sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Solidariedade com Rui Costa

Foi com natural consternação que li na imprensa(?) desportiva desta manhã as últimas notícias acerca do actual dirigente benfiquista, Rui Costa. Nesta difícil fase da vida do ex-jogador, tenho que deixar de lado a rivalidade que nos separa e endereçar-lhe a ele e à família os mais sentidos votos de solidariedade.
Escreve o Pravda da nação benfiquista que Rui Costa será hoje cooptado. Ora eu sei bem o que custa ser cooptado, porque tenho uma tia-avó da parte da minha mãe que foi cooptada a uma anca no Hospital Particular, e levou uns bons seis meses a recuperar. Só em sessões de fisioterapia gastou-se para lá de uma fortuna.
Entretanto - porque estas coisas depois comentam-se - ouvi falar de um senhor que morava lá na minha zona que também foi cooptado, mas a um aneurisma cerebral. Parece que a coisa aí já não correu tão bem e depois de passar dois meses em coma derivado às complicações, acabou mesmo por falecer. Se calhar foi melhor assim do que ficar entrevadinho...
Mas o Rui Costa ainda é jovem, deve ter à sua disposição os melhores especialistas (se quiser até tem dinheiro para ser cooptado no estrangeiro), por isso acredito que se vai safar desta.
Força Rui!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Deus também peca

Senhor, Tu sabes como eu te adoro. Por isso, peço-Te que não ponhas agora em causa a minha devoção e a minha crença em Ti.
Lá em casa continuo a guardar religiosamente as sagradas relíquias, num altar em Tua honra: duas camisolas Tuas do Nápoles (equipamento principal e alternativo), outras duas do Boca Juniors, um porta-chaves, uma t-shirt com o Golo do Século estampado, um livro de fotos e uma garrafa de vinho Diego Armando Maradona (Cabernet Sauvignon Reserva de 2004) para abrir no dia em que regressarás aos relvados. Não foi ao terceiro dia? Eu espero o que for preciso.
Quando estavas hospitalizado, fraco e débil, fiz a peregrinação que todos os Teus devotos devem fazer ao menos uma vez na vida: visitei a Bombonera e o museu erigido em Tua honra. Vi o Teu Boca jogar em casa e não deixei de me emocionar com a quantidade de faixas com o Teu nome estampado. “Diego, estamos con vós”, dizia uma delas. Ainda hoje vejo e revejo em DVD os milagres que fizeste pelos relvados de todo o mundo. E num cofre guardo respeitosamente o bilhete desse Sporting x Nápoles, único momento em que Deus foi comprovadamente visto no nosso país. Aliás, continuo a lutar pela construção de um Santuário dedicado a Ti no lugar do velhinho Alvalade. E acredito que só por Te ter visto, merecia ser canonizado.
Mas também Tu caíste nas tentações terrenas. Ao não resistires ao convite para treinar a Tua paixão de sempre, aceitaste descer à Terra e misturares-Te connosco, comuns mortais. Abdicaste da Tua aura divina e da Tua intocabilidade. Agora, arriscas-Te a ser assobiado por hereges que não concordam com uma substituição. A ser apupado ao primeiro mau resultado. Além de que – ao que se sabe – Deus não dá “flash interviews”.
Quando isso acontecer, perdoa-os Senhor pois não sabem o que fazem.
Amen.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

E tudo o Bento levou

Em Lisboa, o dia está ventoso. Porém, em Alcochete está um furacão de alerta encarnado (e branco). Desaparecem do balneário leonino, jogadores uns atrás dos outros, como se fossem casas de palha. Quem entra no campo de treinos depara-se com um triste espectáculo: um relvado praticamente vazio, para além da equipa técnica e do Tiago a defender remates do Paulinho. O responsável por este desastre natural é o Furacão Bento - baptizado no último derby na Luz - que faz jogadores cair como se fossem moscas.
Ora, partindo do lema do SCP: “Só as moscas é que mudam”, gostava de vos convidar a imaginar qual será o próximo jogador a ser afastado do plantel, e porquê.
Eu dou o pontapé de partida:
O próximo jogador a ser afastado vai ser o Liedson. A razão será simples. Como o Bento já afirmou publicamente que não gostava de ver o brasileiro na Selecção Nacional, vai alegar de uma forma muito tranquila - apesar de alguma espuma que lhe poderá sair da boca - nada mais, nada menos, do que “excesso de estrangeiros no plantel”.

