domingo, 26 de outubro de 2008

O guitarrista imaginário

Antes de mais nada, que fique registado em acta que este post está a ser escrito às 13h00 de Domingo, ou seja, antes dos jogos que Benfica e Sporting disputam hoje à noite. Não me venham por isso acusar de fugir às responsabilidades no caso do meu clube saír da capital do móvel num belíssimo caixão de pinho com ferragens douradas, ok?
Pela primeira vez desde a fundação desta casa não falarei sobre os dois rivais lisboetas. Entendam estas linhas como aquelas idílicas três ou quatro horas de cessar-fogo que antecedem mais um morticínio num mercado de Bagdad. Os factos ocorridos na noite de ontem justificam plenamente esta minha opção pacifista e creio ter o amigo leitor do meu lado nesta insólita decisão. Lá mais para o fim perceberá porquê.
Pois ontem à noite estive num casamento. O enlace decorreu num belíssimo palacete da capital com a benção de São Pedro, que providenciou temperaturas sensacionais para a época. A refeição agradou e serviu sobretudo para me relembrar que já não tenho vinte aninhos: nessa época o jantar tinha como única função forrar o estômago para a quantidade hedionda de bebidas destiladas que aí viriam. Actualmente, um comprimido de Omeprazol cumpre essa função defensiva. Para prevenir não de 16 vodkas com limão, mas da hoje quase letal tábua de queijos. Esclarecedor. Como é esclarecedor passar a refeição a falar de hérnias, a sintomatologia de cada um e quais os maiores especialistas e os melhores hospitais na hora de avançar para a tão temida cirurgia. O percentil das criancinhas também é um tema recorrente. E pediatras. E escolas. E viroses, muitas viroses.
Seguiram-se mais ou menos por esta ordem: o "slide show" dos noivos, os cafés, as dores nos pés, os uísques e cognacs, os charutos, as dores nos pés, o bolo de noiva, o arremesso do bouquet, a valsa, as dores nos pés e finalmente o dancing.
Notou-se o trabalho do DJ de serviço na análise do seu público e consequente escolha da música: meia horinha de clássicos para a legião de sexa, septua e octogenários e depois um desfiar de clássicos dos 80's e 90's para o grosso dos convivas - como eu - que já não têm vinte aninhos.
E foi aqui que despertei para um grande clássico da minha juventude: aos primeiros acordes de "Hurts so good" (John Cougar Mellencamp), soltou-se o guitarrista imaginário que há em mim e pelo menos mais uns vinte dançarinos daquela sala. Olhos fechados e aí estava eu a tocar a guitarrada da minha vida. À minha cabeça assomaram as noites em que era o Angus Young dos AC/DC, o Slash dos Guns n'Roses ou o gajo dos Cult (neste caso particular acumulava as funções de guitarrista e vocalista). Sempre com aquele movimento de quem tem comichão na perna direita, muita corda parti eu nas pistas deste país. Nem campaínha de porta toco como deve ser, mas naquelas noites eu garanto-vos que era o melhor guitarrista do mundo. Depois, vieram "os martelos" e o guitarrista hibernou.
Foi só no táxi de regresso a casa que soube do resultado do F.C.Porto x Leixões. O que só veio reforçar uma convicção antiga: o Jesualdo Ferreira é um excelente guitarrista imaginário. Nas conferências de imprensa e nas entrevistas é um virtuoso que toca como ninguém. Quando lhe metem uma guitarra nas mãos é que é um problema.

Se ontem não se riram o suficiente, deixo-vos aqui outro Jesualdo:

4 comentários:

Homem da Luz disse...

AHAHAHAHA!

Até tinha um post para colocar, mas depois desta assitência do 7, acho que vou mas é meter a viola no saco.

Anônimo disse...

...e ainda dizem que dão nozes a quem não tem dentes!
[a propósito de Jesualdo Ferreira]

Anônimo disse...

ahahahah!
o guitarrista jesualdo deve estar com uma bela dor de dentes!

Anônimo disse...

Faz lembrar o Rui Patricio....

RexImperator