Um tipo até pode ir fazendo como o Vukcevic e dizer que está com febre. Ou então como o David Luís e amputar um pé. Mas há um dia em que não dá para escapar. Sábado foi o dia.
Depois de mais de um ano a empurrar com a barriga (onde a troco de um punhado de euros me disponho a tatuar “Super Bock” ou "Cristal, agora em garrafa com abertura fácil"), fui intimado pela capitã de equipa lá de casa a de uma vez por todas ir comprar mobílias para o quarto. Destino: Ikea.
Maldita a hora. Se soubesse do tormento em que me estava a meter, tinha tirado o curso de marcenaria e fazia eu mesmo os meus armários. Tanto pinheirinho sem dono em Monsanto…
Como rapidamente percebi, quando não há jogo na Luz, a família benfiquista vai para o Ikea (hoje no Assim se fala em Bom Português: “o” Ikea ou “a” Ikea?). Famílias inteiras bloqueiam os corredores em formação “barreira de livre directo” num exasperante passo de procissão. As crianças urram e espojam-se pelo pavimento Kvist (€23,74/m2). As avós descansam das cruzes e arejam o furúnculo na poltrona Klappsta (€127,91). As mães gritam aos maridos “ó Ruben já te disse, arrecada-me o menino aqui prá minha beira!”, e os maridos com o olhar vazio, perdido, que a noite na tasca nunca mais chega, para ver o Feitiço de Amor na TVI e beber penalties - bem assinalados - de branco em copos Utsokt (€2,47 cada). Nos carrinhos, nada. Quanto muito, uma moldurinha Guld Alnarp (€4,94) para porem a foto de grupo daquele passeio a Alcobaça, Fátima, Leiria, Coimbra e Aveiro, tudo no mesmo dia. Prometiam uma salpicão e cinco litros de azeite no fim, mas acabaram numa sala de motel na Nacional Nº1 com uns senhores de gravata a tentarem vender-lhes colchões ortopédicos (seja lá o que isso for).
Como todos os sábados, a demora na fila da caixa dá direito a um vale de um cachorro e uma bebida. Vezes os cinco membros do agregado, menos os quase cinco éros da moldura e a semana está ganha. Azar o do avô que preferiu ficar a dormir e ler “A Bola” no Toyota Carina estacionado em segunda fila a caminho dos Cabos d’Ávila.
E eu ali, a tentar chegar à Secção Quarto como um muçulmano à Qaaba em pleno Hajj (esta é só para vos abrigar a ir ao Google). Por fim, depois de espezinhar uns quantos gaiatos e de levar uma série de cotoveladas brunalvianas, lá chego. Põe-se agora a pressão da escolha em pouco tempo “porque daqui a bocado temos almoço nos meus pais e já sabes como a minha mãe se enerva com as horas”. Quem nos mandou ficar a olhar para os móveis de televisão, se a televisão nem sequer trabalha? Linha Stolmen, Hopen, Aspelund, Kullen, Leksvik, Malm, Ramberg, Floro, Heimdal, Mammut ou Nykoping? Sei lá... Mas já repararam que este podia ser o onze de uma equipa da 3ª divisão sueca? De certeza que o estagiário que baptiza as várias linhas foi buscar os nomes aos maiores cepos lá da terra. E se o tipo tem parabólica, aposto que para o ano é lançada a linha de roupeiros Makukula (grátis na compra de dois cachorros).
Um Panegírico da Argentina
Há um ano
12 comentários:
Nada como a Gloriosa linha do passado: Thern, Schwarz. Stromberg e Magnusson. Isso sim, verdadeira qualidade nórdica.
Esse Makukula é um produto de Paços de Ferreira com defeito, comprado a um preço absurdo numa loja duvidosa no Funchal...
7,
então mas aquele móvel que lá tinhas antes? Estragou-se?
Era linha Farnerud não era?
Se tens tanta aversão ao Ikea esperavas mais 1 semana que o teu scp vai a Paços de Ferreira e costuma sair de lá com a mobilia de quarto, sala e jardim completa.
prefiro o modelo Binya...é mais robusto...
E o modelo Pringle, lembram-se?
2 cachorros? Sobreavaliado,7... sobreavaliado.
Abraço Leonino!
Ouviram o YMCA a tocar durante os penaltys na Luz? Foi ou não foi uma bonita forma de chamar rotos aqueles jogadores?
e eu???
eu ouvi foi o YMCA enquanto os lagartos (sozinhos) aqueciam na luz.
Caro 7 (só podes ter sido tu), desde já expresso o meu humilde contentamento por ver o Óculo linkado aqui no fantástico Impróprio.
Um grande abraço à queima-roupa!
Não me agradeças a mim, caro Fantasma. Agradece ao nosso Departamento de Investigação e Desenvolvimento Online, que são quem trata disso.
Sim, porque aqui no Impróprio trabalham para cima de 45 pessoas (fora os tarefeiros a recibo e o catering, que subcontratamos).
Abraço à Panenka.
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