Certificado de Glorioso

Porquê esta falta de alegria?
O FCP perdeu, o que até já não é novidade nenhuma; o SCP, na senda da sua história, continua sem ganhar; o Cebola leva com pedras no carro e, pasmem-se, não são atiradas por benfiquistas mas sim portistas (finalmente encontro qualidades nestes bandidos) ; o Paulo Bento está a corroer o plantel do SCP e pode ser a primeira vez que um treinador de futebol é o cabecilha do mau ambiente no balneário, etc, etc.
Mas então porquê esta falta de alegria?
O Benfica ganhou um jogo emocionante e está à frente dos seus principais rivais; a PJ terá visto a roubalheira que o árbitro exibiu de Dragão ao peito e descobrimos que, ao contrário dos livros que li na infância, o Hulk voa - mas apenas na grande área. Quem joga com o FCP tem regras diferentes e os foras-de-jogo são como o Natal: é quando um homem quer. Por outro lado, mais um penalti escandaloso ficou por marcar a favor do Benfica. Do SCP sinceramente não sei porque não vi o jogo. Gosto demasiado de futebol para aguentar ver uma equipa de Paulo Bento a jogar.
Mas então porquê esta falta de alegria?
Primeiro porque o Benfica não vai à frente do campeonato, lugar que lhe é devido por mérito próprio e serviços prestados à nação. Depois, porque o Benfica só joga bem a paços (uma pequena maldade de origem fonética). Marca um golo, pensa que o trabalho já está feito e assume de imediato a postura do SCP quando joga com o Glorioso: retranca e autocarro estacionado em frente à baliza. Ora os benfiquistas sabem que isso dá mau resultado, basta analisar os resultados dos jogos entre Glorioso e SCP para ver que essa estratégia nunca trouxe alegria ao leões. Para quê então adoptar uma má táctica? Porquê tanta falta de atitude? Porquê não entrar com garra e mística desde o 1º até ao 90º minuto. É só horinha e meia por semana, quanto muito 3 horas por semana rapazes!
É por isso que estou triste. Porque ao contrario do FCP nós não gostamos de ganhar seja como for, isso não é para nós. Para nós, ganhar é jogar bem, mostrar a honra que é vestir a Gloriosa, dar asas à mística e honrar os melhores adeptos do mundo (já agora alguém podia mandar o speaker da Catedral recambiado para o Dragão? Raios partam o homem!).
É por isso que sinto esta falta de alegria.

Porém as razões fazem-me entender uma questão bastante importante: se lagartos e dragões estivessem na nossa posição, será que também sentiriam esta falta de alegria? Claro que não, estavam aos saltos a tentar gozar com quem lhes é desportivamente e humanamente superior: os benfiquistas.
É por isso que quem ainda tem dúvidas, está agora esclarecido e totalmente certificado. Nós somos o Glorioso.

domingo, 26 de outubro de 2008

O guitarrista imaginário

Antes de mais nada, que fique registado em acta que este post está a ser escrito às 13h00 de Domingo, ou seja, antes dos jogos que Benfica e Sporting disputam hoje à noite. Não me venham por isso acusar de fugir às responsabilidades no caso do meu clube saír da capital do móvel num belíssimo caixão de pinho com ferragens douradas, ok?
Pela primeira vez desde a fundação desta casa não falarei sobre os dois rivais lisboetas. Entendam estas linhas como aquelas idílicas três ou quatro horas de cessar-fogo que antecedem mais um morticínio num mercado de Bagdad. Os factos ocorridos na noite de ontem justificam plenamente esta minha opção pacifista e creio ter o amigo leitor do meu lado nesta insólita decisão. Lá mais para o fim perceberá porquê.
Pois ontem à noite estive num casamento. O enlace decorreu num belíssimo palacete da capital com a benção de São Pedro, que providenciou temperaturas sensacionais para a época. A refeição agradou e serviu sobretudo para me relembrar que já não tenho vinte aninhos: nessa época o jantar tinha como única função forrar o estômago para a quantidade hedionda de bebidas destiladas que aí viriam. Actualmente, um comprimido de Omeprazol cumpre essa função defensiva. Para prevenir não de 16 vodkas com limão, mas da hoje quase letal tábua de queijos. Esclarecedor. Como é esclarecedor passar a refeição a falar de hérnias, a sintomatologia de cada um e quais os maiores especialistas e os melhores hospitais na hora de avançar para a tão temida cirurgia. O percentil das criancinhas também é um tema recorrente. E pediatras. E escolas. E viroses, muitas viroses.
Seguiram-se mais ou menos por esta ordem: o "slide show" dos noivos, os cafés, as dores nos pés, os uísques e cognacs, os charutos, as dores nos pés, o bolo de noiva, o arremesso do bouquet, a valsa, as dores nos pés e finalmente o dancing.
Notou-se o trabalho do DJ de serviço na análise do seu público e consequente escolha da música: meia horinha de clássicos para a legião de sexa, septua e octogenários e depois um desfiar de clássicos dos 80's e 90's para o grosso dos convivas - como eu - que já não têm vinte aninhos.
E foi aqui que despertei para um grande clássico da minha juventude: aos primeiros acordes de "Hurts so good" (John Cougar Mellencamp), soltou-se o guitarrista imaginário que há em mim e pelo menos mais uns vinte dançarinos daquela sala. Olhos fechados e aí estava eu a tocar a guitarrada da minha vida. À minha cabeça assomaram as noites em que era o Angus Young dos AC/DC, o Slash dos Guns n'Roses ou o gajo dos Cult (neste caso particular acumulava as funções de guitarrista e vocalista). Sempre com aquele movimento de quem tem comichão na perna direita, muita corda parti eu nas pistas deste país. Nem campaínha de porta toco como deve ser, mas naquelas noites eu garanto-vos que era o melhor guitarrista do mundo. Depois, vieram "os martelos" e o guitarrista hibernou.
Foi só no táxi de regresso a casa que soube do resultado do F.C.Porto x Leixões. O que só veio reforçar uma convicção antiga: o Jesualdo Ferreira é um excelente guitarrista imaginário. Nas conferências de imprensa e nas entrevistas é um virtuoso que toca como ninguém. Quando lhe metem uma guitarra nas mãos é que é um problema.

