quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O campino gaúcho

Confesso que nutro uma especial simpatia pelo Flávio Murtosa. Para começar, não sei se sabem mas o apelido Murtosa deve-se ao facto do seu bisavô ter emigrado para o Brasil oriundo desta terra, algures em Aveiro. Mas esta não é seguramente a única costela portuguesa de Murtosa. Por exemplo, aquele monumental bigode, ao melhor estilo dos bigodes da Beira-Alta, é um muito maior hino a Portugal do que aquele que os Lobos uivaram no Mundial de Rugby. Depois a sua pequena estatura, outro dos códigos genéticos nacionais e que justifica o claim de “pequenos mas tesos” que durante séculos os espanhóis sofreram na pele. Quando vi o Murtosa a saltar do banco aos 3m da 2ª parte, correr e apanhar uma bola para mais rapidamente os nossos jogadores a reporem dentro das 4 linhas, gostei muito, porque normalmente os treinadores só fazem isto a 3m do final. Mostrou que também é teso.
Já o seu sorriso é o de um bom português: simpático, humilde e verdadeiro, exactamente o oposto do Sr. Eng. (ou talvez não) Sócrates que tem um sorriso mais amarelo que uma fotografia de família do Yu Dabao.
Depois não há dúvidas, pelo menos para mim, que o Mister Murtosa tem sangue Ribatejano a cavalgar-lhe as veias. Uma pessoa olha para ele e é inevitável imaginá-lo vestido de campino. Está a imaginar? É ou não é um verdadeiro campino ribatejano? Parece que já estou a ver este pequeno D’Artagnan das Lezírias a galopar por aqueles campos fora, a picar toiros azeris e cazaques, acompanhado pelos seus 3 mosqueteiros de puro sangue lusitano: Deco, Pepe e, claro, o Makukula.
Creio que há também muito sangue Alentejano a correr nas suas veias, o que a ser verdade não estará a correr, mas sim a circular pausada e calmamente. Acredito que o Murtosa também é um pouco alentejano porque quando o filmaram no banco de Portugal, pareceu-me que ele estava ali com um sentimento de pertença que só tinha visto naqueles velhotes alentejanos que estão sentados nos bancos das suas terras. Havia ali qualquer coisa que dizia: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”.
Há também algo tradicionalmente Tuga em Flávio Murtosa. Quando Makukula faz o 1º golo o Mister é o 1º a saltar do banco a festejar, no que me pareceu ser um novo estilo folclórico que mistura 2 ou 3 passinhos do bailinho da madeira com o exigente corridinho algarvio. Absolutamente notável e aplaudível!
Creio que se tivesse sido o Murtosa a dar o soco ao sérvio, obviamente não tinha falhado e o castigo tinha sido uns 330 jogos de suspensão. Ao contrario do Scolari que soca como um transexual, de certeza que o Murtosa soca como um transmontano.
Baseado no que Fernando Pessoa escreveu sobre o profeta Bandarra, o Mourinho da Restauração de 1640, despeço-me fazendo esta pequena ode ao nosso conquistador do apuramento para o Europeu:
Se o Scolari diz que é português, então o Murtosa já pode dizer que é Portugal.

5 comentários:

Virgílio disse...

Ora porra! Nem uma palavrinha dedicada ao Sporten! Nem parece o Homem da Luz...

Chatice, lá se foi o contraditório...

Cumprimentos.

jimbras disse...

Mas se é por causa disso, fala-se dos lampiões.
Quero endereçar os meus parabéns aos jogadores do SLB que representaram a selecção no Cazaquistão :)
SL

Anônimo disse...

pois, as pérolas e diamantes que vieram do Seixal...

Anônimo disse...

excelente post!! muito bem escrito e bem humorado, nada que lagartos aziados e indegestos entendam mas... parabéns!
(quer dizer, se fossem 7's a escrever, até se vinham de excitação, verdade? nada que surpreenda...)

Anônimo disse...

LOL
ahahahahahah
uma ODE ao BIGODE!!