terça-feira, 15 de abril de 2008

Dos Francos não reza a História

(É com grande orgulho que começo este post com um título que entraria de caras na capa do Record. Trocadilho fácil nunca falha. Palmas para mim. Obrigado. Prossigamos.)


Há muito, muito tempo atrás, antes mesmo da Académica ter ganho no Estádio da Luz pela penúltima vez, a História assistiu à instituição de cognomes por parte dos monarcas lusitanos. Recordemos o amável leitor deste honorável blogue que nessa altura não existiam Professores Josés Hermanos Saraivas, a História de Portugal em fascículos do JN ainda estava para nascer e do Canal História, nem sombras. Alguns manuscritos e uma bula papal provam no entanto a existência de uma espécie de SportTV medieval, quando arautos precorriam o reino a cavalo anunciando aos servos da gleba os resultados da jornada futebolística anterior. Este canal extinguiu-se quando os arautos foram lançados à fogueira, depois de se descobrir que eram facilmente corrompíveis nos prostíbulos locais, explicando-se assim o facto de na Torre do Tombo se ter como certo que o Futebol Clube Condado Portucalense foi campeão dezoito vezes em quinze épocas.
Voltando ao que nos traz aqui, o objectivo do cognome era acima de tudo adjectivar o Rei, associando ao seu nome qualidades e virtudes. A par das obras arquitectónicas que mandasse erigir ou das terras que descobrisse ou conquistasse, o cognome era a única forma conhecida à época de perpetuar para as gerações vindouras o legado do soberano.
O Rei e sua corte de lambe-botas tratavam de arranjar o cognome oficial. Mas já sabemos como o povo é ruim, ingrato e benfiquista, e não tardava muito até que o cognome não-oficial circulasse pelas fétidas ruas deste nosso Portugal. Veja-se por exemplo D. João V, que se quis intitular de “O Magnânimo” ou “O Rei Sol Português” em virtude do luxo de que se revestiu o seu reinado, mas que era conhecido pela maralha como “O Freirático”, derivado (adoro o “derivado” e hei-de usá-lo sempre que possa) à sua conhecida apetência sexual por freiras, das quais chegou mesmo a gerar vários filhos. Por razões óbvias, D. Afonso Henriques foi “O Conquistador”, embora também pudesse ser “O que Arriava Porrada na Mãe” e D. Dinis “O Lavrador”, pela sua conhecida apetência pela hortofloricultura, da qual restou até hoje o Pinhal de Leiria e o Jardim da Gulbenkian (este último já é uma dedução minha). O nosso bem conhecido Infante D. Henrique nunca chegou a Rei, mas não terá sido isso a impedi-lo de ficar conhecido, tal como certo ex-capitão do Benfica, como “O Roto”. Esse ex-capitão sumiu-se nas brumas da segunda divisão espanhola, enquanto que o Príncipe se perdeu para os lados de Alcacer-Quibir (Alcácer 2 - Quibir 1, resultado que se verificava quando a partida foi interrompida derivado – outra, vai buscar! – ao forte nevoeiro).
Sabida a mania das nobrezas da actual direcção sportinguista, não me admirava nada que a próxima grande medida de gestão de Franco e primos fosse a atribuição de cognomes aos Presidentes leoninos. Sem querer ser exaustivo, tomo a liberdade de “baptizar” alguns dos últimos:

Jorge Gonçalves, “O Africano”
Cintra, “O Alarve”
Santana, “O da Cinha”
Roquette, “O Senhor”
Dias da Cunha, “O Senil”

Entretanto, num golpe palaciano sobe ao trono o BES, perdão, o Filipe Soares Franco. Para a história deixará um cartão de sócio “propriedade do BES” (é o que está lá escrito!) e um supermercado Lidl por baixo do estádio. Mas os seus anos de reinado serão recordados para a eternidade pela sua superior capacidade de galvanização e motivação de jogadores e adeptos em vésperas de jogos decisivos. Exemplos? Na passada semana falou-nos ao coração, e a escassas horas de defrontarmos o Rangers disse que “o segundo lugar no campeonato interessa muito mais que a Taça UEFA”. Agora, a pouco mais de um dia de jogarmos a meia-final da Taça com o Benfica, fez questão de tocar a reunir e qual Nun'Alvares Pereira "O Santo Condestável", gritar tonitruante que “o segundo lugar no campeonato interessa muito mais que a Taça de Portugal”. É destas injecções de moral que a equipa precisa! É esta a fibra que eu admiro nos dirigentes do meu Sporting! É assim que se põe uma equipa a jogar bom futebol e a conquistar títulos em catadupa.
Por estas e por outras é que o actual Presidente ficará conhecido na História do futebol nacional como Franco, “O Fraco”.


(Começar com um trocadilho digno da capa do Record é bom. Acabar com outro ainda é melhor. Fosse vivo o saudoso Wilson Brasil e já cá cantava um Prémio Gandula!)

6 comentários:

Anônimo disse...

Eheheheh!
Muito bem, caro 7. O nosso Sporting neste momento tem que lutar contra os adversários e até contra a mediocridade da Direcção. É o fim da picada...

Anônimo disse...

Franco "o acéfalo"

Anônimo disse...

Franco "o benfiquista"

Anônimo disse...

segundo lugar e´mais importante para o BES...não para o sporting.

Anônimo disse...

Maravilhoso post, caro 7. Sensibilizou-me especialmente o recordar do saudoso mestre Wilson Brazil...

Anônimo disse...

Oh Rei 7 "O Maldito", isto esta brutal!

Faltou-te o Rei Rocha, "Il Padrino".