Se ontem não se riram o suficiente, deixo-vos aqui outro Jesualdo:

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Profissão de risco

Há dias atrás conhecemos e divulgámos o drama de Luís Garcia, avançado do Espanhol de Barcelona que esteve perto de assinar pelo Benfica no passado defeso. Agora, saem a público as declarações de Carlos Marchena, que há umas épocas passou pelo clube uefeiro (aproveito para deixar aqui os parabéns pelo empate conquistado a ferros na noite de ontem). Desabafou o futebolista à imprensa da sua terra natal:
«Foi um momento muito complicado. Em 20 minutos, colocaram-me num avião, rumo a uma equipa para onde não queria ir. Enfiaram-me num gabinete com quatro pessoas e à meia-noite disseram-me claramente: ou vais para o Benfica ou o Sevilha desaparece.»
Declarações chocantes, sem dúvida. Já imaginamos o pobre Carlos amarrado a uma cadeira, bola de ténis na boca, revólver apontado à nuca, contrato sobre a mesa e Bic cristal na mão direita. Comparado com esta situação extrema, o sequestro de Ingrid Bettancourt pelas FARC é uma história da carochinha e a ETA um mero grupo de amigos aficionados da pirotecnia.
Mas a vida continua e há que aprender com as lições que nos vai dando. Por isso, daqui exorto o presidente do Sindicato dos Jogadores para que leve a cabo as diligências necessárias junto das autoridades competentes, no sentido de que a actividade de futebolista passe a ser considerada Profissão de Risco. Pode até nunca acontecer, mas o que é facto é que um jogador corre sempre o risco de um dia ir parar ao Benfica.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Silêncio que se vai cantar o hino

Como infelizmente o Benfica não pode jogar com o SCP todas as jornadas, de há dois jogos para cá que não sinto o glorioso sabor da vitória. É assim o futebol, nem tudo são facilidades. Veja-se o caso do Penafiel, equipa da 2ª divisão (quero que a Sagres, a Vitalis, a Carlsberg e o Millenium vão mas é patrocinar as fugas cobardes de Madail para o WC) é tacticamente melhor orientada que algumas equipas que jogam na Champions. Mais concretamente duas. Mais concretamente as portuguesas. Mais concretamente os corruptos inimputáveis e os seus fiéis servos Eunucos. É por isso que aconselho todos os portugueses que, tal como eu, gostam de bons jogos de bola a acompanharem somente os jogos das equipas estrangeiras na Champions e os das equipas portuguesas na Uefa. Veja-se o caso de ontem. Que delicioso paupérrimo jogo de futebol entre duas equipas dramaticamente péssimas. O FCP parecia que tinha o Paulo Bento como treinador, o Rui Patrício como guarda-redes, o meio de campo de Portugal com o jogo da Albânia e o Balboa como nº 10. Como se não bastasse ainda tive de ver o Seleccionador Nacional Sr. Queiroz sentado ao lado de Pinto Costa (dirigente suspenso 2 anos por corrupção). Nesse momento, só me veio uma expressão à cabeça que gostaria de dedicar aos dois personagens que ontem deram mais uma facada nas costas da ética e dignidade desportiva: “Mata - mata” (paz à alma de Felipão. Ouvimos Senhor.) Num jogo tão mal jogado como o de ontem no Dragão, só duas coisas me alegraram. Aquele golo no único remate à baliza feito pelo meu Dínamo - obra e graça do Espírito Santo, Nuno - e a substituição de Cebola aos 60m, debaixo de uma enorme assobiadela tanto pela pobre exibição como pelo balúrdio que pagaram e pagam por ele. E eu a pensar que o Balboa tinha sido o pior negócio do ano... mais uma vez, obrigado Cebola por fazeres essa malta chorar. E olha que admiro bem essa qualidade. Acredita que nem a justiça portuguesa nem a justiça europeia o conseguiram fazer. É verdadeiramente o grande justiceiro este Rodriguez.

