamos a ir longe demais. Isto não é seguramente um país da Europa civilizada mas sim cada vez mais um país do 3º mundo.

Senhores, é com muito mais tristeza do que surpresa que vejo anunciado que depois de o árbitro em causa no processo ter confirmado publicamente e em tribunal o acto de corrupção, o processo foi arquivado. Afinal foi tudo mentira, falso, orquestrado e uma cabala contra o bom-nome do senhor Pinto da Costa.

Eu sei que os dirigentes deste país ainda estão na Idade Média e pensam que o povo é burro. Mas não é, e por isso é ligeiramente complicado explicar que depois do depoimento do Jacinto Paixão o caso seja arquivado, acredito que inclusive até para o próprio Jacinto Paixão.
Já estou a ver o homem a perguntar aos patrões: Então mas não foi ilegal aquela marosca que montámos? Pois de facto já é quase mais uso capeão do que corrupção, não é? Mas então podia ter continuado a arbitrar? Ok e já mandaram o cheque viagem da Agência Cosmo? Só mais uma pergunta, e lingua oficial aqui ainda é o português ou já a conseguiram mudar para o inglês, para o bantu shona e o ndebele que são as línguas oficias do Zimbabué?

Senhores, como comandante deste post anuncio que estamos a chegar ao Zimbabué e agradeço a vossa preferência pela nossa companhia. Façam o favor de apertar o cinto, pagar a comissão para o Freeport e andarem na rua como se tivessem sido lobomotimazados, exactamente o mesmo que faz Soares Franco quando Mugabe da Costa lhe telefona.

Obrigado e boa estadia.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O Clássico

Ainda é preciso dizer mais alguma coisa? Aconteceu alguma coisa de novo? Algo que surpreenda quem acompanhe o futebol português, pelo menos, desde o final da década de 80?

Eu tenho 34 e acompanho diariamente a História Gloriosa do Benfica há 105 anos. Por isso sei bem o que significa a palavra “clássico” para definir os jogos entre Porto-Benfica. Para todos os seres humanos bem formados, com memória superior a um peixe dourado ou um juiz do apito dourado e com uma luz de justiça moral dentro de si, a palavra "clássico" significa precisamente o que aconteceu no jogo desta noite. Isto é, o Benfica ir às Antas - para mim aquilo continuará sempre a ser uma cambada de antas – dominar o jogo, mostrar durante 90m que é melhor equipa e melhor clube, ser futebolistacamente superior, vencer honestamente o jogo dentro das verdadeiras regras do futebol , mas no fim vir-lhe ser roubada a vitória pelo melhor jogador de sempre da história do Porto: o Xô àrbitro.

E ainda é preciso dizer mais alguma coisa? Apenas que o Benfica ser escandalosamente roubado pelo Porto há mais de 20 anos, isso sim, é o maior clássico do futebol português.

Embarque imediato

Atlético de Madrid, não era señor Bento?
Aperte o cinto e endireite o banco, por favor.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Provavelmente, o meu jogador preferido

Modéstia à parte, os anos têm vindo a confirmar que em algumas matérias vou estando à frente dos meus pares. Orgulho-me de possuír uma certa capacidade de antecipar tendências, correntes, opiniões. Um exemplo: há muitos, muitos anos atrás comprei umas calças verde tropa com bolsos de lado, a meio das pernas, modelo “paramilitar”. Apesar de na altura serem obviamente “esquisitas”, gostei, comprei e usei. Tornei-me imediatamente no alvo da chacota dos meus amigos. Um deles, de ascêndencia brasileira, alcunhou-me de “Dêlêgado”, cognome que me acompanhou durante todo o Verão.
Um ano depois, esse modelo de calças estava disseminado por toda e qualquer C&A e Zara do país, e era a farda não oficial das Secundárias e C+S deste nosso Portugal. Até o brasuca que me chamava “Dêlêgado” tinha as suas.
Lembro-me também de outra vez em que comprei um CD dos Delfins. Na altura ainda ninguém ouvia. Hoje também não. O que significa que continuo muito à frente.
Mas como podem calcular, não estou aqui para falar de músicas abichanadas ou discutir as tendências da última colecção Outono/Inverno. Para isso, liguem ao Paulo Barbosa e marquem uma entrevista com o Miguel Veloso.
Estou aqui naturalmente para falar de bola e de como esta minha capacidade me permite descortinar (anos e anos para conseguir finalmente usar a palavra descortinar!) uma pérola num jogador por quem ninguém dá nada. Ainda. Porque a mim, encanta-me vê-lo jogar: inteligente, elegante, trata a bola com respeito e carinho e esta retribui-lhe. E sempre muito low-profile.
Passo os jogos a dizer: “vá Bento, mete o gajo”. E o Bento às vezes ouve-me e mete. E o jogo fica mais bonito. No fim, o rapaz sai do estádio sem que ninguém dê por isso. Provavelmente vai jantar à Portugália com a sua namorada que provavelmente não é grande coisa, provavelmente ninguém o reconhece no restaurante, volta para a sua casa provavelmente na Alta de Lisboa, provavelmente ao volante de um Polo a diesel em segunda mão, provavelmente faz o amor na posição do missionário e provavelmente não ressona a seguir.
Enquanto tudo isto acontece, os meus amigos vão olhando desconfiados para os sms’s que lhes fui enviando e onde se lia “Pereirinha, faz a tua magia”.
Escrevam: provavelmente este rapaz ainda vai ser um caso sério.
Ou então esqueçam lá isso, porque eu também dizia que o Paíto ia ser (provavelmente) o novo Roberto Carlos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O Urso Bipolar

O planeta está doente. A terra comporta-se como o Homem nunca antes viu. Alterações climáticas, degelos, a erosão das costas, o fim das Estações do Ano, o fim do poço de vários recursos e o risco de desaparecimento de inúmeras espécies animais. Entre elas o belíssimo e corajoso Urso Polar, animal que se notabilizou por um enorme sangue frio aquando na cara do golo.

