Ontem à noite no Inferno da Luz presenciei a um dos melhores jogos que vi na vida. O Benfica dominou e controlou o jogo frente à actual campeã europeia e ao (verdadeiro) melhor jogador do mundo. Uma exibição à Benfica, com garra, inteligência, futebol bonito, chama imensa e, claro, golos falhados ao pontapé. Nos primeiros 20m entrámos com demasiado respeito pelo adversário, mas após o golo de Pirlo comecei a sentir-me de tal maneira enganado que até vou apresentar uma queixa à Uefa, pois também paguei bilhete para ver o AC Milan jogar e durante 70m só deu Benfica!
Na 2ª parte parecia que os italianos estavam a jogar em 8-1-1, com um contra-ataque venenoso é certo, mas sempre na iminência de sofrerem o 2º, o 3º e 4º golo que por acaso e azar nunca aconteceram. Em Portugal não são todas as equipas – na realidade, eu sei que é só o Benfica mas o desportivismo tem destas gentilezas – que poderiam jogar assim com o actual vencedor da Liga de Campeões, transformando uma equipa de campeões numa vulgar uma equipa de bambinos. De toda a partida, há dois momentos em particular que nunca irei esquecer: o 1º é obviamente o golão (cá está outra coisa que nos diferencia dos que dizem golaço) do Super-Maxi; o 2º é o momento em que pensei que o mundo ia terminar e vi o Apocalipse à minha frente. Foi aos 72m que aconteceu aquilo que Nostradamus já tinha previsto: um surúrú entre os temíveis Petit e Gattuso! Ora como se sabe, o choque de duas placas tectónicas desta dimensão e força, provocaria um cataclismo em todo o planeta e, muito provavelmente, a extinção de toda a Humanidade. Mas até nisto o jogo foi soberbo, apercebendo-se da tragédia que estava iminente, os dois jogadores refriaram as suas intenções e, para total delírio das bancadas, abraçaram-se. Caro leiror, ver estes dois homens a abraçarem-se é uma surpresa tão grande como dobrar uma esquina e ver o Myke Tyson e o Hulk Hogan a jogarem ao elástico no passeio, vestidos com a farda do Colégio Ramalhão.
Já na noite anterior, tínhamos visto uma equipa mais perdida que o pequeno Bambi, a ser sufocada pelo Manchester. No Teatro dos Sonhos, viu-se mais um Acto da novela luso-brasileira "Pesadelos”, relato do terror que são as noites europeias dos sportinguistas. E no final, após 45m de tortura futebolística dos reds, em vez de aproveitarem para aprenderem qualquer coisa de futebol (e que concerteza lhes seria muitíssimo útil), queixam-se de um golo mal anulado ao Liedson (cá está outra coisa que nos diferencia porque também anularam um golo limpo ao Nuno Gomes, mas a malta não tem feitio para se andar sempre a queixar). Mas amigos, não me entendam mal, se há coisa que eu sei é que não vale a pena dar demasiada importância a algumas atitudes dos sportinguistas. Como ficou provado na 3ª feira, estas coisas quando acontecem ou são sem querer, como foi o golo do Abel, ou então são birras de bébé até lhe darem o biberon, como foram as palavras de Soares Franco.
Uma coisa é certa, a partir da próxima semana tanto benfiquistas como sportinguistas já podem dizer: Era uma vez a Liga dos Campeões...
Mas antes disso, nós ainda temos um Clássico para ganhar, o jogo com os nossos únicos e verdadeiros adversários.
Um Panegírico da Argentina
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