Porém, para o jogo de hoje assumo o amor à pátria. Uno-me pela nação e marcho contra os canhões inimigos. Ergo os valores nacionais desta pátria amargurada pelas dificuldades económicas, mas com um povo honrado e trabalhador como o que temos a povoar o nosso território. Deixo as rivalidades do passado para trás e, patrioticamente, canto o hino. Convido os srs. leitores a fazerem o mesmo que eu. Cliquem neste link, levantem-se das cadeiras dos vossos escritórios, coloquem a mão ao coração e cantem orgulhosamente o nosso hino (ou então façam playback como o Deco).
Vamos à vitória rapazes!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Bem-vindo ao Ikea

Um tipo até pode ir fazendo como o Vukcevic e dizer que está com febre. Ou então como o David Luís e amputar um pé. Mas há um dia em que não dá para escapar. Sábado foi o dia.
Depois de mais de um ano a empurrar com a barriga (onde a troco de um punhado de euros me disponho a tatuar “Super Bock” ou "Cristal, agora em garrafa com abertura fácil"), fui intimado pela capitã de equipa lá de casa a de uma vez por todas ir comprar mobílias para o quarto. Destino: Ikea.
Maldita a hora. Se soubesse do tormento em que me estava a meter, tinha tirado o curso de marcenaria e fazia eu mesmo os meus armários. Tanto pinheirinho sem dono em Monsanto…
Como rapidamente percebi, quando não há jogo na Luz, a família benfiquista vai para o Ikea (hoje no Assim se fala em Bom Português: “o” Ikea ou “a” Ikea?). Famílias inteiras bloqueiam os corredores em formação “barreira de livre directo” num exasperante passo de procissão. As crianças urram e espojam-se pelo pavimento Kvist (€23,74/m2). As avós descansam das cruzes e arejam o furúnculo na poltrona Klappsta (€127,91). As mães gritam aos maridos “ó Ruben já te disse, arrecada-me o menino aqui prá minha beira!”, e os maridos com o olhar vazio, perdido, que a noite na tasca nunca mais chega, para ver o Feitiço de Amor na TVI e beber penalties - bem assinalados - de branco em copos Utsokt (€2,47 cada). Nos carrinhos, nada. Quanto muito, uma moldurinha Guld Alnarp (€4,94) para porem a foto de grupo daquele passeio a Alcobaça, Fátima, Leiria, Coimbra e Aveiro, tudo no mesmo dia. Prometiam uma salpicão e cinco litros de azeite no fim, mas acabaram numa sala de motel na Nacional Nº1 com uns senhores de gravata a tentarem vender-lhes colchões ortopédicos (seja lá o que isso for).
Como todos os sábados, a demora na fila da caixa dá direito a um vale de um cachorro e uma bebida. Vezes os cinco membros do agregado, menos os quase cinco éros da moldura e a semana está ganha. Azar o do avô que preferiu ficar a dormir e ler “A Bola” no Toyota Carina estacionado em segunda fila a caminho dos Cabos d’Ávila.
E eu ali, a tentar chegar à Secção Quarto como um muçulmano à Qaaba em pleno Hajj (esta é só para vos abrigar a ir ao Google). Por fim, depois de espezinhar uns quantos gaiatos e de levar uma série de cotoveladas brunalvianas, lá chego. Põe-se agora a pressão da escolha em pouco tempo “porque daqui a bocado temos almoço nos meus pais e já sabes como a minha mãe se enerva com as horas”. Quem nos mandou ficar a olhar para os móveis de televisão, se a televisão nem sequer trabalha? Linha Stolmen, Hopen, Aspelund, Kullen, Leksvik, Malm, Ramberg, Floro, Heimdal, Mammut ou Nykoping? Sei lá... Mas já repararam que este podia ser o onze de uma equipa da 3ª divisão sueca? De certeza que o estagiário que baptiza as várias linhas foi buscar os nomes aos maiores cepos lá da terra. E se o tipo tem parabólica, aposto que para o ano é lançada a linha de roupeiros Makukula (grátis na compra de dois cachorros).