Por outro lado, se há seres que se vão extinguindo outros parecem surgir do nada e, pior, para nada. Refiro-me ao Urso Bipolar, animal que, apesar de continuar desconhecido para muitos, faz do futebol português o seu habitat natural. Este animal comporta-se de uma forma bastante desiquilibrada, carinhoso para uns e monstruoso para outros, é bruto com quem lhe deseja bem e subserviente com quem lhe quer mal.

Com a mesma obsessão incontrável que assola todos os jovens jogadores formados no SCP de abandonarem o mais depressa possível “o barco”, o Urso Bipolar tem também apenas uma obsessão.O Urso Bipolar quer a todo o custo, recuperar um reino onde, por brevíssimos momentos, chegou a reinar. Porém o degelo do seu território, e pior do seu Império, levam-no a agir de forma irracional, afundando-o cada vez mais em águas gélidas.

O Urso Polar gabava-se de ser um animal eclético, capaz de correr e nadar como a Vanessa Fernandes ou pular como Nélson Évora. O Urso Bipolar vê o seu pavilhão de modalidades derreter e as suas capacidades ficarem reduzidas a um mero cubo de gelo onde ensina as suas crias, mas donde estas não vêm a hora de fugir, em busca de condições de vida mais dignas.

Vai daí o Urso - sim o Bipolar - tenta arranjar um culpado para todos os seus males. Olha para o ceú e vê a Águia e de imediato grita irracionalmente: “levados ao colo”. Porém, o Urso Bipolar nunca pensou que o culpado poderá ser um Dragão que sobrevoa o seu território, que é convidado para o camarote Presidencial com uma regularidade quase semelhante à que os árbitros são convidados para um café em casa de Pinto da Costa em vêsperas de jogos com o Glorioso. O Dragão deixa-lhe mensagens e o Urso de imediato faz de porta-voz, como se fosse um outro animal, o Burro. A seguir, o Dragão lança mais uma chama que lentamente o levará à extinção, como aliás já foi anunciado por um dos maiores especialistas em Ursos Bipolares, o Dr. Dias da Cunha.

O Dragão jura lealdade e respeito ao Urso mas assim que ele vira costas, usa-o a seu belo prazer. Por exemplo, hoje em vez de ir lá tentar dignificar o desporto em Portugal e apaziguar o momento negro em que o futebol se encontra - e do qual é o principal e único culpado – manda juniores, usa e abusa das regras do jogo, manipula-as de tal forma que até uma Cebola se ri quando faz batota. Os que verdadeiramente gostam de desporto e futebol, assim que viram aquelas imagens voltaram a chorar.

A Àguia, que em cima vê estas jogadas, despreza o Dragão pela sua falta de valores e tem pena, muita pena, de um Urso com bom fundo mas demasiado cego, nervoso e doente para saber salvar-se, e muito menos descobrir quem é o seu verdadeiro inimigo.

Na realidade, o Dragão não existe. O que existe sim é o Abutre que corrompe, incendia e depois chama os Super-Abutres que reclamam vitória e grandeza. Os ursos vêm uma vez a Àguia a ser beneficiada, de imediato ficam indignados e depressa vêm gritar barbaridades pelo seu triste porta-voz, Salmonela Garção.

A triste verdade é que basta o Dragão cuspir mais uma laberada ao seu ouvido que o Urso enbrutece e não vê mais nada. Coitado. Se o Urso fosse Polar e não Bipolar, ficava muito mais alarmado com escutas anuladas no caso Apito Dourado onde estão provados diversos casos de corrupção, em vez de se preocupar apenas com o único duelo onde a Àguia foi beneficiada

A religião do Urso é também estranha. Baseia-se num Papa do tempo da Inquisição e numa bizarra Santíssima Trindade composta por Jesus, Salvador e Mesquita, homens que tal como o dragão, fazem parte do que as Àguias chamam o Pólo Norte do futebol português. Com esta confusão teológica, não houvera o Urso de ser Bipolar. Coitado.

Se a Àguia porventura poisa num dos seus blocos de gelo flutuante, de imediato o Urso grita, berra e raivoso tenta matá-lo. Se é o dragão, o Urso recebe-o, e inexplicavelmente acredita na sua boa-fé apesar do apito dourado que traz ao pescoço e um odor desagradável a Patcholli agarrado no calor da noite. E acreditem que ainda só se conhece a ponta do iceberg.

O dragão viola todas as leis e segue impune. O Dragão tudo manipula e de tudo abusa. O dragão é abutre e não gosta de desporto, gosta de ganhar seja qual for o preço a pagar (aceita-se visa, cheques com os nomes não conhecidos dos árbitros e viagens cósmicas com direito a fruta e café com leite).

Eu gostava muito de ver o Urso a acordar deste estado de hibernação mental, a salvaguardar o seu futuro e a sua dignidade, e a ajudar a preservar o território do futebol português.

O mundo dá muitas voltas, mas numa coisa o mundo nunca mudará: apesar de todas as falcatruas que os abutres continuam – e parece que continuarão - a fazer em Portugal com a conivência da Federação, da Liga, do Ministério Público, da Judiciária, da PSP do Porto e do joelho do Paulo Assunção, a nós benfiquistas nunca nos enganarão. A razão é muito simples. É que nós não somos ursos.