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Eram dois coelhos...


...de uma contratação só.
Por esta hora eu já tinha reservas no voo para Joanesburgo e andava o Luís Filipe Vieira a fugir para a casa-de-banho da Luz antes do fim dos jogos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

1ª Peregrinação de bloggers à Senhora do Caravaggio


Isto já não vai lá de outra maneira.
Depois do rico espectáculo de ontem à noite, só nos resta apelar à Divina Providência e esperar o milagre.
O Impróprio segue o exemplo destes bons irmãos motards brasileiros (que na altura precisavam desesperadamente que o Caxias do Sul subisse à 3ª divisão estadual) e organiza a I Peregrinação de bloggers ao Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio.
Os autocarros contratados para o efeito saem de Lisboa no Sábado às 8h30 rumo a Sagres. Depois da paragem para almoço logo se vê como é que se atravessa o Atlântico.
A gerência do Impróprio leva um pé esquerdo do Hugo Almeida em cera para oferendar à Santinha. Também pensámos numas sobrancelhas do Cristiano Ronaldo, mas estão esgotadas.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ufff...

"Não foi um Verão tranquilo. Eu e a minha mulher queríamos ficar, mas sabia que o clube precisava de dinheiro. No final, a venda de Riera possibilitou a minha continuidade no clube. Respirámos todos de alívio."

Declarações do avançado do Espanhol de Barcelona Luís Garcia, que este Verão não acabou (literalmente) no Benfica por uma unha negra.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Tio Filipe, eu não sou seu sobrinho!

Aproveitando que o país e o mundo estavam a olhar para a crise financeira ou para o Crime do Padre Amaro a passar na SIC, Filipe Soares Franco dá 3 entrevistas 3 a jornais da nossa praça. Um económico, um desportivo e um generalista. Com este tridente noticioso, chegou simultaneamente a três importantes “targets”: os accionistas da SAD, os sócios e adeptos, e a malta que o viria a ler na casa de banho.
Das entrevistas sobressai um tema que atormenta o meu Presidente (deixa-te lá estar sossegadinho que ainda não é contigo, Aníbal): a notória quebra de público em Alvalade. Segundo ele, esta quebra deve-se sobretudo à crise. O facto do Sporting ter os bilhetes mais caros do país e da equipa ter vindo a jogar um futebol que deveria ser receitado a adeptos com insónia crónica não tem nada a ver. E aponta para o outro lado da 2ª Circular onde alegadamente o Benfica consegue encher o estádio, com crise ou sem ela, com futebol de qualidade mais que duvidosa e com zero títulos recentes para a troca.
Com inveja do rival e não reconhecendo a incompetência da sua direcção e suas estratégias de marketing, Soares Franco decidiu ir pelo pior caminho: tratar os sportinguistas como se fossem benfiquistas. E começou por instituír no léxico verdibranco a expressão “família sportinguista” que, como sabemos, não é mais que uma declinação barata da vermelhíssima “família benfiquista”. Como explicarei mais à frente, a usurpação desta expressão consuma um gravíssimo erro histórico. Já lá vamos.
Calculo que os próximos passos desta direcção sejam anunciar que temos equipa para ganhar a Champions, que temos o melhor plantel dos últimos onze anos e que o Tiuí é o novo Yazalde. Com estas cenouras lá vão enchendo a Luz. Fazê-lo em Alvalade seria subestimar gravemente a inteligência dos sportinguistas.
A intenção de Filipe Soares Franco ao falar numa tal de “família sportinguista” é louvável. Pensa ele que assim pode transmitir aos sócios e simpatizantes um sentimento de pertença, catalizador e capaz de unir as massas em torno de uma mesma causa. Mas para seu azar, esta denominação pouco ou nada diz aos sportinguistas. A sua utilização só pode ser reclamada pelos benfiquistas e só a eles lhes fala ao coração. Porquê? Porque como é do domínio público, o Benfica foi fundado na Farmácia Franco (ali para as bandas de Belém) por um grupo de casapianos, que assim encontraram no clube a família (cá está) que nunca tiveram.
Assim se percebe porque é que o termo “família sportinguista” não tem razão de ser. Para além do mais, família não se escolhe e está connosco para a vida. Bem sei que ainda tenho que levar com o retardado da fila de trás por mais 16 anos e isso é praticamente uma vida, mas jamais convidaria a criatura e seus insuportáveis filhos para trinchar o perú na noite de Consoada. E lá por ir às mesmas montarias aos javalis, exposições equestres na Comporta e leilões de faianças que Soares Franco (reza a lenda que é o que todos os sportinguistas fazem quando não estão a velejar no Mediterrâneo), não o queria para tio nem que o mundo estivesse a acabar. Apesar de saber do jeitaço que dá ter um tio com garrafa nos melhores bares...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O derby cantado

Digam-me que não sou só eu. Digam-me que também andam entediados, desanimados, sem tema de conversa, sem nada para ver na TV. Digam-me que também vos deprimem estas semanas em que o futebol pára por causa de um ou dois joguinhos da Selecção.
Sem bola deixa de haver tema de conversa. Pior ainda, só conversamos de coisas horríveis, desinteressantes e irrelevantes, tais como a crise financeira que ameaça reduzir a nossa economia a cinzas.
Sem bola um blogger não sabe como entreter as massas que entopem o servidor na ânsia de lerem novos posts.
Bastava ter havido um jogo qualquer a meio da semana para o país estar a falar de mais umas declarações explosivas do Vukcevic ou de como o Suazo é o novo Eusébio (o 37º novo Eusébio).
Mas - Deo gratias! - o derby é quando o Homem quiser (o ser humano em geral e o Homem da Luz em particular, logicamente).
Por isso, proponho aqui e agora um absolutamente inédito confronto Benfica vs Sporting.
Escolheu bola a tia de Quique Flores, Lola Flores de seu nome e consagrada cantante espanhola.
Escolheu campo Rita Redshoes, filha do treinador adjunto do Sporting Carlos Pereira, e estrela emergente no panorama pop nacional.
Ambas as duas artistas sobem ao relvado com argumentos de peso. Cabe ao leitor ouvir e decidir quem vence este derby cantado.




quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Sabedoria Popular

Todos sabemos que no que toca a dizeres, ninguém é mais sábio que o povo. Também sabemos, nem que seja por analogia, que o povo é na sua esmagadora maioria benfiquista. Mas então, se o povo sabe de dizeres, e aparentemente também percebe bastante de bola, porque é que o povo continua a ser povo? Boa pergunta rapaziada, mas confesso não saber responder. Fica no entanto registada, a sagacidade da pergunta do leitor. Outra questão sagaz, seria "O que é que aconteceu ontem?". Lá está, novamente o leitor demonstra a sagacidade que o caracteriza e, novamente, o escritor fica sem respostas. Talvez o povo (aqui a ilustrar o Benfica) se tenha esquecido da sabedoria que o faz dizer “Quem vai ao Mar, avia-se em terra.” Vai daí, encontrámos a melhor equipa com quem o Benfica jogou esta época e não estávamos preparados para isso.

O povo habitua-se a comer. Mais, o povo gosta de comer e mais ainda de beber. Mas às vezes, o povo esquece-se que após comer um Leão no espeto e uma Pizza Napolitana tamanho Familiar benfiquista, não pode entrar no Mar de barriguinha cheia. Se o fizer, e o Benfica fez, arrisca-se a sucumbir, naquilo a que o povo sabiamente chama de “morrer na praia”.

Felizmente para mim o povo tem, ao contrário de Paulo Bento, aquilo que os putos chamam de vidas infinitas. Sendo assim, o povo sabe que “se aprende com os erros”, para além de “estarmos sempre a aprender”.

A ver se os jogadores aproveitam o banho de mar de ontem – pessoalmente só levei com um balde e garanto-vos que a água em Matosinhos é gelada – para aprender uma lição em conjunto com o povo. Acredito que para eles também não seja nada agradável estar ao lado de uma equipa que joga tão mal como o SCP.

Talvez por não ser sábia, acho que o povo nunca disse esta. Mas eu que sou do povo (aqui a ilustrar o Benfica e o extracto bancário mais subnutrido que o Di Maria) e tenho pseudónimo de iluminado, vou arriscar dizer uma frase que ontem pode ter entrado para os provérbios populares de futebol:

“Quando o Mar bate na rocha, quem se lixa é o lampião.”

PS- Galatasaray, Olympiakos e Hertha de Berlim?! Eu diria que ao contrário do que injustamente se apregoa, este ano o meu Benfica está mesmo na Liga dos Campeões!

domingo, 5 de outubro de 2008

Mau demais


Mau futebol, mau treinador, mau relvado, maus resultados.
Agradecia à Direcção do meu Sporting Clube de Portugal que a partir de hoje passe a colocar um destes saquinhos no meu lugar.
É que muito sinceramente, começo a ficar enjoado.

sábado, 4 de outubro de 2008

Eu tenho dois amores


Aquilo que o Conselho de Arbitragem fez esta semana a Lucílio Baptista, não se faz. Nomear o árbitro para apitar o SCP-FCP é tão desumano quanto pedir a uma mãe para escolher entre dois filhos. É tão desumano quanto obrigar o Rochemback a optar entre doces ou salgados; tão desumano quanto perguntar a um sportinguista se prefere ouvir os assobios dos adeptos aos jogadores ou os assobios dos jogadores aos adeptos; tão desumano quanto fazer o João Moutinho e Miguel Veloso escolherem qual deles se irá transferir para o estrangeiro e qual o desgraçado que continua a ser treinado por Paulo Bento ou tão desumano quanto fazerem-me optar entre um tema interpretado por Maria José Valério ou Marco Paulo. Pensando bem, se calhar até não é assim tão difícil. Talvez por não ter a relação de amizade, carinho e protecção que Lucílio Baptista tem pelos dois clubes que vai arbitrar no domingo, a minha escolha torna-se mais fácil.
É por isso que o meu desejo para o resultado final do clássico é exactamente o oposto do de Lucílio Baptista. Por mim, perdiam os dois.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Operação Mãos Limpas


Ao contrário da maioria dos árbitros nacionais, eu não viajo tanto como gostaria. Uma das principais razões é porque, ao contrário da maioria dos árbitros portugueses, a Agência Cosmos nunca se enganou a imprimir um bilhete com meu nome. Ser árbitro em Portugal dá muito gozo (expressão actualizada com o novo acordo ortográfico) até porque cá na terrinha correr com um apito nos beiços parece que também dá milhas. Mas isto para chegar aonde? A Nápoles. Lá está, nunca fui mas gostava de ir. Sei que é a 3ª cidade italiana, que está situada em redor de uma baía, que tem pinturas de Deus nas ruas, que é onde vive a Camorra e que tem um enorme problema de recolha de lixo.


E foi precisamente neste último capítulo que ontem o Glorioso deu uma lição. Sobretudo nos últimos 45m, aquilo foi o que se chama uma limpeza. O Impróprio sabe inclusive que as autoridades Napolitanas já contactaram o Benfica para pedir o esquema táctico de Quique Flores, com o intuito de o aplicarem nas ruas da sua cidade. Se por acaso tiver oportunidade de ir a Napóles nos próximos meses (alô Oliveira escutas?) estou seguro que irei encontrar uma cidade que cheira bem, cheira a Sport Lisboa.

Ontem foi o regresso do grande Benfica Europeu que eu já não via há 2 épocas, desde o festival de bola em Anfield Road, onde esmagámos o Liverpool - na altura Campeão Europeu. Tal como nesse jogo histórico, ontem também gostei bastante de todos os jogadores do Benfica incluindo o Maxi, o Jorge Ribeiro, o Rubén Amorim e o Nuno Gomes. Mas houve um jogador que no final do jogo não me saía da cabeça. Estava sempre a pensar que se não fosse ele, nada do que vivemos ontem poderia ter acontecido. Curiosamente este tal jogador nem jogou ontem. Mais curioso ainda, é o facto de este jogador não ter jogado nenhum minuto esta época pelo Benfica, algo que nem nunca mais vai voltar a fazer na sua carreira. Este jogador do Benfica é na verdade um ex-jogador do Benfica. Se não fosse ele, nunca teríamos visto o Reyes marcar os dois golaços que marcou esta semana e abrir as portas do Inferno da Luz para duas Gloriosas vitórias.

É com uma chama imensa que lhe dedico esta vitória e que faço minhas as palavras de gratidão de toda a família benfiquista:

Muitíssimo obrigado por tudo Cristian Rodriguez.

No fio da navalha

Ontem ao fim da tarde arrisquei a minha vida.
Há quem diga que dentro de cada um de nós existe uma secreta atracção pela morte que nos faz experimentar sensações extremas, a roçar a insanidade. Dizem também que por serem experiências em que encaramos a divina gadanha olhos nos olhos, fazem-nos sentir mais vivos. Ontem calhou-me a mim.
Senti-me como o Le Pen numa festa de kuduro na Cova da Moura.
Senti-me como o Paulo Portas na Festa do Avante.
Senti-me como o Arafat na Sinagoga de Jerusalém.
Senti-me como o Bin Laden no jantar de Natal da CIA.
Sempre com a nítida sensação que a qualquer segundo podia ser desmascarado, linchado, feito em picadinho e processado em hamburgueres para ser deglutido ali mesmo pelas hordas ululantes, com uma imperial morna a empurrar.
Dei um saltinho às roulotes junto ao Estádio da Luz para me juntar à vaga de fundo de sócios e simpatizantes do Impróprio (facção Homem da Luz) que lá combinaram encontrar-se. Reencontrei o meu sócio aqui na casa, conheci o Galaad, o Grandemestre, o RedNinos e o Xinfrim e verifiquei com agrado que o Bond tinha estacionado bem longe o Scania com que ameaçou atropelar-me (a verdade é que já apresentava um grau alcoólico que o incapacitava até de conduzir um carrinho de pedais).
Bebi umas quantas cervejas que tiveram a gentileza de me oferecer (exigindo sempre que alguém as provasse antes de eu beber) e minutos antes do apito inicial, voltei a casa gratuitamente ébrio. Feliz por estar vivo, percebi o que sente o Victor Hugo Cardinali cada vez que sai da jaula dos tigres (aqui, não usei "leões" por uma questão de respeito).
Só há uma coisa aqui que me está a deixar realmente preocupado... Será que dei sorte? Bolas, prefiro acreditar que não.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O losango



Ontem fui um dos espectadores que... zzzzzzz....foi a Alvalade... zzzzzz....assistir... zzzzzzz......ao Sporting x Basileia.... zzzzzzz. Aproveitei um dos momentos em que... zzzzzzzz....não estava a dormir..... zzzzzz....para tirar esta foto.... zzzzz...que agora aqui publico... zzzzzzzzzzz.

Canal História

Estreia hoje em algumas poucas televisões portuguesas o tão ansiado Canal Benfica, que emitirá a partir da posição 30 da grelha (o Impróprio apurou que os responsáveis da estação quiseram a posição 77, correspondente à posição actual no ranking de clubes, mas a Baby TV não cedeu). A emissão inaugural será marcada pela transmissão em directo da partida entre Benfica e Nápoles, a contar para a vetusta Taça UEFA. Esta escolha faz todo o sentido, e desde já gostaria de aplaudir o trabalho desenvolvido pelo Director de Programação do canal. Propositadamente ou não, o facto é que escolheu para o debute uma partida entre dois clubes tão semelhantes que, se fossem cidades, poderiam geminar-se. Benfica e Nápoles têm em comum o facto de serem duas velhas glórias do futebol mundial, que depois de terem conhecido tempos de prosperidade, vivem agora anos de notória decadência (prova disso mesmo é o facto de estarem a disputar a Taça UEFA). Voltando à analogia das cidades, são uma espécie de Conímbriga e Pompeia dos clubes.
Analisemos então com mais detalhe o que une estas velhas senhoras:

  • Foi há muito, muito tempo atrás que os dois clubes tiveram os seus anos de ouro. A década de 60 do século passado no caso dos encarnados e a década de 80 no caso dos transalpinos (transalpinos…magiares…gauleses…onde andas tu, Rui Tovar?).
  • Adeptos de Benfica e Nápoles idolatram uma velha glória como o antigo rei judaico Jeroboão idolatrava o Bezerro de Ouro. Eusébio e Maradona, respectivamente.
  • Dirigentes de um e outro clube estiveram envolvidos em falcatruas de vária ordem. Os resultados são do conhecimento público: depois de uma temporada no Linhó, João Vale e Azevedo está em Londres a ver se escapa a uma deportação. Veiga está em parte incerta. O Nápoles desceu à terceira divisão.
  • Os adeptos destes clubes têm uma marcada tendência para a desordem e o distúrbio. Não preciso de vos recordar nem o recente episódio com o Estrangulador da Luz nem o resultado da visita dos tiffosi napolitanos a Roma há umas semanas atrás.
  • A “mão de Vata” e a “Mão de Deus” (ok, esta foi pela selecção argentina, mas para o efeito também serve).

Não se admire portanto, se muito boa família julgar hoje estar a assistir não a uma eliminatória da Taça UEFA, mas a mais um documentário do Canal História.